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Quinta-feira, 8/3/2007
Honestidade
Daniel Bushatsky

O que mais falta no mundo hoje é honestidade. A mentira, a omissão impera em um mundo hipócrita e sem sentimentos.

Honestidade não é crime. Falar a verdade, com todos com um pé atrás, é difícil, mas aos poucos, se tentarmos, a coisa melhorará.

Um pai espera honestidade do filho, e um filho espera o mesmo do pai. Esconder problemas, aflições e defeitos, e pior, omitir de apontá-los, gera este mundo de esconde-esconde que vivemos.

Ou seja, carecemos de opiniões reais. Ninguém tem coragem de dizer o que pensa, sente ou acha para ninguém.

A desculpa é polidez, a educação, o respeito, ou o nome que você quiser dar para justificar seu medo de enfrentar uma situação de frente.

Às vezes a desculpa toma outra forma, seria o que chamamos de jogo de interesse.

Chega disso! Precisamos começar a ser mais leais aos nossos sentimentos e nossas opiniões, e conscientizarmos-nos que, caso criticados, não somos piores ou melhores, simplesmente existem outros pontos de vista.

O que fazer com a critica é outro passo, que deixo para os psicólogos.

Um dos jornalistas mais famosos do Brasil, Paulo Francis em uma de suas declarações colocou que "Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incomum isto na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que julgue. Acho que quem ofende os outros e os leitores é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado".

Contestar, apontar, problematizar deveria ser tarefa diária do professor, do pai, do chefe, do amigo, e principalmente do jornalista.

Para crescer é necessário compreender (não sei se chegaremos a entender) o mundo em suas várias formas, observar que existe o diferente, e que há não melhor ou pior, mas sim outro ponto de vista.

Bons negociadores, antes de uma grande disputa, reúnem sua equipe e fazem um brainstorm onde a regra é clara: pode se fazer qualquer sugestão para solucionar o problema e, no começo, não vale criticar as sugestões.

À primeira vista o parágrafo acima é contraditório com a linha de raciocínio do texto, mas não é.

Isto porque a primeira parte do exercício mental é justamente contestar a idéia, para, no segundo momento, criticar e escolher qual é a melhor entre as tantas que vieram.

É importante dar voz ao pensamento, mas é ainda mais importante ter senso crítico.

Hoje, observa-se uma mídia sem crítica, sem voz, em cima do muro que, conforme Paulo Francis já ensinou, é um desrespeito com o leitor, ouvinte ou espectador.

Observa-se, também, uma sociedade sem crítica, sem movimento, sem entusiasmo, mas o que precisamos é mudar nas pequenas coisas, nas pequenas atitudes, como, por exemplo, quando alguém lhe perguntar tudo bem, só responda que sim se for verdade.

Acho que deveríamos começar uma campanha de cultuarmos a honestidade. Grande jeito de sermos uma sociedade menos hipócrita. Para dar o exemplo, eu vou começar: "adoro receber críticas".

Daniel Bushatsky
8/3/2007 às 13h37

 

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