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Sexta-feira, 10/3/2006
Digestivo nº 269

Julio Daio Borges

>>> O SOL É PARA TODOS Capote, apesar do título, é sobre a gênese de A Sangue-Frio (1965), o clássico de Truman Capote, que inaugurou a era do jornalismo literário, nos EUA do século XX. Mas deve-se ter percebido que a interpretação de Philip Seymour Hoffman era, justamente, tão “larger than life” para, evidentemente, Truman Capote, que algum envolvido com bom senso decidiu pelo título... Capote (e, não, A Sangue-Frio). Em resumo: o filme é originalmente sobre o livro, mas acaba sendo, no final, sobre Truman Capote, ou sobre a interpretação arrebatadora que Hoffman confere à personagem. Portanto, esqueça o crime sangrento, esqueça os dois assassinos condenados à forca, e, se possível, esqueça também a discussão reincidente – e hipócrita – sobre a pena de morte nos Estados Unidos. Concentre-se em Capote ou, para ser mais exato, no Capote de Philip Seymour Hoffman. Hoffman tinha dado um banho de interpretação mesmo fazendo pontas em filmes como O Talentoso Ripley (1999), Deu a Louca Nos Astros (2000, de David Mamet) e Magnólia (1999), até ter uma chance um pouquinho melhor em Quase Famosos (2000), de Cameron Crowe, onde encarna Lester Bangs, o lendário crítico de rock. Quem teve a sorte de vê-lo no teatro, porém, sabia já de seu verdadeiro potencial: nos palcos ele pôde encenar até Longa jornada para dentro da noite, de Eugene O’Neill. Hoffman deve ter sofrido anos com a superficialidade do cinema de mainstream atual. Até que Capote lhe acenou com uma proposta. Ou deveria ser o contrário? Como em aparições anteriores, Hoffman domina a cena e o que quer que contracene com ele, desde uma máquina de escrever até uma pessoa, é mero coadjuvante. E aquela dicção? Onde é que ele foi buscá-la? Quem não conheceu Truman Capote, deve ficar pensando agora que ele não tinha como ser perseguido por seus modos extravagantes, pois, na versão de Hoffman em tela grande, quem conseguiria resistir a sua inteligência e a seu charme? O grande intérprete recria a vida. E isso é arte. Vá ver arte; está, neste momento, em cartaz. Em Capote.
>>> Capote
 
>>> EVANGELIZACIÓN Enquanto o Brasil não lança seu livro oficial sobre blogs (e não sobre blogueiros, veja bem), a Espanha acaba de fazê-lo. Por quê a Espanha? Você sabia que a blogosfera hispano-americana é uma das mais interessantes da internet hoje? Pois deveria saber. (Será possível que você continua consultando só as mesmas fontes oficiais de informação?) O fato é que José Luis Orihuela, do eCuaderno.com, José Luis Antúnez, do Bitacoras.com, Juan Varela, do Periodistas 21, Julio Alonso, do Weblogs S.L., e Octavio I. Rojas, consultor e professor, juntaram suas forças e escreveram, cada um, um capítulo de Blogs: La conversación en Internet que está revolucionando medios, empresas y a ciudadanos, lançado no final do ano passado, pela ESIC Editorial, de Madri. Como são cinco autores, o volume tem, respectivamente, cinco capítulos: o primeiro definindo o que são blogs e o que é a blogosfera; o segundo sobre o que chamam de “gestores de conteúdo” (ou CMSs); o terceiro sobre Jornalismo 3.0 (!); o quarto sobre a relação blogs-empresas; e o quinto sobre as “relações públicas” (ou, no Brasil, as assessorias de imprensa e, de repente, até, a publicidade e o marketing) na era dos blogs. Blogs, o livro, se destina a qualquer tipo de leitor. Tem desde definições mirabolantes sobre mídia, às vezes política e, em última instância, sociedade. Funciona mais ou menos como o We the Media, de Dan Gillmor, no sentido de colocar o leitor desavisado a par da mais recente discussão sobre blogs e seus desdobramentos. Para quem pegou o bonde andando – e não está entendendo patavina do que anda acontecendo na internet – não poderia haver livro melhor. E eu sei o que você está pensando: por que ninguém ainda fez um livro assim no Brasil? É a mesma dúvida que me tomou de assalto (tanto que comecei o texto como comecei). Bem, enquanto as editoras brasileiras não se mexem, você pode adquirir Blogs via internet por pouco mais de 15 euros. E eu sei que a blogosfera brasileira ainda meio capenga, mas a hispano-americana não pode ser ignorada.
>>> Blogs: La conversación en Internet que está revolucionando medios, empresas y a ciudadanos - 300 págs. - ESIC
 
