Digestivo nº 58 | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

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Terça-feira, 27/11/2001
Digestivo nº 58
Julio Daio Borges
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+ 9 Comentário(s)




Imprensa >>> Rebeldes sem causa
Um dos aspectos mais notáveis de todo o quipróquo em torno da apresentadora Soninha – a que fumou, tragou e declarou – foi a perda da hegemonia de Veja para Época (não à toa sob a recente direção de Paulo Moreira Leite). Como dizem os gurus da administração moderna, vivemos uma intensa troca de paradigmas: aos domingos, a Rede Globo pelo SBT; no dia-a-dia, o jornalismo pelo “reality show”; a longo prazo, os valores estabelecidos pelo espírito de Macunaíma – o herói sem caráter – que irrompe no Brasil, de tempos em tempos. Lógico que é importante questionar as leis vigentes – ainda mais se essas não representam a sociedade que supostamente regem (quase regra no nosso País) –, mas a contestação pela contestação é coisa de adolescente, é aquela herança irredutível dos altamente idealizados anos 60. Approposito: é interessante observar como tantas pessoas – inteligentes – insistem em defender o que comprovadamente não presta. As drogas, por exemplo. Afora qualquer apologia ou patrulhamento, falando agora como “gente grande”, cientificamente se quiserem: alguém aponte algum benefício real que tenha conseguido obter a partir delas (as drogas). Ou então: algum uso – inerente a elas e só a elas – que justifique o seu consumo “socialmente”. A televisão, outro exemplo. Afirmam os sofistas: “Imagine, a ‘TV’ é puro entretenimento, não foi feita para ser levada a sério”. Numa nação continental, em que o voto é obrigatório até para os analfabetos, como tanta gente ainda insiste em subestimar o poder hipnótico da tevê? (Provavelmente superestimando a “força” da imprensa.) Francamente: numa terra governada pelo ibope, pela audiência, pela massa, pelo volume, como podem assistir às palhaçadas do filho do Senador e da Prefeita e achar que a vida segue normalmente? “Ah, mas no Primeiro Mundo é igual.” Igual, uma ova. Tirando a Itália e os Estados Unidos (vá lá), que outro país elege seus representantes exclusivamente por sua performance na “TV”? Pois é. Uma coisa é ser condescendente. Outra – bem diferente – é ir contra o “senso comum”, pelo simples prazer infantil da polêmica. [Comente esta Nota]
>>> O imbecil juvenil
 



Música >>> Te ganhar ou perder sem engano
O álbum laranja de Zizi Possi passou desapercebido pela imprensa e pela crítica especializada. Malgrado o pendor italiano (que há muitos incomoda), a cantora vem se consagrando como uma das grandes intérpretes brasileiras da atualidade. Para aqueles que estavam cansados de suas incursões por “Terra Nostra”, Bossa (apesar do título desgastado) chega como um antídoto à internacionalização. Sua intenção primordial é homenagear alguns grandes compositores de MPB, em ritmo de João Gilberto, mas amparada por uma produção instrumental digna das incursões anteriores (em italiano). Alcança, portanto, boas versões de Preciso Dizer Que Te Amo (Cazuza), Qualquer Hora (João Linhares), Capim (Djavan) e até a exaustivamente revisitada Caminhos Cruzados (Tom Jobim e Newton Mendonça). O cuidado excessivo das cordas e da voz aveludada, no entanto, resultam em visões açucaradas de Yesterday (a mais tocada do mundo), Sabrás Que Te Quiero (abolerada, sugerindo um próximo CD em espanhol?) e Eu Só Sei Amar Assim (quase um hino “teen” de Herbert Vianna). Zizi Possi atingiu a maturidade que lhe permite amarrar temas cujo único ponto em comum é a sua vontade de interpretá-los. Acontece que a autoconfiança também conduz grandes artistas a grandes enganos. “Bossa” equilibra-se delicadamente entre a originalidade de um ponto-de-vista novo e a mesmice de um irresistível clichê. O encarte preza o tom solene, com a prima-dona em trajes de femme fatale. Transpira um ar de lassidão e desprendimento que não combinam com a profissional detalhista, estruturando projetos e shows com o toque final do irmão talentoso, José Possi Neto. “Bossa”, em resumo, não é o esperado retorno ao Brasil. Nem a resposta definitiva ao cancioneiro latino. Logo logo, Zizi Possi vai ter de optar. [Comente esta Nota]
>>> Zizi Possi
 



Literatura >>> Resgatar o silêncio é o papel dos objetos
