Por que Edward Bloom? | Eduardo Mineo | Digestivo Cultural

busca | avançada
84380 visitas/dia
2,0 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Documentário 'O Sal da Lagoa' estreia no Prime Box Brazil
>>> Mundo Suassuna viaja pelo sertão encantado do grande escritor brasileiro
>>> PEGADAS DA GÁVEA VAI MOVIMENTAR O BAIRRO DE 26 A 28 DE ABRIL
>>> Ole! Feira Flamenca completa 15 anos com programação especial em SP
>>> Desenhos de Bruno de Abreu sugerem memórias sem linearidade narrativa
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
Colunistas
Últimos Posts
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
>>> Uma nova forma de Macarthismo?
>>> Metallica homenageando Elton John
>>> Fernando Schüler sobre a liberdade de expressão
>>> Confissões de uma jovem leitora
>>> Ray Kurzweil sobre a singularidade (2024)
>>> O robô da Figure e da OpenAI
Últimos Posts
>>> Salve Jorge
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
>>> Ícaro e Satã
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Do abraço genital ao abraço virtual
>>> E eu não gosto também de Tolstoi
>>> Steve Jobs (1955-2011)
>>> A favor do Brasil, contra a seleção!
>>> Um pequeno retângulo azul
>>> Sangue, Carne e Fritas
>>> Entrevista com Leandro Carvalho
>>> O conto como labirinto em Milton Hatoum
>>> Somos diferentes. E daí?
>>> Free: o futuro dos preços é ser grátis
Mais Recentes
>>> No Tempo Do Feudalismo de Maria Jose Acedo Del Olmo pela Ática (2004)
>>> Pare De Se Sabotar E De A Volta Por Cima de Flip Fippen pela Sextante (2010)
>>> 3 Marias, 3 Bolos, 3 Meninos de Sueli Ferreira De Oliveira pela Cpb (2011)
>>> Manual De Esportes Do Cascão de Mauricio de Sousa pela Globo (2003)
>>> Almanaque Jedi - Guia Do Universo Star Wars Feito Por Fas Para Fas de Brian Moura, Henrique Granado pela Leya Brasil (2015)
>>> Amores Em Cena Numa Noite De Verão de Gerlis Zillgens pela Melhoramentos (2008)
>>> Diario De Uma Garota Nada Popular - Vol. 3,5 de Rachel Renee Russell pela Verus (2012)
>>> Almanaque Sitio - Futebol de Fulvio Giannella Junior pela Globo (2012)
>>> O Outro Lado Da Ilha - Serie Vaga-Lume de José Maviael Monteiro pela Atica (1987)
>>> Crônica De Um Amor Louco - Coleção L&pm Pocket 574 de Charles Bukowski pela L&pm (2009)
>>> A Literatura Portuguesa Através dos Textos de Massaud Moisés pela Cultrix (1987)
>>> Pinóquio As Avessas de Rubem Alves - Mauricio de Sousa pela Verus - Mauricio de Sousa (2010)
>>> O Livro De Ouro Do Universo de Ronaldo Rogerio De Freitas Mourao pela Nova Fronteira (2001)
>>> Tudo Sobre Canarios de Mauro Mello Mattos pela Ediouro (1987)
>>> A Revolução Tecnologica da Gramatizaçao de Sylvain Auraux pela Unicamp (1992)
>>> A Vida de Cristo Ilustrada por Gustave Doré de Gustave Doré - Prof E Olivio pela Expel (1966)
>>> Liturgia - Peregrinacao Ao Coracao Dos Misterio de Valeriano Santos Costa pela Paulinas (2009)
>>> Leonardo Da Vinci - O Códice Atlântico - vol 1 de Leonardo Da Vinci pela Folio (2008)
>>> Uma Ponte Para Terebin de Leticia Wierzchowski pela Record (2006)
>>> A Turma Da Rua Quinze de Marçal Aquino pela Ática (2015)
>>> Eclipse de Stephenie Meyer pela IntrÍnseca (2009)
>>> Murilo Rubiao de Murilo Rubiao pela Companhia De Bolso (2010)
>>> Programação Orientada a Objetos com Java de Barnes Kolling pela Pearson (2009)
>>> Programa Do Livro-texto de Daltamir Justino Maia pela Pearson (2006)
>>> E Eu Com Isso? de Brian Moses pela Scipione (1999)
COLUNAS

