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Segunda-feira,
3/10/2016
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Redação
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A Doria, o que é de Doria
Votei na Marta. Era a minha candidata. Perdeu. Reconheço
Mas no segundo turno, como ela não ia passar, ia votar no João Doria. Nunca no Haddad. Nem no Russomanno
Eu achava a Marta a melhor escolha, porque ela já tinha experiência prévia da cidade. E, fora do PT, ela parecia ter se livrado daquele "ranço" esquerdista. Parecia mais amadurecida e mais disposta a deixar um "legado". E ela tinha o melhor vice, Andrea Matarazzo
Só que a Marta ficou indecisa. Mesmo ferida pelo PT, não conseguiu atacar seu partido de origem. E os paulistanos não perdoaram. No reduto-mor do antipetismo, terminou rechaçada
Já João Doria foi muito hábil em captar as intenções de voto do antipetismo, que era a força motriz destas eleições. Algo como um desdobramento "eleitoral" do impeachment, da Lava-Jato e das manifestações
Eu não gostava do João Doria no começo, achava ele muito "ensaiado". Como alguém que tinha acabado de decorar seu texto. Nunca me convencia muito nos debates
Também achava ele muito "engomado". Ainda acho. Uma espécie de prefeito dândi. Ou, como se dizia em português do século XIX, um "janota"
Uma vez encontramos ele na Livraria Cultura do shopping Iguatemi, num daqueles eventos infantis da Catarina. Ele parecia um boneco de cera, esticado desde a roupa e com aquela cor rosada de bronzeamento artificial
Não que isso diga muita coisa da sua capacidade política. Mas eu achava ele um candidato muito "montado"
Contudo, ele fez sua lição de casa
E sua capacidade de trabalhar sempre foi lendária (disso eu já tinha ouvido falar...)
Observando as taxas de rejeição dos demais candidatos, ontem ficou, para mim, claro que um "outsider" tinha grandes chances de levar. Além do antipetismo, existe hoje a enorme repulsa pelos políticos tradicionais. E o fato de ele ter brigado com a cúpula do PSDB - o partido da oposição bananeira - parece tê-lo impulsionado ainda mais (o Diego também observou isso ontem)
Só que, agora, ele vai ter de ser *político* da mesma forma...
Na verdade, acho que já está sendo. Me pareceu muito respeitoso no último debate, mesmo com figuras arcaicas, como Luiza Erundina. A Marta, inclusive, já parecida ter se rendido ao seu charme. E, como observou Reinaldo Azevedo, numa boa análise da campanha toda, ninguém conseguia mais atacá-lo
Quem assistiu ao seu discurso da vitória, deve ter percebido que ele fez questão de agradecer a praticamente todo o PSDB. Não só ao governador Geraldo Alckmin, mas à família Covas, que lhe forneceu um vice, ao clã dos Montoro, até ao senador José Serra... Só faltou, claro, FHC, Aécio Neves... E Andrea Matarazzo
Como um filho pródigo, retornava agora ao ninho tucano, o mesmo que, durante as prévias, ele havia desagregado...
Ia quase me esquecendo da gestão. "Sou um gestor", foi a melhor definição de si próprio
E, mais uma vez, veio a calhar. Pois, a última coisa que Dilma foi, desde 2010, foi gestora. Ela nunca foi "gerentona". Isso foi um engodo. E ficou no inconsciente de muitas pessoas. Sobretudo, na mente dos paulistanos...
Na cidade que nunca para, João Doria "acelerou". E seu jingle insistia no "João Doria trabalhador". Mas outro tipo de trabalhador - bem diferente daqueles "trabalhadores"...
"O PT é o partido dos intelectuais que não pensam e dos trabalhadores que não trabalham", profetizou Roberto Campos, que nos deixou há 15 anos
Que João Doria trabalhe, portanto. E consiga executar aquilo a que se propôs
É difícil agradar ao paulistano. E, desde que me entendo por gente, não me lembro de nenhum prefeito unânime...