Alberto Manguel, o homem d’A História da Leitura, voltou às livrarias com Lendo Imagens. O primeiro causou furor nos meios ditos “intelectuais”, mas não passava de bem costuradas citações sobre os livros e os hábitos de quem convive com eles. Sabiamente, Manguel, esse argentino fã de Borges, vende embalagens. Agora, novamente. E escolheu um tema ainda mais apelativo: a convivência pós-século XX com imagens (que, dizem, valem mais que mil palavras). Camille Paglia, em Personas Sexuais, costumava relacionar a era atual com a do Egito Antigo. Em ambas, segundo ela, havia a primazia do “olho” e do sentido de visão. Alberto Manguel, no entanto, não vai assim tão longe: divide sua obra em capítulos e procura compor “ensaios leves” sobre artistas (pintores, escultores, arquitetos e fotógrafos) que admira. Às vezes, se perde em digressões, às vezes, acerta e entretém o leitor com uma prosa agradável. Esses são o casos, por exemplo, dos textos sobre Picasso, Aleijadinho e Joan Mitchell. É um estilo que faz sucesso hoje em dia: a agilidade jornalística misturada a uma erudição de superfície, que impressiona mas que não vai além disso. Esperava-se que Manguel, digamos, ensinasse ou descrevesse ou estudasse um método qualquer de se ler imagens. É verdade que ele destrincha quadros, esculturas e fotos, porém, não estabelece um “procedimento” – perdendo-se nos meandros do subjetivismo puro. As grandes questões continuam irrespondidas. Num tempo em que se consome tanta propaganda e tanta televisão, por quê a Arte foi praticamente abandonada? Os grandes nomes morreram ou o futuro será apenas de andy warhols com estardalhaços de 15 minutos? Com a morte da História o que se fará dos grandes museus, que exigem verbas milionárias, dependendo da boa vontade de déspotas cada dia menos esclarecidos? Enquanto isso, homens que deram o tom de toda uma época ficam à espera de um momento nosso de maior iluminação. A Arte parece longa demais para os instantâneos da vida. [Comente esta Nota]
>>> A Imagem como Narrativa
 



Gastronomia >>> O Conselheiro também come (e bebe)
Ruggero Fasano. Esse sobrenome, em São Paulo, é quase uma grife em termos de gastronomia. E por falar nisso, Fasano está “assinando” o novíssimo Forneria San Paolo, com um mês e meio de existência. Jantares e fins-de-semana lotados – à noite com uma hora de espera –, de segunda a segunda-feira. Esse é o retrato do sucesso do atual empreendimento. Para escapar da elevada procura, o maître sugere que se almoce (em dia de semana) ou que se chegue antes das 7 (leia-se 19 hrs.). Ele confessa que mora perto da rua Amauri, onde está o “Forneria”, para acompanhar o movimento, que segue até às 4 hrs. da manhã diariamente. Aliás, a partir da meia-noite, é possível escolher um “cardápio musical”, bastando para isso solicitar a lista de hits, montar a seleção e encaminhá-la para o DJ de plantão. Há basicamente um repertório de pop-rock: vai de Eric Clapton a Yes, passando por Madonna, Bee Gees e Police. O nosso homem conta que a intenção inicial de Rogério Fasano era montar uma pizzaria. E observando: o balcão longilíneo; a divisão entre os que servem e os que preparam os pratos; mais o branco, a madeira e o aparente despojamento – evocam inequivocamente uma pizzaria. Fasano, no entanto, decidiu desafiar a preferência paulistana, inovando. Montou uma gama de sanduíches, mas com massa de pizza. São o que ele chama de “Panini alla Forneria” e “Panini alla Napoli”. Os ingredientes são geralmente tomate, um tipo de queijo, um tipo de carne ou verdura. Os formatos são de baguete ou de pão sírio. Para os tradicionalistas, o “clássico” (tomate, mozarela e manjericão) ou o “pomodori” (tomate cereja, mozarela e rúcula). Para os inventivos, o “vegetariana” (berinjela, abobrinha, shitake e mozarela) ou o “carciofi” (alcachofra, mozarela e presunto de parma). Ainda assim, há pizzas (duas opções), saladas (quatro) e massas (cinco). A sobremesa inevitavelmente deve ser a banana ao forno: caramelada, assada, com sorvete de canela (uma variação do consagrado tema). O preço? Bem, lembre-se de que você está no Fasano. Independentemente de quanto custe, um dia vai chegar a sua hora de conhecer. E você vai pagar sem reclamar. [Comente esta Nota]
>>> Forneria San Paolo - Rua Amauri, 319 - Tel. 3078-0099
 



Cinema >>> Obrigado por desconfiar de mim
