Anna Karenina, Kariênina ou a do trem | Eugenia Zerbini | Digestivo Cultural

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Quinta-feira, 21/2/2013
Anna Karenina, Kariênina ou a do trem
Eugenia Zerbini
+ de 9600 Acessos

A nova versão para o cinema de Anna Karenina tem desembarque no país previsto para março. Baseada no romance de Leon Tolstói (1828-1910), repete a dupla Keira Knightley, no papel título, e John Wright na direção, dobradinha de sucesso nos filmes Desejo e Reparação e Orgulho e Preconceito, ambos tirados também da literatura (Reparação e Orgulho e Preconceito, respectivamente do contemporâneo Ian McEwan e de Jane Austen, uma grandes damas da literatura inglesa do século XIX).

A maior parte da ação desenrola-se em um teatro rebuscado. O incrível é que as passagens de cena, mesmo em tal moldura, encadeiam-se de forma natural, dando a impressão de passes de mágica: de um ambiente doméstico para um restaurante; em seguida para um escritório; na sequência para uma estação de trem; de volta para uma residência; depois um salão de baile, daí em diante... Tudo muito colorido, ação rápida, afirmando um tom que de certo modo lembra aquele da ópera bufa. Os ares ficam mais sérios e realistas a partir do momento que a heroína assume publicamente seu romance, quebrando não as leis, mas as regras, como afirmado na tela. Anna Karenina é uma adúltera assumida. Esse é seu erro. Se levasse adiante sua paixão escondida, tudo seria diferente.

Aparentemente é a quinta versão para o cinema de Anna Kariênina - como quer Rubens Figueiredo, na primeira tradução diretamente do russo publicada no Brasil (SP, Cosac Naify, 2005; a grafia dos nomes será aquela por ele adotada). A primeira, lançada em 1935, em preto e branco, foi estrelada por Greta Garbo. Apesar de sua beleza de estátua, a interpretação peca pelo artificialismo dos trejeitos da época. Outro pecado é que o roteiro distancia-se demais do original, atendo-se ao caso de amor Kariênina versus Vrónski.

Em 1948, estreou a versão de Lady Vivien Leigh (o marido, o ator Lawrence Olivier, havia sido sagrado cavaleiro no ano anterior). No início dos anos 1960, veio outra, preparada para televisão pela BBC, cujo par amoroso ficou a cargo de Claire Bloom e ninguém menos que Sean Connery, às vésperas de tornar-se mundialmente famoso como James Bond. Comenta-se a existência de uma quarta versão, russa, lançada em meados da década de 1960. Em 1985, estreou nova versão para a TV, cujo único ponto forte era o belo casal de atores nos papéis centrais, Jacqueline Bisset e Christopher Reeve. Sophie Marceau e Sean Bean repetiram essa dose de encantamento em montagem suntuosa, filmada na Rússia e estreada em 1997. Versão correta, fiel ao romance, e, segundo alguns (principalmente algumas), o Vrónski definitivo.

Cada época com sua própria versão da história. Ao levar isso em conta, é fácil admitir as inovações que marcam essa mais recente Anna Kariênina, cujo maior trunfo é sem dúvida o roteiro assinado por Tom Stoppard. Tudo do livro está na tela. De modo preciso, conciso e brilhante. Tarefa nada fácil, em face das tramas que se interligam no grosso volume que é o livro.

Anna Kariênina foi escrito entre 1873 e 1877. Na década anterior, Tolstói havia publicado Guerra e Paz, firmando-se como um grande escritor. Seu talento era reconhecido por todos, público e pares. A bem da verdade, Tolstói era endeusado. Para Tchecov era um Júpiter, uma águia planando acima dos outros homens. Para Turgueniev, o grande escritor da terra russa. Gorki dizia-se hipnotizado pelo seu simples olhar.