>>> COME ON BABY, COVER ME A vinheta é infame; você quase desiste de continuar escutando. Mas, no fim, o crime acaba compensando... Brian Ibbott teve uma idéia boa para um podcast: bolou o Coverville, só de covers. Covers – se é que você não sabe – são aquelas versões de outras canções, consagradas ou não. No Brasil dos anos 90, ficaram conhecidas as cover bands, aquelas que tocavam, justamente, covers de bandas mais famosas. Uma das mais conhecidas, na época, era a U2 Cover (no tempo em que o U2 ainda não vinha ao Brasil e em que Bono, a exemplo de Naomi Campbell, não era tão arroz-de-festa). Com essa proposta, Brian Ibbott, semanalmente, junta covers que encontra por aí e que acha interessantes. Tudo bem que ele não tem lá assim muito critério e junta desde covers de Britney Spears (será que alguém conhece alguma canção de Britney Spears?) até... Caetano Veloso. Sim, Caetano Veloso. Caetano apareceu – embora talvez não saiba – num especial do Coverville só sobre covers do Rei – do Rei deles –, Elvis Presley. Caetano apareceu cantando “Love Me Tender”, daquele seu disco – aliás! – de covers, que foi um de seus piores nos últimos tempos (salvando-se, apenas outro cover (!): o do Nirvana). Além de Elvis, o Coverville já apresentou especiais inteiros dedicados a bandas como The Who e a crooners como Neil Diamond. São cento e tantos programas, você dificilmente vai baixar todos. A não ser que caia de amores pelo Coverville e – claro – agüente aquela vinhetinha de quinta... Ah, o Coverville está bastante aberto à participação dos ouvintes. Há sempre espaço para seus pedidos; e para seus xingamentos (quem manda tocar Britney Spears?). Brian Ibbott e sua esposa, que às vezes aparece também, é o típico norte-americano descompromissado que tem o Coverville como hobby. E, tirando a vinheta (e um cover ou outro), parece que está acertando.
>>> Coverville
 
>>> EVENTOS QUE O DIGESTIVO RECOMENDA



>>> Palestras
* Cultura Musical - Rubem Prates
(Seg., 13/03, 19h30, VL)

>>> Noites de Autógrafos
* Traço Extra - Fausto Bergocce
(Seg., 13/03, 18h30, CN)
* Entre o Mediterrâneo e o Atlântico - Maria Lúcia de Souza Barros Pupo
(Seg., 13/03, 18h30, VL)
* Firmo - Walter Firmo
(Ter., 14/03, 19h00., VL)
* Introdução ao Documentário Brasileiro - Amir Labaki
(Ter., 14/03, 19h00, CN)
* As 7 Biorotas para a saúde, o bem-estar e a longevidade - José Represas Pérez
(Qui., 15/03, 19h00, CN)

>>> Shows
* Fats Waller - Lulu's back in town - Traditional Jazz Band
(Sex., 17/03, 20hs., VL)

* Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (VL): Av. Nações Unidas, nº 4777
** Livraria Cultura Conjunto Nacional (CN): Av. Paulista, nº 2073
*** a Livraria Cultura é parceira do Digestivo Cultural
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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