Mas ele deve tentar. Quem sabe, se revele um fenômeno, como se revelou nestas eleições? ;-)
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Julio Daio Bløg
3/10/2016 às 10h02
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Relatos da hipocondria
A moça do rosto redondo se aproxima dos carros parados em fila dupla no sinal fechado. Os vidros de fumê, que protegem o ar condicionado, são fortalezas instransponíveis, mas ela é perseverante, insiste com um leve toque de dedos, enquanto enxuga da testa as gotas de suor que se espalha pela testa ampla, resultado do costumeiro calorão campo-grandense de quatro e meia da tarde. Estou na quinta posição na fila da esquerda. Ela se aproxima lentamente, busca o meu rosto e instintivamente tento desviar meus olhos, em vão. Um tanto sem jeito, abaixo o vidro do carro e ela me entrega um santinho de um candidato a vereador, desses que lá está há décadas, nada fez de relevante, mas tenta voltar. Será que o candidato a vereador imagina que conseguirá votos distribuindo santinhos no sinal fechado? Penso ligeiro, ao mesmo tempo em que busco usar de cortesia - compreendo que ela ali está para ganhar honestamente algum trocado - pego o santinho sem demonstrar desgostos e devolvo o sorriso, já me preparando para o aceno de despedida, no exato momento que ela faz uma careta, tenta se afastar, mas o corpo pesado a impede e então ela espirra, com força, numa inesperada e irresistível vontade. Aflita, desajeitada, tenta limpar o meu rosto com a manga da camisa suada, mal tenho tempo de impedi-la, desenhando no meu rosto um riso forçado e já sentindo o inicio da febre, a hipocondria que me invade, sem permitir consertos. Cheguei em casa com os olhos ardendo e numa vontade louca de tomar um banho, daqueles demorados, de espumas de xampu e esfregões de escovas. Agora, depois de horas, ainda sinto a chuva de perdigotos que atingiu o meu rosto sem que eu pudesse escapar, encolhido entre o volante e o banco do carro. Sei que é um defeito, que tento evitar, mas é mais forte que eu, simplesmente não posso ler nem ouvir, relatos de doenças. Muito antes de aparecer de fato em terras tupiniquins, eu já consultava todos os efeitos da síndrome de Guillain-Barré, entre outras doenças graves. E no ápice da loucura (ou seria frescura?), sentia absolutamente todos os sintomas. Nem sei quando foi a primeira vez que li algo a respeito de parasitas, vírus e bactérias, mas deve ter acontecido lá pelos quinze anos, quando admiti como doença grave todas aquelas misteriosas mudanças hormonais. Desde então, não consigo evitar o receio de contágios. Com o passar do tempo, até melhorei, já não consulto bulas e dicionários em busca de sintomas e curas e desprezo o uso de álcool gel. Sei, não sou o único, aqui em casa a Graziela, as crianças, somos todos incorrigíveis hipocondríacos, além de muita gente famosa: assisti a uma reportagem na qual o Ringo Starr cumprimenta as pessoas usando os cotovelos, Michael Jackson usava luvas e máscaras para respirar, até Darwin era hipocondríaco. Entretanto, devo ter uma saúde de ferro, nunca desmaiei, nenhuma operação, nada grave, embora ainda há pouco, tenha largado três espirros seguidos e, incomodado, percebi que não tinha ninguém por perto para me desejar saúde...
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Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
1/10/2016 às 21h56
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Nirvana pra todos os gostos
Tem causado furor na internet a interpretação que a atriz Cláudia Ohana fez, no Programa do Jô, para a música “Smells Like Teen Spirit”, clássico do Nirvana. Alguns erros na letra e outros deslizes na afinação fizeram o nome da eterna vampira Natasha, da novela Vamp, ser um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Tamanha comoção fez a atriz vir a público justificar sua versão, lembrando que a interpretação faz mais sentido no contexto em que é apresentada na sua peça Forever Young, o Musical.
Muita gente, porém, estranhou o arranjo da versão, construído, basicamente, com piano e voz. Nesse sentido, vale ressaltar que não é a primeira vez que “Smells Like Teen Spirit” tem uma releitura, digamos, transgressora em relação ao original. A cantora e compositora Tori Amos fez, ainda em 1992, uma das primeiras e mais belas versões do hit, também em piano e voz.
Claro que, tamanho o impacto de Nevermind para o rock e o quarto de século que se passou desde o seu lançamento, não faltam versões de seu primeiro single. E para todos os gostos. Em 1994, ano em que a banda se desfez com a trágica morte de seu vocalista, o grupo britânico The Flying Pickets fez uma competente versão a capella de “Smells Like Teen Spirit”:
Em 2005, o veterano Paul Anka levou a angústia juvenil de Kurt Cobain para o swing:
Há versões mais “convencionais” para a música, como a releitura i>punk rock da banda Blanks 77, lançada no tributo Smells Like Bleach: a punk tribute to Nirvana. E houve também homenagens de bandas que foram influências para o Nirvana, como os covers realizados pelo Meat Puppets e por The Melvins. Nessa categoria, merece destaque a interpretação bastante poética de Patti Smith, presente em seu álbum Twelve.