Mater Dei é o novo filme dos Irmãos Mainardi. Não adianta muito vê-lo tendo em vista o colunista de Veja, Diogo Mainardi. Com um talento inegável para o articulismo e para a literatura, por quê se meter em cinema? É o que ficamos nos perguntando depois de sair da sala de um desses multiplex. Não que o longa seja ruim. Acontece que não chega a produzir nem um décimo do efeito de um livro ou coluna mais inspirada do escritor-cineasta. Deixando de lado as comparações entre a sétima e as demais artes, constata-se que Mater Dei é um filme bem feito, tecnicamente razoável. Surpreendente até, se for considerado o fato de que foi totalmente financiado por pessoas físicas, nenhuma empresa privada ou estatal. Conta a história dos próprios Irmãos Mainardi que, atrás de um patrocinador, acabam se metendo numa disputa de poder entre um juiz e um empresário. Em meio a mortos e feridos, sobra a mulher do último, que, grávida, deve sacrificar seu filho para apaziguar os ânimos do primeiro. Ela é Carolina Ferraz, que não aceita os termos do pacto sangrento e que, para proteger seu bebê, foge para a casa dos Irmãos Mainardi. Mater Dei se desenvolve a partir dessa confusão. Bem no estilo do Polígono das Secas (livro de Diogo), o filme é interrompido algumas vezes para inserir considerações sobre o próprio, usando de metalinguagem. Nesse aspecto, lembra os experimentos de Godard, limitando o envolvimento do espectador com a trama. Rompe com o esquema maniqueísta tradicional, ao mostrar que as vítimas (os Irmãos Mainardi) não são muito melhores que os seus algozes (o juiz e o empresário). Ou seja: os oprimidos julgam-se moralmente superiores, dada a sua condição, mas basta uma oportunidade para que se revelem tão desprezíveis quanto os seus opressores. É o tal adágio rodriguiano: o brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte. Uma conclusão interessante, mas Mater Dei poderia chegar ao mesmo resultado sendo menos caricato e mais sutil. De tão violento e agressivo, vai certamente espantar o público pagante. Por mais que posem de céticos e cínicos, acredita-se que Diogo e Vinícius não queiram fracassar desta vez. [Comente esta Nota]
>>> Mater Dei
 
>>> DIGA O SEU NOME E A CIDADE DE ONDE ESTÁ FALANDO
Alexandre Frota, de São Paulo: “Tô cansado quarto. Tô cansado da trocação de idéia. Tô cansado de tudo.”
 
Julio Daio Borges
Editor
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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
26/11/2001
11h20min
Julio, Muito tenho lido e escutado, e é minha opinião pessoal também, que a arte está morta, sufocada por esta banalização da imagem cada vez mais presente nos museus e galerias, cujo expoente mais absurdo são as tais "Instalações". E, também, pela falta de “paladar” que o Homem contemporâneo tem pelo que é verdadeiramente belo (O belo pode dar trabalho para entender, pode exigir tempo e pensamento). Mas tenho uma esperança: Talvez, como vc mesmo diz no seu texto, a verdadeira arte seja mesmo longa demais para os instantâneos que tiramos da vida. Talvez, daqui a um longo tempo, os humanos sobreviventes, se existirem, vão descobrir o que realmente se fez de Arte na nossa época. Talvez os verdadeiros Artistas estejam escondidos por aí e nós não os vemos por causa da nossa miopia/hipermetropia. Talvez,não devamos nos afobar. Beijos, Ana
[Leia outros Comentários de Ana Veras]
29/11/2001
02h09min
Durante alguns anos trabalhei como critico de TV. Graças a Deus, hoje estou longe desta merda. Entretanto, por mas que eu tente me afastar deste assunto, continuo tendo de suportar declarações idiotas sobre este tema. A TV brasileira possuí um nível sofrível, mas a crítica encontra-se em situação muito pior. Pois bem, eu tenho a seguinte posição sobre esse tema: acho a TV brasileira deveria produzir mais programas educativos. Bons programas educativos, e não aquelas porcarias exibidas na TV Cultura ou no Canal Futura. Sempre defendi a exibição de produções européias, japonesas ou norte-americanas, com poderia até ocupar horário nobre, de uma emissora que não estivesse na disputa pela liderança. Por sinal, sou viciado neste tipo de programação, e seria muito bom se os canais abertos oferecessem essa tipo de atração. Entretanto, eu nunca usei isso como desculpa para dizer que tal programa não presta, que a emissora deveria apresentar alguma coisa der educativo no horário e blá-blá-blá. Com o tempo, aprendi que jornalistas adotam este discurso, na verdade revelam uma incapacidade de compreender corretamente o assunto. Por sinal, a única motivação deste críticos é esculhambar o programa exibido pela emissora. Infelizmente, a grande maioria dos nossos jornalistas desconhecem o papel da televisão em nossa sociedade, apenas repetem o mesmo discurso, conservador e reacionário. É uma prova de sua