Morando no campo, em sua famosa propriedade Iásnaia Poliana, o autor soube, em 1872, do suicídio da mulher com quem seu vizinho vivia. Anna era seu nome. Depois de descobrir o envolvimento do marido com uma das empregadas (mais precisamente, a preceptora alemã de seus filhos), Anna atirou-se sob as rodas de um trem. Tolstói chegou a ir à estação onde ocorrera o acidente. Um ano depois, o empurrão final para o início do romance foi dado. Tolstoi é arrebatado pela simplicidade da abertura de um conto de Púchkin, nos conta Rubens Figueiredo, na introdução à sua tradução: "Os convidados chegaram à casa de campo". Desse arrebatamento resultou uma das mais conhecidas aberturas:
"Todas famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira.

Tudo era confusão na casa dos Oblónski. A esposa ficara sabendo que o marido mantinha um caso com a ex-governanta francesa e lhe comunicara que não podia viver com ele sob o mesmo teto. Essa situação já durava mais de três dias e era um tormento para os cônjuges, para todos os familiares e para os criados. Todos, familiares e criados, achavam que não fazia sentido morarem os dois juntos e que pessoas reunidas por acaso em qualquer hospedaria estariam mais ligadas entre si do que eles, os familiares e os criados dos Oblónski. A esposa não saia de seus aposentos, o marido não parava em casa havia três dias. As crianças corriam por toda a casa, como que perdidas, a preceptora inglesa se desentendera com a governanta e escrevera um bilhete para uma colega, pedindo que procurasse um outro emprego para ela; o cozinheiro abandonara a casa no dia anterior, na hora do jantar; a ajudante de cozinha e o cocheiro haviam pedido as contas".

Como também assinalado por Figueiredo, Anna Kariénina foi construído sobre as tensões de contrastes: Moscou, por assim dizer mais russa, em face de São Petersburgo, mais européia; a vida nas cidades, tida pelo autor como vazia, comparada à vida no campo, simples e pura; o amor sacro, vivido dentro do casamento (no caso, os personagens Liévin e Princesa Kitty), em comparação ao amor profano, usufruído no pecado, exemplificado por aquele que arrasta Anna Kariênina para morte. Sempre houve realmente um simbolismo rico e interminável ao redor das polaridades São Petersburgo e Moscou. Na colocação de Marshall Berman,
"Petersburgo representando todas as forças estrangeiras e cosmopolitas que fluíram da vida russa, Moscou significando todo o acúmulo de tradições nativas e insulares do Narod russo; Petersburgo como o Iluminismo e Moscou como o anti-iluminismo; Moscou como a pureza do sangue e solo, Petersburgo como poluição e miscigenação; Moscou como o sagrado, Petersburgo como secular (ou talvez ateu); Petersburgo como a cabeça da Rússia. Moscou como o seu coração" (Tudo que é sólido desmancha no ar. SP, Cia das Letras, 1988).

A família de Anna Kariênina é de Moscou, porém ela se casa com Aleksiei Kariênin, alto funcionário do governo, homem sério e mais velho que ela. Portanto, Anna muda-se para São Petersburgo. Em face do caos descrito na abertura do livro, seu irmão, Stiva Oblónsky, pede à irmã ir para Moscou a fim de apaziguar a cunhada, Princesa Dolly. Já no desembarque, Anna conhece o Conde Vrónski, jovem solteiro, viril, charmoso e rico, oficial do exército do czar. Além das idas e vindas São Petersburgo-Moscou, há o contraste entre a vida da cidade e do campo.

Ao mesmo tempo em que recebe a irmã, Oblósnky é visitado por Liévin - alterego do escritor. Proprietário de terras no campo, herdadas dos pais, Liévin cultiva tradições. Ele está apaixonado por Kitty, a jovem cunhada de Oblósnky. Ela, entretanto, acredita estar apaixonada por Vrónski. Este a aprecia, mas perde a cabeça quando coloca os olhos em Anna. Kitty sente a mudança dos ventos e, depois de ficar muito doente, aceita Liévin como marido. São felizes. Anna assume sua paixão por Vrónski, mas o marido não lhe concede o divórcio nem lhe entrega o filho. Ambos terminam muito infelizes, Anna jogando-se sobre os trilhos de um trem e Vrónski indo lutar na Sérvia contra os turcos do Império Otomano.

