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Terça-feira, 2/5/2006
Boa nova: o semi-inédito CD de Chico
Vitor Nuzzi
+ de 8700 Acessos
+ 1 Comentário(s)

O CD mais recente de Chico Buarque, As Cidades, foi lançado em um ano de Copa do Mundo. Deu azar: o Brasil perdeu na decisão para a França, em 1998. Pelo menos, naquele mesmo 1998 a Mangueira venceu o Carnaval carioca com um samba-enredo em homenagem a Chico. Oito anos depois, o futebolista e escritor Chico Buarque lança Carioca, seu apelido na época em que residia em São Paulo, onde morou durante 20 de seus quase 62 anos. Na capa e no encarte, mapas do Rio de Janeiro são projetados sobre o rosto e o corpo de Chico.

Nascido em 19 de junho de 1944 no bairro do Catete, no Rio, ele hoje mora em um prédio numa rua tranqüila do Leblon, bairro por onde costuma caminhar - calça 42 e gosta de andar com rapidez - e tomar água-de-coco. Será o primeiro trabalho pela Biscoito Fino, com a qual assinou contrato ano passado. Segundo a gravadora, o trabalho que chegará às lojas em maio terá duas versões: CD e caixa com CD e DVD, com cenas dos bastidores da produção. Chico já passou dos 20 discos solo, incluindo lançamentos em italiano e espanhol. O número de composições supera 300 - bem longe dos mil gols de Pelé, mas com várias obras-primas. E Carioca chega ao mercado praticamente 40 anos depois do lançamento do primeiro LP do compositor, Chico Buarque de Hollanda, em outubro de 1966 - ano em que ele conheceu Marieta Severo, sua mulher durante 30 anos e mãe de suas três filhas, Silvia, Helena e Luísa.

Um disco de Chico Buarque é sempre uma boa notícia para a música. Em seu primeiro LP, como atacante que é dentro de campo, ele já mostrou ao que veio, com obras como "A Banda", "Pedro Pedreiro", "Tem Mais Samba", "A Rita". "Nenhum outro compositor fizera uma espuma desse tamanho ao surgir", observou o escritor Ruy Castro, em texto comemorativo dos 60 anos de Chico, publicado em 2004 pela revista Contigo!. Assim como o de 1966, o disco de 2006 tem 12 faixas. A diferença é que nem todas são inéditas. Algumas delas já foram ouvidas em outras vozes.

"Ode aos Ratos" (Chico e Edu Lobo), a terceira faixa, foi incluída no musical Cambaio, de Adriana e João Falcão, em 2001. A seguinte, "Dura na Queda", foi gravada por Elza Soares em 2002. A décima, "Leve", tem uma versão de 1997, de Dora Vergueiro - filha de Carlinhos Vergueiro, parceiro de Chico na composição. "Imagina", de Tom Jobim e Chico, que fecha o CD, saiu originalmente em 1983, na trilha sonora do filme Para Viver um Grande Amor, de Miguel Faria Jr. - a música, de Tom, é de 1947. Outras duas composições também foram feitas para o cinema: "Porque Era Ela, Porque Era Eu", (referência a uma frase de Michel de Montaigne, filósofo francês do século 16), que compõe a trilha do recente filme A Máquina, de João Falcão, e "Sempre", que fará parte da trilha de O Maior Amor do Mundo, de Cacá Diegues. O disco traz mais duas parcerias: "Bolero Blues", com o baixista Jorge Helder, e "Renata Maria", com o compositor Ivan Lins. Completam o disco "Subúrbio", "As Atrizes", "Ela Faz Cinema" e "Sempre". O CD tem participações especiais de Dominguinhos (com quem Chico gravou "Tantas Palavras", em 1984), Mônica Salmaso e Daniel Jobim, direção musical de Luiz Cláudio Ramos - que há exatos 30 anos assinou o arranjo de "Mulheres de Atenas" - e, assim como em 1998, produção de Vinícius França.

