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Terça-feira, 9/12/2014
A primeira formatura
Julio Daio Borges

Entrei na escola tarde para os padrões de hoje. Na minha época, era "Jardim II". Passei a maior parte do tempo desenhando. No final do ano, sabia desenhar o meu nome.

Não lembro se havia um rito de passagem para o "Pré". Acho que não. Mas me lembro de uma apresentação que fizemos, naquele final de ano.

Era um circo e eu fui palhaço, junto com o Claudio. Lembro da minha mãe combinando com a mãe dele os detalhes da fantasia...

Na hora da apresentação, eu olhava para o Claudio e simplesmente imitava ele. O Claudio sempre foi mais engraçado do que eu. 35 anos de amizade já...

Parece que faz um século que a Catarina entrou na escola. Era barrigudinha e tinha começado a andar. Mas já era bem falante e adorava cantar.

Neste ano, ela terminou o que seria o "Jardim da Infância", e participou de uma apresentação grande, com todos os colegas do seu ano... A Catarina foi "galinha" nos Saltimbancos.

A professora já havia nos alertado para o fato de que todo mundo chorava no meio da apresentação. Mas eu não chorei na vez dela, eu chorei antes, quando cantaram "Minha Canção".

Depois de assistir aos Saltimbancos no teatro - sem saber da apresentação de final de ano -, ouvimos o primeiro CD durante meses. Só depois eu (re)descobri os Saltimbancos Trapalhões...

Nessas horas, a gente chora por tudo e por nada, mas eu chorei porque lembrei da gente indo e voltando, no caminho da escola, e a Catarina cantando "Minha Canção", toda afinada, com sua vozinha de criança...

Isso ninguém conta pra gente, mas a gente fica com saudade da criança que passou. A Catarina está aqui e eu posso abraçá-la a qualquer momento. Mas tenho saudade do bebê que ela foi. Daquela barrigudinha de dois anos. E eu sei que vou sentir saudade dela cantando "Minha Canção"... (Aliás, não sei como os pais sobrevivem às saudades dos filhos, depois de certa idade...)

Lembro de um casamento, de uma amiga da Carol, em que a fala dos pais me impressionou. A pessoa que realizava a cerimônia perguntou (para o pai e para a mãe): "O que mais te marcou?"

O pai respondeu: "As grandes festas". Era uma boa resposta. Eles sempre foram muito festeiros (fazia sentido). Mas a resposta da mãe foi melhor: "O dia a dia. Cada coisa. Tudo".

Na hora da grande celebração da "primeira formatura" da Catarina, eu me emocionei porque uma música me remeteu à nossa rotina. Levar e buscar crianças na escola pode ser uma tarefa bastante corriqueira e monótona. Mas pode ser um momento de cumplicidade. Como tantos outros...

A Catarina já escreve seu nome. Já escrevia desde o ano passado. Tem quatro anos. É precoce. Aprendeu a nadar em 2014. Quer aprender música em 2015...

A Mamãe, como vocês sabem, não pôde estar na apresentação da Catarina. Mas ela deu um jeito de enviar uma representante. Foi a Tia Techy, que, por coincidência, estava em São Paulo - e que sempre foi a irmã que a Mamãe nunca teve (ou melhor: *teve*).

Família é esse "ente" que a gente não define, mas sobre o qual a gente aprende com os pais e com os filhos. Com os irmãos, com os tios, com os primos... Até com os amigos. Que sorte que eu tive a minha. Que sorte que eu tenho a Catarina.

Julio Daio Borges
9/12/2014 às 12h44

 

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