Mas são mais de 800 páginas para dar conta de todo o enredo. Há divagações sem fim de Liévin, sobre Deus, a natureza humana, o amor, família, tantas que até mesmo os leitores mais comportados sentem-se tentados em pular páginas. Tolstói é econômico quanto às cenas de amor entre os amantes. Segundo as anotações de sua filha mais velha, Tatiana (Tolstoi meu pai, RJ, Nova Fronteira, 1978), o autor era misógino até não mais poder, desprezando mulheres que usavam seus encantos para seduzir. Ele deu sinais de não gostar realmente de Anna, uma vez que restou a esta última se satisfazer com o seguinte, lá pelo final do primeiro terço do romance:
"Aquilo que, durante quase um ano inteiro, constituíra para Vrónski o único e exclusivo desejo de sua vida e tomara o lugar de todos os seus desejos anteriores; aquilo que era, para Anna, um sonho de felicidade impossível, assustador e, por isso mesmo, ainda mais fascinante - esse desejo foi satisfeito. Pálido, com o maxilar inferior trêmulo, Vrónski estava de pé junto a ela e implorava que se acalmasse, sem saber ele mesmo por que ou como.

- Anna! Anna! - dizia com voz trêmula. - Anna, pelo amor de Deus!... Porém, quanto mais alto falava, mais ela baixava a cabeça, antes altiva, alegre, e agora envergonhada, e Anna recurvava-se inteira e descaía do divã, onde estava sentada, na direção do soalho, aos pés de Vrónski; e teria tombado no tapete se ele não a segurasse".

Sean Bean e Sophie Marceau interpretaram ao pé da letra essa cena nas telas. Na versão com Keira Knightley e Aaron Taylor-Johnson é diferente. Há toda uma dança estilizada entre o par. Existem aves, de fato, que dançam antes da conquista; Mr. Taylor-Johnson lembra um vaidoso pavão. Há também quem critique o fato de sua caracterização transformá-lo em outro animal, um poodle loiro, com sua maquiagem excessiva e seus cachinhos amarelo ovo. Logo Vronski, ícone da virilidade eslava. A atemporal Mlle. Chanel recomendava que toda mulher, pelo menos uma vez na vida, provasse do charme de um amante eslavo. Ainda bem que, por não estar mais por aqui, Mademoiselle foi poupada desse Vrónski, que contrasta no filme com a fina estampa de Jude Law (como marido traído), não importa se escondida sob uma caracterização que o faz mais velho.

Cada época narrando suas histórias à sua maneira permite que gerações diferentes possam desfrutá-las. Ao menos nos Estados Unidos, a leitura de Anna Kariênina é obrigatória no equivalente ao nosso Ensino Médio. Em Gossip Girl, série de sucesso no universo teen, há uma menção ao livro. Para um adolescente, em lugar de ler o grosso volume, seria mais palatável assistir ao filme. E saindo do cinema, seguir a moda que reflete o filme. O jornal O Globo (edição de 16/02/20013) noticia que Jacqueline Durran - que assina os figurinos do filme e concorre ao próximo Oscar - criou, a pedidos, uma linha para a rede Banana Republic inspirada na moda russa do século XIX. Atualmente uma grife oca, distante do chic da mulher que a concebeu, a Maison Chanel, responsável pelas jóias usadas no filme, contratou Ms. Knightley para ser a garota-propaganda de um de seus perfumes. Por seu turno, o diretor, John Wright, foi quem filmou a nova campanha do Chanel nº 5. Intrincadas relações de mercado.

Para quem leu o romance e não tem preconceito, o filme é um bom espetáculo. Afinal, na mais recente temporada lírica do Teatro Municipal de São Paulo (2012), foram levadas ao palco montagens nada ortodoxas, do ponto de vista cênico, de O Crepúsculo dos Deuses (Richard Wagner) e de Macbeth (Verdi). Ambas muito elogiadas tanto pelo público como pela crítica. Nesse sentido, sucesso certeiro para Anna Kariênina, a cada sessão sucumbindo de novo debaixo das engrenagens de um trem.


Eugenia Zerbini
São Paulo, 21/2/2013

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