mediocridade. TV não é fundamentalmente um meio de entretenimento? Uma pessoa que afirma tal bobagem deveria buscar se informar melhor a realidade em que vive a nossa sociedade. É muito fácil para Rodrigo, cara formado pela PUC do RJ, ir até o clube da moda para se divertir. Na quarta-feira, ele vai até o cinema do Shopping, desfrutar de um filme de "qualidade" (na Europa era considerado uma bosta)... Na saída ela pode comprar o último sucesso daquela escritora lésbica e o DVD com a apresentação daquele famoso grupo de jazz(na verdade, um grupelho fracassado, sem qualquer criatividade, mas se é jazz, é bom). Isso sim, é entretenimento. TV NÃO! A TV deveria ser usado para educar (programar) o Zé Povinho, aquele que só possuí o primeiro grau. Zé Povinho não precisa de entretenimento, futebol do fim-de-semana já basta. A esposa de Zé Povinho precisa de uma ótima educação, para saber que a mulher de hoje deve ser uma trabalhadora consciente de suas obrigações. Os filhos de Zé Povinho precisam receber uma ótima educação, para um dia serem verdadeiros operários, dóceis e dedicados, com assim exige a nossa sociedade. E como a escola pública está sempre paralisada por alguma greve, esta missão passa a ser da TV. Dona Maria perde tempo vendo novela, as crianças ficam com a mente perturbada com Ratinho. E Zé Povinho, totalmente iludido com a tal Casa dos Artistas.Assim, os meninos ficarão revoltados, a mulher vai quere uma vida melhor e Zé Povinho vai acreditar que o ser humano deve lutar pela felicidade. "Gente, nós temos que formar cidadãos, não é com esta porcaria exibida na televisão que iremos formar cidadãos" . Precisamos de operários, pessoas preparadas para produzir, que aceitem o sistema como ele é, que atendam as expectativas, o operário-padrão, o estudante-nota-10, a mulher-do-século-21. Desgraçadamente, essa experiência já foi adotada em alguns países. Durante 40 anos, o leste europeu e a União Soviética acreditaram nesta lorota. Hoje, aqueles cidadãos, que cresceram assistidos por uma TV que exibia balé, música clássica, programas didáticos, tudo do mais alto nível, agora só querem ver sexo. Viva a liberdade! Viva a baixaria! Viva a boceta de Olga! ( eu posso falar boceta, por que tenho curso superior e acho que quem lerá também. Censura, só para o Zé Povinho.) Eu não estou dizendo que a TV não deve ter um conteúdo educativo, mas é preciso admitir que ela é, fundamentalmente, uma forma de entretenimento. Enquanto jornalistas, políticos, críticos e pseudo-intelecutuais-metidos-a-besta insistirem em não aceitar essa verdade, a nossa televisão continuará no mesmo buraco. É preciso um pouco de bom-senso. Lamentavelmente, estamos nas mãos dos espertos. Por trás de todo esse discurso barato, hipócrita, existe o desejo de nossa elite em controlar, manipular o resto da população, defendendo a idéia de que essas pessoas não são capazes de pensar, de raciocinar, de decidir o que é certo ou errado. Cabe a nós, formadores de opinião, com curso superior, guiar estes pobres coitados. (no futuro, eu imago que poderemos resolver todo este problema instalando um chip na cabeça do Zé Povinho). No fundo, nossa elite sonha em manter o controle absoluto sobre o resto da população, decidindo o que devem ver, assistir ou gostar. É um pensamento fascista, defendido por uma minoria que se acha superior a maioria. Pois eu prefiro Ratinho, Casa dos Artistas, Faustão do que esta TV proposta por nossa elite intelectual fascista. Sérgio Vieira
[Leia outros Comentários de Sérgio Vieira]
29/11/2001
17h03min
Julio, Você tem toda razão. Como adultos, temos a obrigação de estar atentos ao que nossos filhos engolem, literalmente, ou pela televisão. E de nos posicionarmos contra o que é,realmente, RUIM. Eu não acho que a TV seja inofensiva. Nem que "quem quiser que mude de canal". Nem que o problema de consumo de drogas (alcool, inclusive!) seja só dos viciados. Liberdade? Alguém já viu como é bonito uma pessoa destruindo a própria vida e da família por causa de drogas? E ninguém se vicia na idade adulta. É na passagem infância/adolescência que isto acontece. Basta ler a respeito, ou olhar pela janela, para saber disto. Não faz mal? O que vc acha que causa a uma cabecinha de criança a mistura sexo, religia, apelação, que a TV entrega, de graça, diretamente em casa? Onde vai dar um mundo onde “Ter responsabilidade” é considerado “careta” não pelos muitos jovens, como seria aceitável, mas pelos “adultos liberais”, o que é inadimissível??!!! Abraços, Ana.