Segunda-feira, 9/2/2009
Por que Edward Bloom?
Eduardo Mineo
+ de 5600 Acessos
+ 1 Comentário(s)

Porque é pelo menos um bom nome. Soa bem. E isso é o que importa. Vocês não sentem pena de quem não tem um bom nome? Quem não tem um bom nome já começou errado. "Ah, esse é seu nome? Não faz mal, daremos um jeito nisso", disse alguém da Warner em A star is born quando uma garota de nome feio se apresenta. Acho até válido formar opiniões sobre alguém se baseando apenas em seu nome. Posso parecer indelicado, mas no nome está contida a essência da formação de uma pessoa, pois denuncia o bom senso e os conceitos de seus pais. Além disso, o nome influi no comportamento de cada um. O teor cômico de Joaquim Maria, por exemplo, teria arruinado para sempre a vida de Machado de Assis, se ele não o escondesse frequentemente. Na infância, seria alvo de chacota dos outros garotos, roubariam seu lanchinho. Ter um coleguinha chamado Machado de Assis é perfeitamente normal, vai dizer que não? Já Joaquim Maria é zoeira na certa. E futuramente teria sérios problemas profissionais, uma vez que um editor sensato jamais publicaria o livro de alguém com esse nome. Diante da capa de seu exemplar, o editor sensato alisaria seu espesso bigode e diria "Joaquim Maria? Mas que porra de nome é esse?", e tudo estaria acabado. Portanto, escolhi Edward Bloom como pseudônimo para escrever na internet antes de começar esta coluna no Digestivo Cultural. E agora que estou deixando de ser colunista aqui, queria colocar os acentos nos porquês ― e ai do Rafael Rodrigues, editor-assistente e grande entusiasta da reforma, de tirá-los. Ouviu? Ahn? Ahn?

Antes de prosseguirmos, coloquemos nossas fucinheiras e vamos à minha demissão da coluna.

Acredito que, se Deus existir, deve ser um tipo de taxista bêbado que acha que sabe mais que você sobre sua vida. "Acho que era pra entrar ali", você diz, mas Deus não ouve, não vai ouvir. Você então xinga, esperneia, diz que não vai pagar: tudo em vão. Agora você já passou cinco quadras e não tem mais retorno. No meu caso aqui, o taxista passou reto mais uma vez e acabei não conseguindo encontrar um retorno para minha vida nesta coluna. Chegou a hora do adeus.

Ou talvez não seja tão dramático assim. Nada dura para sempre, mas as coisas podem durar bastante; depende das partes. A resposta padrão nesta situação é a de que ando ocupado demais com meus afazeres pessoais, o que não deixa de ser verdade, mas não vou usar essa desculpa esfarrapada para meu relapso com a coluna. Escrever nunca me foi natural; tenho que me esforçar demais: este é o fato. Leio e escrevo porque é uma das últimas coisas que ainda me dão algum divertimento sincero, uma forma de me orgulhar de mim mesmo após cada frase espertinha, após cada comentário mal-educado. Porém, meu negócio é outro; minha cabeça só funciona do outro lado. Ou seja, não é justo com o Digestivo Cultural deixar o vácuo na coluna que eu estava deixando. E também não é justo com pessoas que conseguiriam contribuir muito mais do que eu. Não vou empurrar com a barriga.

Agora minha consciência está pulando no meu ombro para que eu fale sobre Big Fish, filme que conta a vida de Edward Bloom, dono do meu pseudônimo. É um filme bonito, suave, de bom gosto. A total ausência de atores brasileiros reforça o que eu disse. É um filme muito bom, mesmo. E tem roubo a banco, bruxa, guerra, gigante, soco na cara, pessoas sendo atiradas por canhões, enfim, tudo muito legal. E o Bloom. Ele é um velhinho todo simpático que tem um filho idiota, que é o que os filhos são. Acho curiosa essa capacidade dos pais em ver seus filhos, que há pouco babavam, agora revirando os olhos pra eles sem dar-lhes um murro na boca. O maior insulto à dignidade de um homem é um piá remelento revirando os olhos para ele por considerá-lo obsoleto, como se andar de calça arriada fosse parâmetro de atualidade, parâmetro de alguma coisa. Passei boa parte da minha vida revirando os olhos para meu pai e hoje penso que, se tivesse que viver novamente minha adolescência, gastaria toda ela me dando murros na boca. Mas, enfim, o Bloom não esmurra seu filho. Deveria, deveria pelo menos um pouquinho, mas não.

