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Segunda-feira, 23/6/2008
Diário de um ano ruim
Rafael Rodrigues

Na Flip de 2007, vi J.M. Coetzee em carne e osso. Para um cara como eu, cá do interior da Bahia, que há alguns anos havia lido Juventude e ficado atordoado com a leitura, era como se estivesse observando uma entidade, ou algo parecido. Quando Coetzee passou do meu lado, em direção à mesa de autógrafos, eu parei de ouvir a pessoa com quem estava conversando ― se não me engano, era o Daniel Galera; e, se não me engano de novo, ele parou de falar ― e só observei. Era como se meu silêncio e olhar fossem sinais de respeito, como uma continência que um soldado presta a um general.

Lá, em Parati, Coetzee leu trechos de um romance então inédito no Brasil, Diary of a bad year. Aí vai um curto trecho do livro, recém-publicado aqui com o título Diário de um ano ruim, claro. E que já encomendei, óbvio.

"E fica-se grato à Rússia também, à Mãe Rússia, por estabelecer diante de nós com certeza tão inquestionável o padrão ao qual todo romancista sério deve aspirar, mesmo sem a menor chance de chegar lá: o padrão do mesmo Tolstói de um lado e do mestre Dostoiévski do outro. Com o exemplo deles somos artistas melhores; e com melhor não quero dizer mais hábeis, mas eticamente melhores. Eles aniquilam nossas pretensões impuras; eles esclarecem nossa visão; eles fortalecem nosso braço."

Rafael Rodrigues
23/6/2008 à 00h47

 

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