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Terça-feira, 25/11/2003
Alterações pernambucanas
Fabio Silvestre Cardoso
+ de 4700 Acessos

A Guerra dos Mascates (1710-1711) foi o conflito entre os senhores de terra, nos engenhos de Olinda, e os comerciantes portugueses do Recife, os mascates. À época, os proprietários de terra de Olinda estavam endividados em razão da queda internacional do preço do açúcar e, por isso, não aceitaram a emancipação político-administrativa do Recife, onde se concentravam os mascates, posto que este fato só atrapalharia ainda mais a situação dos senhores de Engenho. Mais do que narrar os acontecimentos, o livro A Fronda dos Mazombos, do historiador Evaldo Cabral de Mello, propõe-se a analisar, com riqueza de detalhes, os fatos que cercaram este conflito.

Trata-se, na verdade, de um relançamento, uma vez que a primeira edição do livro saiu em 1995. Desta feita, conforme o próprio autor avisa no início, foram adicionadas informações obtidas em documentação antes existente em Lisboa e que só agora esteve à disposição do historiador. Mais detalhes. Assim, o livro se divide em duas partes. A primeira, “Entre os holandeses e os mascates”, tece impressões sobre a sociedade, vida política e economia das décadas anteriores ao conflito, de 1666 em diante. Já a segunda, “Alterações pernambucanas”, conta o conflito em si.

O historiador inicia sua análise pelo que ele considera ser a gênese do conflito, a destituição de Jerônimo de Mendonça Furtado do cargo de Governador Geral de Pernambuco, em 1666. A partir daí, passa a buscar, nas minúcias, quais foram as causas que levaram ao conflito, sempre tendo a deposição como fio condutor dessa seção. Além disso, preenche a aridez das notas e dos documentos históricos com o relato passional dos cronistas contemporâneos, o que torna a leitura um pouco mais agradável. Entretanto, se por um lado o leitor não se perde com os flashbacks da narrativa, por outro, observa-se que algumas descrições poderiam, sem qualquer defasagem à história, ser suprimidas. Isso porque quem desconhece o assunto corre o risco de ter como foco principal o que ali está como complemento. Já o leitor iniciado, por sua vez, tende a considerar os esclarecimentos ali expostos excessivamente repetitivos, uma vez que a toda hora estes fazem alusão ao que já está sugerido nas primeiras linhas da obra: a luta pelo poder entre os grupos que, mais tarde, se confrontariam.

Isso fica claro no quarto capítulo, quando se tem a totalidade dos eventos que antecedem o confronto entre os nobres e os mascates. Nesse ponto, aliás, o autor consegue tocar o cerne da questão, ao evidenciar o que até aquele momento estava implícito, que é a luta de classes. E a tese se confirma a partir dos relatos de cada parte, que são contrapostos a fim de proporcionar ao leitor uma visão parcial do ocorrido. Observa-se também que essa polarização entre comerciantes e agricultores foi muito peculiar à realidade de Pernambuco. Exemplo disso foi a convivência pacífica entre os dois grupos na Bahia, conforme revela o autor: “A própria facilidade com que os comerciantes ricos pularam a barreira para tornar-se parte da elite impediu-a de se transformar numa corporação fechada que poderia ter marginalizado um grupo social economicamente poderoso e politicamente fraco, situação que quase certamente teria provocado conflito de classe”.

Além disso, Evaldo Cabral de Mello levanta uma explicação necessária para o desmonte do mito da cordialidade do Brasil Colônia ao mostrar como era violenta a sociedade pernambucana naquele momento: “Ao percorrer estas páginas, o leitor poderá interrogar-se sobre a sem-cerimônia com que se mandava espancar e assassinar, práticas ampla e tacitamente aceitas por todas as camadas sociais”.

Outro tópico fundamental, já na segunda parte, é o que versa sobre o governo de Sebastião de Castro e Caldas. Evaldo Cabral gasta boa parte do livro contando as ações dos governadores-gerais (há, inclusive, no anexo uma lista com todos os governadores de 1654 a 1718); no entanto, faz uma análise acurada da gestão de Castro e Caldas, enfatizando, não somente os erros políticos, como também as falcatruas. Nesse sentido, o autor sugere que, após um governo tão parcial para os mascates, o confronto seria inevitável. Ou nas próprias palavras do autor: “Castro e Caldas desfruta lugar indisputado na galeria dos vilões da história pernambucana (...) Ninguém seria tão execrado entre nós quanto este produto típico da pequena nobreza lusitana típica.”

De um modo geral, a análise de Evaldo Cabral consegue aliar estilo à análise factual da Guerra dos Mascates, justamente porque o autor não se furta a contrapor os documentos existentes, sem pender para um dos lados. São válidos, inclusive, as notas de rodapé e o supracitado anexo, que possui também as fontes narrativas utilizadas pelo autor. Contudo, para que se possa chegar ao conflito em si, muitas idas e vindas são necessárias ao longo do livro, o que torna o objeto de estudo, a Guerra, secundário em comparação com o entorno. Ou seja, se é preciso que se entenda o ambiente vivido naquele momento, também é essencial que haja um processo de seleção a fim de que se destaque o que é relevante e o que deveria ser colocado como apêndice de um confronto que, ao passo que é tão importante para a História do Brasil, é, ainda, pouco debatido.

Nossa História viva em revista

Com o objetivo de estimular o gosto pela história do País, a Editora Vera Cruz, em parceria com a Biblioteca Nacional, lança a revista Nossa História. A publicação se propõe a tratar os principais temas que marcaram a formação do Brasil nos últimos 500 anos. Entre os membros do Conselho Editorial da revista, nomes de quilate como o jornalista Marcos Sá Correa, a antropóloga Lilia Moritz Schwarz e o historiador Evaldo Cabral de Mello. Além deste, outro periódico surge para trazer, mensalmente, “a chave para a compreensão de nossa realidade e de nossa perplexidade”: trata-se da revista História Viva, cuja abrangência é mais internacionalista, com enfoque especial para África e Portugal pelo que representam para o nosso povo e nação, segundo as próprias palavras do publisher, Alfredo Nastari.
A despeito das iniciativas válidas, as duas publicações contam com problemas estruturais. Nossa História porque se fixa em temas muito particulares do Brasil, além de ter um caráter professoral em suas matérias. Já a História Viva tende a ser uma versão muito aquém da francesa Histoire, justamente por ter 50% do conteúdo "importado".

Para ir além






Fabio Silvestre Cardoso
São Paulo, 25/11/2003

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