Também é verdade que algumas cenas são sentimentais demais. São cenas bem feitas, bem trabalhadas, mas sentimentais demais e exigem um pouco de autocontrole para não se correr o risco de lhe flagrarem tremendo o queixo com olhinhos de piedade. Seria ridículo, pelo amor de Deus, comporte-se. Mas tem boas cenas de humor também, de bom humor. Tem uma cena, a minha preferida, que o Bloom está caminhando pela rua quando vê um cachorro fazendo cocô e pensa consigo "Aí está a essência do modernismo!". Ele ri sozinho e continua caminhando, contente e superior.

Tudo bem, eu inventei essa cena, mas eu gostaria de vê-la com Albert Finney. Me tornaria mais feliz, eu acho (não tanto quanto se eu comprasse a Suécia, digamos, mas ficaria feliz, sim). Gosto da pessoa que Finney criou para Edward Bloom; me identifiquei bastante com ela. Não é como o pai do Andrew, de War and Peace, que eu não me identifico, mas considero como modelo. É diferente. O pai de Andrew é um modelo de pessoa, de pai, de como alguém deve tratar seu filho, de como demonstrar afeição e ao mesmo tempo rigidez, mas sem se portar como um retardado ou um estúpido. Quando Andrew se despede para ir à guerra, seu pai diz a única coisa que um pai poderia dizer a um filho nessa situação:

"Remember this, Prince Andrew, if they kill you, it will hurt me, your old father (...) but if I hear that you have not behaved like a son of Nicholas Bolkónski, I shall be ashamed!"

(Tradução: "Lembre-se disto, Príncipe Andrew, se eles o matarem, isto me machucará, seu velho pai (...), mas se eu ouvir que você não se comportou como um filho de Nicholas Bolkónski, eu sentirei vergonha!")

Todo pai deveria ter o direito de dizer isso, um dia. Faria de qualquer moleque remelento e com calça arriada, um homem de verdade.

Já com Bloom, há de fato uma identificação; me vejo nele durante todo o tempo. Tenho o mesmo temperamento, o mesmo senso de humor, a mesma fidelidade e com certeza também faria as mesmas bobagens que ele fez durante o filme, como ficar três anos sem falar com um filho besta ou tomar a maior surra do mundo para poder pedir uma garota em casamento. Assista ao filme e eu sou mais ou menos aquilo lá: um pouco mais novo, um pouco mais baixo, um pouco mais gordo, mas ainda aquilo lá. E digo isso alisando meu espesso bigode de gente sensata e que tem um bom nome, pelo menos.


Eduardo Mineo
São Paulo, 9/2/2009

Mais Eduardo Mineo
Mais Acessadas de Eduardo Mineo
01. O físico que era médico - 23/4/2007
02. Projeto Itália ― Parte I - 1/6/2010
03. A comédia de um solteiro - 3/12/2007
04. A propósito de Chapolin e Chaves - 24/9/2007
05. Projeto Itália ― Parte II - 14/6/2010


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
15/2/2009
22h26min
Que pena!!! Já lamentei bastante vc ter acabado com o blog, agora não tenho nem o prazer de matar as minhas saudades aqui!
[Leia outros Comentários de Dzu]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Livro Capa Dura Literatura Estrangeira God of Small Things, The
Arundhati Roy
Harper Usa
(1997)



História Universal da Eloqüência Volume 3
Hélio Sodré
Forense



Coleção Folha Cine Europeu - a Regra do Jogo Vol. 20
Jean Renoir
Folha de S. Paulo
(2011)



Milionario aos Cinquenta
Hermano Barbosa
Nobel
(2001)



O homem que comprou o rio
Aguinaldo silva
Brasiliense
(1987)



Apontamentos de História Sobrenatural
Mario Quintana
Globo
(2002)



Livro Auto Ajuda O Sucesso Está no Equilíbrio
Robert Wong
Campus
(2008)



O Santo Inquérito
Dias Gomes
Ediouro



Amorosidade. A Cura Da Ferida Do Abandono
Wanderley Oliveira
Dufaux



Sanitation in Food Processing
John a Troller
Academic Press
(1983)





busca | avançada
84380 visitas/dia
2,0 milhão/mês