Enfim, a lista de covers é bem maior do que esta. Nem sempre o resultado agrada – Cláudia Ohana que o diga. Mas vale lembrar que, mesmo que raramente uma releitura supere o original, a existência de tantas e tão distintas versões para uma canção não deixa de ser um índice de sua relevância. E, 25 anos depois, o estrondo que “Smells Like Teen Spirit” causou naquele longínquo 1991 continua repercutindo.
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Luís Fernando Amâncio
30/9/2016 às 11h43
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Último debate dos candidatos à prefeitura na Globo
Em primeiro lugar, um elogio à Globo, que consegue fazer o debate mais "clean", organizado e efetivo de todos. E ao César Tralli que, como jornalista, nestas eleições, foi o que mais se destacou
Como fiz no primeiro debate, na Bandeirantes, vou falar de cada candidato individualmente, sua evolução (ou involução) ao longo da eleição
Começo por Fernando Haddad, que encarnou a imagem da derrota. Como sempre, suado; mais descabelado do que o normal; e com o terno menos amarfanhado - mas abatido, prostrado, humilhado. O debate foi seu último suspiro. Acabou, Haddad
Em seguida, Erundina, que, tirando o aspecto risível de ser candidata por uma sigla que é uma piada, o PSOL, teve bons momentos como antagonista. Por exemplo, quando disse a Russomanno que a cidade não era feita apenas de "consumidores", mas, sim, de cidadãos. Ou como quando chamou a atenção de Doria, dizendo que ele fez política, sim, quando participou daquele movimento "Cansei" - e que ser "apolítico" era uma forma de fazer política também. A Erundina, embora seja uma vovozinha, de olhos cada vez mais fechados, teve os seus lampejos. Só levou o "troco" quando tentou jogar a crise na conta do governo Temer (Marta não perdoou)
Russomanno deixou de ser aquele candidato mais confiante do primeiro debate. Tropeçou nas palavras desde o começo, até o final. Teve boas altercações com Haddad, por exemplo, sobre o Uber. E pareceu visivelmente perturbado quando atacado por Marta. Contrariando as expectativas, contudo, ninguém o abordou, sem rodeios, sobre o tal Bar do Alemão...
Marta começou gaguejando de novo, mas, bloco a bloco, foi se firmando. A meu ver, é a mais sincera das candidaturas. Não insistiu tanto nos próprio erros, desta vez - o que foi um acerto. E, realmente, parece mais madura para um segundo mandato. (Sem promessas mirabolantes.) Inexplicavelmente, porém, foi muito condescendente com João Doria - e fez "par" com ele repetidas vezes... Se pretende enfrentá-lo no segundo turno, já deveria ter começado agora
E o João Doria, confesso, me surpreendeu (para bem). É o mais articulado de todos, não há como negar. Tem voz de locutor, não erra, não se perde nas falas. Às vezes, acelera demais, mas é uma metralhadora na argumentação - e está muito afiado. A campanha fez bem a ele (é nítido). E a estratégica de "atacar" a saúde... parece que funcionou. Como está na liderança, se mostrou o mais tranquilo de todos (inclusive, na postura)
Torço por um segundo turno entre Marta e Doria. Entre mortos e feridos, pelo menos ficamos livres do Haddad e do Russomanno. A Erundina entra para o folclore. E o Major Olimpio - nada contra ele como pessoa -, acho que não merece comentário
E, em novembro, que vença o melhor
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Julio Daio Bløg
30/9/2016 às 10h06
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O que está acontecendo com elas ?
O Brasil iniciou sua participação no concurso Miss universo em 1954, e a nossa primeira representante Miss Brasil, a baiana Martha Rocha, logo na estréia, foi envolvida numa polêmica que causou indignação nacional devido às lendárias duas polegadas a mais nos quadris que a deixaram em segundo lugar no concurso. A revanche só veio nove anos depois com a conquista do título pela gaúcha Ieda Maria Vargas em 1963.
De lá pra cá muita coisa mudou e nos perguntamos o que está acontecendo com elas. As mulheres mais bonitas do Brasil, acostumadas a elevar a imagem do país lá fora, desfilam agora em concursos de misses que estão perdendo a audiência e também o glamour. Espaços antes reservados às passarelas estão agora mais para ringue de batalha.