"(Chico) Faz a música que quer fazer e que acha de boa qualidade. E só libera o disco quando tem certeza que já esgotou todas as possibilidades de melhora, quando sente que está no ponto", contou a jornalista Regina Zappa em livro de 1999. Se assim é, o CD tem selo de qualidade, embora nem todas as músicas sejam desta safra, o que limita a compreensão da atual produção de Chico Buarque, que em um período de 13 anos, 1993 a 2006, lançou apenas três CDs de composições inéditas. É bem verdade que no meio do caminho ele enveredou pela literatura, com Benjamim, em 1995, e Budapeste, de 2003 - ano que em Benjamim viraria filme, dirigido por Monique Gardenberg. Três anos antes, o livro Estorvo, publicado em 1991, serviu de base para longa-metragem de Ruy Guerra, antigo parceiro de Chico. O seu primeiro livro, Fazenda Modelo, é de 1974.

Como sempre, as comparações serão inevitáveis. "As pessoas sempre me perguntam por que eu não faço mais aquela música. Aquela música é tudo o que eu não quero fazer. Eu quero fazer a outra música", comentou, em entrevista de 1993. O próprio Chico já identificou um público muito mais saudosista do que ele. "Mas não posso me prender a uma expectativa que é paralisante", afirmou, na mesma entrevista, concedida à revista Ligação, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

A explicação de Chico Buarque para a produção musical cada vez menos intensa é recorrente: a preocupação com a qualidade. "Quando você grava o primeiro disco, deixa de fora o dobro das músicas, porque no disco não cabe tudo aquilo que você tem na cabeça. Você acha tudo maravilhoso. Depois você começa a ficar cada vez mais seletivo, demora mais tempo pra fazer uma música", disse à extinta revista Bundas, em junho de 2000. "Agora, o ritmo é outro. É normal que seja outro. É menos espontâneo do que era aos 20 anos. Você procura mais, burila mais", afirmou, na mesma linha, à revista Caros Amigos, em dezembro de 1998. "Mas eu só gravo um dia quando acho que estou fazendo algo novo, penso que posso fazer melhor em relação ao que já fiz. Meu trabalho é tecnicamente melhor, tenho mais rigor na composição", disse em entrevista ao suplemento dominical Revista, do jornal O Globo, no último dia 23 de abril. Na mesma publicação, ele tenta explicar o título do CD. "O disco é carioca até nas citações musicais, tem canção com um toque da música americana que se ouvia aqui no Rio dos anos 50. Tem muitas citações musicais e literárias à cidade do Rio de Janeiro." Nada intencional nem saudosista, ressalta o autor. "Não planejei um disco carioca, isso foi acontecendo pelas notícias que a gente tem das transformações da cidade nesses anos todos..."

Música e literatura sempre estiveram presentes na vida de Chico, como atesta o seu próprio pai, Sérgio Buarque (1902-1982), em artigo escrito em 1968 e publicado em 1991 pelo jornal Folha de S. Paulo: "Sempre gostou muito de ler. Guimarães Rosa é um de seus autores preferidos. Quando fez 'Pedro Pedreiro', inventou uma palavra: penseiro. Talvez inspirado em Guimarães Rosa, que também era dado a inventar palavras. Tolstói e Dostoiévski também eram seus favoritos. Assim como Kafka. Em geral, ele ia lendo tudo o que caía em suas mãos. A música é responsável por ele ter abandonado o curso de Arquitetura, decisão que tomou sozinho". O gosto pelo futebol veio da mãe, Maria Amélia, torcedora fanática do Fluminense. Nesse tripé se sustenta a obra de Chico Buarque, que, driblando rótulos ao longo de sua carreira, transita por diferentes gerações com a mesma desenvoltura. Dessa maneira, um "meio disco" de Chico pode valer por dois. E deve ser saboreado como um bom tinto italiano.


Vitor Nuzzi
Rio de Janeiro, 2/5/2006

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
9/8/2006
02h39min
O Chico fez coisas notáveis em sua carreira. E sempre manteve o nível (muito alto). E apesar de ser, ao longo dessa carreira, um dos artistas mais politicamente engajados, não virou ministro. Ufa.
[Leia outros Comentários de Guga Schultze]
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