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Segunda-feira, 7/11/2005
Niilismo, cinismo e amor

Julio Daio Borges




Digestivo nº 252 >>> Luiz Felipe Pondé enganou a todos. Vinha de uma série de artigos, na imprensa, de uma religiosidade profunda, mas apresentou-se para o curso de Filosofia da Religião, na Casa do Saber, como um tremendo de um bonachão. Pondé, entre os professores, era o mais simpático de todos, e propositalmente se confundia com os alunos nos intervalos, antes e depois das sessões. Em matéria de filosofia da religião, propriamente dita, ria da modernidade (do homem moderno) a seu modo, mas não parecia partidário deste ou daquele pensador. Ria de todos igual. Não admira ter o seu séquito de fiéis alunos, oriundos da PUC, que o seguiam na Casa do Saber de Higienópolis, mesmo depois de formados. E deu gosto ver Pondé às voltas com Agostinho, num de seus momentos mais brilhantes, elevando Meister Eckhart às alturas e praticamente pedindo a canonização de Marguerite Porete ao Vaticano. Correu, talvez, um pouco ao passar por Pascal, Kierkegaard e Unamuno – possivelmente porque não fossem eles a última novidade de cinco séculos pra trás. Em compensação, encarnou Dostoievski (e Sonia) como um equivalente brasileiro em sala de aula de Joseph Frank, e – para o desplante de conservadores e neoconservadores de plantão – ajoelhou e rezou no altar de Cioran. (Sem antes, claro, deixar de cair dançando no precipício de Nietzsche, embora este não estivesse oficialmente no programa...) A exposição, aliás, de Pondé foi tão bem-sucedida que, em breve, tem mais. E nem Gioconda Bordon resistiu a seus encantos: às quartas-feiras, tem Pondé igualmente no Estação Cultura. Ah, se fossem assim todos os pseudoneocons...!
>>> Filosofia da Religião - Luiz Felipe Pondé - Casa do Saber Higienópolis
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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