Em 2015 fatos inusitados aconteceram em reinados relâmpagos que quase fizeram as candidatas perderem a cabeça por causa da coroa.
Durante o concurso estadual para escolha da candidata amazonense na disputa ao título de Miss Brasil, a vice eleita não aceitou a derrota e arrancou a coroa da vencedora, sob a alegação de que o resultado final fora comprado.
Nos Estados Unidos, na cidade de Las Vegas, durante o concurso Miss Universo, um erro do apresentador deu o título de vencedora a uma candidata que chegou a desfilar e passado o constrangimento teve que devolver a coroa porque a eleita tinha sido outra.
Hoje, as mulheres querem mesmo modificar uma geração. Não se calam diante de injustiças e nem aceitam rótulos, não querem mais ser mostradas como objeto de consumo. Lutam por igualdade de direitos e contra qualquer tipo de assédio ou discriminação. Fogem dos padrões de imagem que costumam refletir corpos muitas vezes fora de alcance para grande número delas.
Sempre é tempo de fazer reparação e mudanças estão acontecendo. Pela primeira vez em 57 anos de Miss Mundo Brasil, em 2015 as jovens não desfilaram em traje de banho. A organização mundial do concurso considerou "retrógrado" que pessoas vestidas julguem o corpo de meninas de biquíni.
No próximo dia 01 de outubro as atenções estarão voltadas, ou não, para a 62ª edição do Concurso Miss Brasil que já foi uma das maiores festas de confraternização nacional.
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Blog belohorizontina
28/9/2016 às 20h46
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Diego Reeberg, do Catarse
No #MitA (porque o Digestivo foi um dos primeiros a entrevistar a turma do Catarse, em 2011)
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Julio Daio Borges
28/9/2016 às 14h30
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MARINHA
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... e pois seguimos nós no mar brumoso
galgando ora montanhas liquefeitas
ou descaindo em socavões profundos
nesta casca de noz
escaler de papel
de velhas folhas de um jornal extinto
de um incerto dia onde se liam
em tipos garrafais
letras que agora não se leem mais.
5
porque a água em vagas salitradas
solapa letras sílabas palavras
a água lava apaga
mesmo a memória dos mais nefandos fastos
mas deixa um rasto enlutado
de borrão sépia
tinta de polvo
inventando ao acaso outro alfabeto.
6
esse mar de palavras revoltoso
é um mar de marés imprevisíveis
a que presidem lunações perversas
é um mar de profundas reticências
que volta e meia
circunflexo relampeja
e agudamente craseia.
9
essas palavras de mar viram oceano
são palavras demais
e aderem ao casco das naus
às quais retiram o sentimento das águas
o que é um risco
pois uma quilha sem corte
não enxerga
os perigos das sintaxes nas pedras
nem percebe
o cântico enganoso das semânticas.
13
semiótico enxergo claro o tempo
das palavras concretas em bom porto.
há de chegar o tempo, marinheiro,
de fundear o barco bonançoso.
“há de chegar o tempo
o tempo o tempo”...
repete a gaivota em pleno voo.
15
D. Giovanni:
“a esta hora os mortos retornam
à sua tumba de bravos marujos”.
era um crepúsculo
de brônzeos reflexos
um amarelo-magma
um ocre ígneo.
“não são de Deus esses marujos mortos
sem sepultura cristã”.
não são de Deus talvez
mas são de Posseidon.
... e esses peixes que devoram os olhos
dos náufragos são de Deus talvez?
ou essas aves que nada fazem
e mereceram citação supina?
D. Giovanni não responde, cala.
assim é ele: um velho marinheiro italiano
afeito às calmarias às bonanças
ao fogo de Santelmo e às borrascas.
18
um marinista melhor que um marinheiro
deve aos que chegam deixar esse registro
do cemitério naval onde carcaças jazem
as ossaturas de ferro velho expostas
à ferrugem do sal e à maresia.
num outro quadro a este justaposto
com essas mesmas tintas
misturadas de modo diferente
pinte-as de novo o marinista anônimo
para mostrar a todos que como Flebas
um dia essas carcaças foram belas.
21
...e no entanto esse mar emoldurado
pelas janelas francesas da varanda
é um mar sem magia, não espanta.
não é o mar de Homero
ou dos fenícios
é um mar sem história nem prestígios.