[Leia outros Comentários de Ana Veras]
30/11/2001
03h50min
Sergio, poderia me dizer qual producao americana voce gostaria de ver na TV brasileira? Sem querer ofender, elogiar ou discutir. Apenas curiosidade de minha parte.
[Leia outros Comentários de Ethel]
3/12/2001
10h21min
Sérgio, o que você entende por fascista? Aliás, porque você não é mais crítico de TV? Porque você acha que todos os que lêem o Digestivo têm curso superior? O que você chama de Programa Educativo? E o que é Zé Povinho? Povo não é o conjunto de pessoas de uma mesma localidade? Nossa! Eu tenho tanto a perguntar! É que, como parte do povo brasileiro, tenho muito o que aprender. Acho que vou ligar a televisão e assistir aos programas que o sr. indicou como de sua preferência, vou aprender muito. Sonia Pereira
[Leia outros Comentários de Sonia Pereira]
4/12/2001
01h25min
Lamentavelmente, as análises feitas no Brasil sobre a televisão baseiam-se em estereotipos. Quando se fala em produções norte-americanas, logo se vem a mente aqueles enlatados horriveis: seriados, minisséries, filmes para TV, etc. Mas muita coisa boa é produzida pelas emissoras de lá. Exemplos? Ecce Homo - série produzida no Canadá, que poderia ocupar o horário nobre de nossa TV Cultura. Cada programa da série aborda um tema específico: humor, cidades, guerra, mulher, informática, etc. Apesar de apresentar a visão norte-americana a respeito do mundo, essa séria nos convida a fazer uma reflexão sobre o passado, presente e futuro da humanidade. Essa é a qualidade fundamental: a TV deve convidar o espectador a pensar, refletir, questionar o mundo em que vivemos, sem querer definir o que é certo ou errado. Séries e documentários da PBS - A Public Broadcast Service é a emissora pública dos EUA. A atual direção da TV Cultura, sempre muita criativa, tentou imitar o modelo adotado pela PBS. Acontece que a emissora pública dos EUA teve a sinceridade de assumir o papel de babá eletrônica, mantendo uma programação voltada para crianças de até 10 anos de idade. Coisa típica do pragmatismo norte-americano. Entretanto, durante o "horário nobre", a PBS exibe séries e documentários de excepcional qualidade. Recentemente, a emissora exibiu uma ótima série sobre a história do jazz. Neste mês de dezembro, a PBS está apresentando a produção Shaolin, que conta a história do místico templo chinês e o surgimento do Kung Fu. Já pensou a nossa TV Cultura mostrando a história das artes marciais? Seria um escândalo, um incentivo a violência, cultura inútil... Fox - esta emissora é considerada o SBT dos EUA, por causa de seus programas populares, tipo "mundo-cão": "Os Vídeos mais Incríveis...", "Os Criminosos mais Procurados...", "Quem quer se casar com um milionário...", etc. Entretanto, a Fox também possuí atrações que merecem elogios. Eu prefiro a crítica social contida nos desenhos animados da Fox do que aqueles enfadonhos debates exibidos na TV Universitária. NBC - Mais vale uma sitcom da NBC do que aquela psicóloga que está sempre presente nos programas da TV Cultura, falando o que os jovens devem ou não fazer. CBS/ABC - Pobre coitado do Jô Soares, seu programa não passa de uma imitação dos talk-shows destas duas emissoras. TV Paga - aí é uma festa. Quase toda grande instituição norte-americana mantêm algum programa de TV no ar. Veja, por exemplo, o velho Tradição Ocidental, atualmente em exibição na TV Câmara. Ou o Mecânica Popular, Invenções, Ciência Popular, National Geografic, Arqueologia, Nova, etc,etc,etc... No Brasil, o pessoal simplesmente preenche um estúdio com uma bancada e três cadeiras. Depois, afirma que está elevando o "nível da TV brasileira". É verdade que a TV norte-americana também exibe muita porcaria. Porém, o mais importante é que o espectador pode escolher o que quer assistir. Você não gosta de mundo-cão? Então muda de canal. Faça a sua escolha. Essa é a regra adotada