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Terça-feira, 6/5/2003
Risos, maestro!
Maurício Dias
+ de 3000 Acessos

ilustração de Flavio Pessoa

Uma dica para quem gosta de “causos” (Será que tem alguém que não goste?) é o o livro Suíte Gargalhadas de Henrique Cazes (Editora José Olympio). Henrique é cavaquinista desde os anos 70, e narra mais de cem histórias coletadas em tantos anos de convivência profissional e etílica com outros músicos.

Muitos dos “causos” narrados são francamente chulos, capazes de fazer corar as moças de outrora (creio que poucas moças de hoje ainda corem, a julgar pelo que as vejo conversando em bares ou escrevendo na internet). E em alguns momentos o livro se ressente da falta de alguém acostumado ao texto – deve ter rolado um copidesque, mas ainda assim há uma gordurinha aqui e ali, uma ou outra frase que teria sido melhor colocada duas linhas abaixo.

Além de divertido, Suíte Gargalhadas cumpre uma função importante ao dessacralizar a profissão de músico. Apesar da beleza da arte, os ossos do ofício são mostrados como na realidade: músicos levam calote, muitos vivem a uma refeição da inanição, são obrigados a tocar em lugares totalmente inapropriados, têm que ouvir pedidos insólitos de platéias. E alguns músicos são mostrados como rudes, fracos de caráter, sacanas – não tem nenhum anjinho tocando harpa aqui, não.

Muitos dos episódios narrados em Suíte Gargalhadas tem cara de lorota, mas o próprio autor admite que muito dali pode ter sido aumentado. Imagino que como tudo que vira folclore, já tenha ouvido a mesma estória protagonizada por diferentes personagens. Temos no livro grosserias risíveis de Aracy D’Almeida – a favorita de Noel Rosa; o flautista Altamiro Carrilho comendo um bolo batizado com erva que passarinho não fuma; um músico de chorinho, que depois de morto teve seu corpo levado pra uma roda de choro que freqüentava, recebendo a homenagem musical dos colegas. E trapalhadas da família Buarque de Hollanda, a mais hilária envolvendo a cantora Miúcha e o músico Sivuca.

Ao menos uma das histórias do livro eu tenho que contar.

Em 1948 Herivelto Martins e Benedito Lacerda fizeram uma adaptação do Minueto em Sol Maior, de Beethoven:

“Minueto,
Tu és do Municipal,
O maior, sem igual
Mas o samba não tem medo,
Só porque tu não és,
Tu não és do carnaval.”

Muitos não gostaram daquela mistura, outros achavam que ofendia o compositor alemão-austríaco (‘austro-germano’ eu me recuso a escrever). Cazes conta: “Como o Café Nice era, nessa época, o epicentro da música popular, foi de lá que saiu a paródia (...):

Minueto,
Quando tu és do Beethoven
Todos te ouvem, todos te ouvem.
Mas quando és do Herivelto
Ou do Lacerda
Todos dizem, oh, que merda.”

Lendo este livro, lembrei-me de outro que também trata ta MPB com muito humor, o “ABC do Sérgio Cabral” (Editora Codecri, 1979). Além de melhor escrito, e mais terno, o livro de Cabral contém entrevistas valiosas cobrindo vários períodos significativos de nossa música, além das histórias do balacobaco. Uma delas é sobre um problema de saúde que acometeu o grande sambista Ciro Monteiro:

“Quando sofria de tuberculose e foi submetido a uma operação, pela qual lhe foram retiradas três costelas. A operação foi feita pelo médico Francisco Benedetti e seus assistentes João Manoel, Gabriel e Girão. Eis o samba:

Dr. João
Descobriu na minha operação
Que as minhas costelas
Eram iguais às de Adão
Sem perder tempo
Ele apanhou três delas
Caprichou e fez três mulheres belas
Eu sabendo disso
Reclamei o meu quinhão
E ele sorrindo
Me mandou lamber sabão
E foi dizendo:
Você não tem nada, não
Só fiz uma pra mim
Uma pro Gabriel
E uma pro Girão
E eu
Que era o dono das costelas
Fiquei na mão.


Apesar do bom humor, é difícil não sentir uma nostalgia por um período - no qual eu não era nascido – em que a música andava de braços dados com a graça e a sofisticação.

Post Scriptum
Depois deste texto pronto, saí na internet à procura de textos sobre o livro de Cazes – queria um arquivo com a foto da capa para reproduzir, pois estou sem scanner. Para minha surpresa, vi que já havia sido comentado aqui mesmo no Digestivo Cultural, pelo Julio Daio Borges. Pensei: e agora, jogo meu texto no lixo e procuro outro assunto? Mas como já estava em cima do prazo, e, apesar de o assunto ser o mesmo, as duas visões são distintas, resolvi publicar. O texto do Julio se encontra aqui. Ao entrar na página, o leitor tem que rolar a barra um pouco para baixo.

Para ir além



Maurício Dias
Rio de Janeiro, 6/5/2003

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