é um pedaço de mar
um mar urbano
exposto ao olhar profano dessas gentes
que desconhecem trirremes e tridentes
e só por isso não temem sua fúria
quando os tritões assopram as grossas nuvens
desatando os nós dos ventos e das chuvas.
Ayrton Pereira da Silva
(in Umbrais, Sette Letras, 1997)
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Impressões Digitais
25/9/2016 às 15h52
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Sobre a Filosofia (obrigatória) no ensino médio
Tive Filosofia no ensino médio. Professor Beto. Meus colegas de Pueri Domus devem se lembrar
Era quase um estudo de figuras da linguagem. Pegávamos um discurso qualquer (poderia ser uma notícia de jornal) e ficávamos procurando coisas como "generalização apressada", por exemplo
Depois, no final da Poli, acompanhava as aulas do professor Roberto Bolzani Filho, que dava um curso sobre a "Metafísica", de Aristóteles. Começava com os pré-socráticos Heráclito e Parmênides e passava, claro, por Sócrates e Platão
Por causa desse curso, prestei Filosofia, no ano em que me formava na Poli, e passei, de novo, na USP. Mas nem cheguei a fazer um semestre, porque era à noite, eu trabalhava longe, fazia o Proficiency na Cultura, começava a escrever e a publicar na internet e começava a namorar a Carol ;-)
Mas li Filosofia o resto da vida. E, algumas vezes, escrevi sobre. Schopenhauer, Nietzsche, Heidegger e Wittgenstein. Cícero, Sêneca, Marco Aurélio. Maquiavel. Montaigne...
"A História da Filosofia Ocidental", do Bertrand Russell, é um dos meus livros de cabeceira. Às vezes pego um capítulo qualquer e leio
Até na Casa do Saber, eu aprendi Filosofia. Professor Pondé, que dava um curso de Filosofia da Religião, alguém conhece? ;-)
Mas não é coisa pra adolescente. Eu sei que Machado de Assis também não é. E tantas outras coisas - que são "ensinadas" - também não são
Acontece que ensinar Filosofia na escola é como ensinar Cálculo na escola. Estou lendo um livro que diz que Cálculo exige o domínio de quase toda a Matemática da escola. E é verdade. Eu gostava de Cálculo, na Poli, mas exige que você saiba álgebra, geometria, trigonometria, logaritmos...
Filosofia pode ser Lógica, o estudo dos discursos (como eu tive no ensino médio). Mas pode ser Ética. Pode ser Estética. Pode ser Política. Pode ser Epistemologia, o estudo dos "limites" do conhecimento. Pode ser História da Filosofia. Pode ser a Antiga, a Medieval, a Moderna...
Por mais que hoje as pessoas citem Nietzsche como quem cita Clarice Lispector (quase sempre erroneamente), Filosofia não é um assunto corriqueiro
Assim como não devemos obrigar ninguém a ter Cálculo ou Teoria da Relatividade no ensino médio, não acho que a Filosofia deva ser obrigatória no ensino médio
Seria como tentar ensinar Derivativos, para quem não vai seguir carreira em Finanças. Fisiologia, para quem não vai fazer Biológicas. Ou Buracos Negros, para quem não vai ser físico...
Quem tiver interesse, vai ter na faculdade, depois. Ou vai estudar por conta própria
Eu acho a discussão sobre "currículo" fascinante - e todo mundo tem uma opinião a respeito... (É quase como futebol, política e religião)
Mas, ao mesmo tempo, acho que nunca estamos "prontos", formados, "acabados". Evoluímos até a hora da morte
Fora que o mundo se transforma e nenhum "currículo" - por melhor que seja - consegue acompanhar
Também acho que esperamos demais da escola, da faculdade, dos professores, até dos "treinamentos" nas empresas (eu fui "trainee" do Itaú) - só que, hoje, acho que depende muito mais de nós...
A educação que a Catarina tem em casa é tão importante quanto a que ela tem na escola. Ou mais. Ou *muito* mais
Por fim, acho que esperamos demais do governo. Uns porque querem "mais" governo. Outros porque querem "menos" governo
Estamos sempre raciocinando em termos de "governo". O que é um problema até mais grave que o da educação - é um problema de *mentalidade*. E esta, para ser "reformada", custa muito mais...
Subdesenvolvimento, já dizia Tom Jobim, não é coisa que se improvisa - é obra de séculos...