nos EUA. No Canadá, a principal emissora, que é estatal, teve que popularizar sua programação para continuar mantendo a audiência, e os anunciantes. TV é entretenimento. Baixou o nível? E daí? Existem outros canais, com ótimas opções, alguns de "elevado nível cultural". Mas a maioria deseja relaxar, aliviar a tensão, rir, se divertir.... É assim que funciona... em todo o mundo... No passado, o computador só serviam para cálculos, controles, etc. Hoje é um vídeo-game, uma fonte diversão, lazer e entretenimento. Os mais antigos podem torcer o nariz. E daí? Assim também é a televisão, que já surgiu como um meio de entretenimento. Só na Alemanha de Hitler e nos países comunistas a TV foi usada como um meio de elevar o nível cultural da população (Nota: a Alemanha nazista foi o primeiro país a ter a TV como um eletrodoméstico acessível a maioria da população, pois era peça fundamental no processo de controle do cidadão. Hitler era um gênio, e gastou uma fortuna para fazer da TV um meio eficaz de controlar o Zé Povinho. O aparelho era dado de graça, lógico, para que todos fossem devidamente educados. Pena que ninguém gosta de relembrar essa história. Por que será?). Parece-me que querem implantar no Brasil o velho modelo nazista de Televisão. Sérgio Vieira
[Leia outros Comentários de Sergio Vieira]
6/12/2001
02h07min
Muito bom o comentario sobre a PBS, mas parte da programacao as vezes se torna chatissima de assistir, mas exibem de tempos em tempos otimos documentarios como os da National Geographic. Quanto as ideias de Hitler, no que se refere a televisao realmente ele teve boas intencoes porem nao devemos nos esquecer que o inferno esta cheio de gente com boas intencoes. A TV Cultura tal como a PBS americana tambem tem muitas falhas mas eu acho que eles chegam la, o brasileiro eh muito criativo (diga-se de passagem alguns comerciais brasileiros tem sido premiados no exterior).
[Leia outros Comentários de Marli]
6/12/2001
02h42min
A TV americana para mim e horrivel de assistir (nao tenho TV paga mas gostaria de assinar pelo menos para ver o Discovery, os documentarios da National Geographic). Tambem nao sabia que Hitler era um genio (acho que era sim para matar tanta gente em tao pouco tempo). Detesto as comedias americanas e mesmo os americanos por aqui dizem que nao aguentam mais tanta falta de assunto. A Fox um horror em comerciais. Mas gostava de assistir a TV Cultura, os documentarios excelentes que eles sempre mostram (a PBS realmente mostra bons documentarios mas isso uma vez ou outra e voce tem que ficar ligado porque anunciam tudo na ultima hora). Gostava das novelas da Globo (as novelas americanas nao tem fim, sao exibidas por longos e longos anos com o mesmo titulo, General Hospital). Os Simpsons, nossa Senhora, todos os dias, repetem durante o ano inteiro... Ai meu Deus que saudade da terrinha.
[Leia outros Comentários de Ethel]
6/12/2001
16h01min
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa (desculpem o lugar-comum). Concordo com o Sérgio quando ele diz que uma TV deve instigar, provocar, divertir. Discordo quando disse que Hitler usou a TV para "educar" o povo. A informação deve, antes de tudo, ser democrática, apartidária (existe essa palavra?). Duvido que ele tenha tido esse cuidado. Pelo contrário, deve ter usado para difundir o nazismo, e isso não é dar cultura para ninguém, a menos que se mostre concomitantemente as outras possibilidades. A televisão poderia ser muito boa, se não fosse tanta grana a rolar por trás dos bastidores, ou melhor, das câmeras. Mas nós temos o poder nas mãos! Telespectadores do Brasil, uni-vos! Tendes o controle em vossas mãos! Basta um clicar de dedos e pronto, seja feita a vossa vontade! Agora, intervalo para a palavra de nossos patrocinadores. Sonia Pereira
[Leia outros Comentários de Sonia Pereira]

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