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Julio Daio Bløg
23/9/2016 às 11h06
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Ed Catmull por Jason Calacanis
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Julio Daio Borges
21/9/2016 às 12h49
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10.049 km pelo Brasil
Em novembro passado, publiquei um texto com titulo semelhante ao deste (foi o 11.920 km pelo Brasil), relatando a viagem que eu fizera por Pará, Tocantins, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas divulgando os curtas e a exposição de fotos do projeto As Tias do Marabaixo. Consegui exibir os filmes em três desses estados, e expor as fotos em dois, além de criar a Oficina de Cinema Independente (e por criar entendam ter a ideia, organizar o conteúdo, vender e realizar a primeira edição, filmar um curta durante a Oficina e lançá-lo no YouTube, tudo isso ainda durante a viagem!). Também aproveitei para apresentar meus projetos culturais (e também os de artistas que represento) a Secretarias de Cultura municipais e estaduais e a unidades da rede SESC (este aspecto já não posso considerar bem-sucedido, pois nos 10 meses que se seguiram à viagem nenhuma das entidades que visitei entrou em contato, nem ao menos para dizer que receberam meu e-mail e estariam "analisando" as propostas - risos. Vivemos uma época sem disfarces).
A viagem deste ano foi menos épica, pode-se dizer, embora a princípio seus planos fossem mais ambiciosos do que os de 2015. Este ano o roteiro não foi definido por mim, e sim traçado pelas inscrições que recebi entre fevereiro e abril durante o lançamento da Campanha #VamosSonharJuntos, visando levantar fundos para a edição do livro de fotos d' As Tias do Marabaixo. A princípio, eu iria para 30 cidades em 16 estados, totalizando quatro regiões brasileiras (apenas do Sul ninguém se manifestou). Digo a princípio porque eu sabia que em casos assim é comum ter alguma desistência. O que eu não esperava é que fossem tantas, e praticamente em sequência! Isso até já contei num texto publicado aqui no blog, intitulado Ajustando o Rumo, então me limito aqui a dizer que, após fazer o último ensaio em Macapá em 7 de maio, apenas no começo de agosto, já em Rondonópolis (Mato Grosso), é que voltei a fazer ensaios da campanha. Fui até o Pará, Maranhão, Paraíba e Alagoas sem que nenhuma das pessoas inscritas tenha feito o ensaio ou ao menos me comunicado previamente da desistência (ou, no caso, da impossibilidade) de cumprir com o combinado. Não é preciso ser um Nobel de Economia para concluir que se as despesas continuam mesmo com inexistência de receita, não se poderá chegar a um bom resultado financeiro.
Enfim, em Alagoas resolvi suspender a viagem, aguardando o momento de ir para Mato Grosso participar de um evento e realizar ensaios na capital e no interior - de toda essa programação, o único item que se confirmou foi o ensaio com a modelo Bruna Xavier, em Rondonópolis (que você já apareceu em dois posts do meu novo blog, como Modelo da Semana e também no Ensaio de Agosto).
Mesmo que o objetivo principal da viagem - financiar a edição do livro - não tenha sido atingido, de modo algum creio que deva lamentar esse novo "rolezão". Vejamos:
1) Em Belém, ministrei a segunda Oficina de Cinema Independente;
2) Em São Luís, fui entrevistado por uma equipe da TV UFMA para um documentário sobre os 100 anos do Samba (contados a partir do lançamento de "Pelo Telefone"); também irão participar do doc figuras do porte de Paulinho da Viola e Beth Carvalho;
3) Ainda em São Luís, encomendei e recebi meu primeiro equipamento fotográfico adquirido via internet, a nova câmera Nikon L330;
4) Já em Maceió, pude enfim lançar um novo blog, o Fabio Gomes Foto & Cinema, uma ideia que tive em São Luís - e que, como já contei aqui e aqui, vinha de certa forma perseguindo há algum tempo.
Além disso, mais como uma curiosidade & satisfação pessoal, agora são apenas dois Estados do Brasil onde ainda não estive: Rio Grande do Norte e Espírito Santo (já que estamos desviando para curiosidades, acrescento que, dos 25 estados que conheço, em apenas um não estive na capital: Sergipe).
Enfim, de volta a Macapá, onde cheguei há alguns dias, vou ainda atender algumas inscrições feitas para a Campanha aqui no começo do ano, e no mais é seguir a vida, buscando outras alternativas para a edição do livro. Sim, ele será publicado, embora agora eu não tenha como precisar uma data para isto. De todo modo, já na segunda-feira retomo o trabalho de edição da obra.
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Cinema Independente na Estrada
18/9/2016 às 19h29
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Julio Daio Borges
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