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Terça-feira, 3/11/2015
Armando Freitas Filho, dossiê na Palavra
Jardel Dias Cavalcanti
+ de 4500 Acessos


Palavra é uma revista editada pelo SESC Literatura em Revista. A revista tem publicado dossiês, ensaios, resenhas, contos, poemas e trabalhos de artes visuais. Além da qualidade de seus textos, a revista é notável em seu trabalho gráfico, apresentando vários formatos para seus ensaios, imagens e poemas, fazendo de cada publicação uma aventura visual.

Nesse sentido, quando a atenção sobre o projeto gráfico é tão importante quanto o conteúdo dos escritos, vale reproduzir trecho do texto "O corpo da linguagem", de Maurício Ianês, publicado no primeiro ensaio da revista desta edição:

"Pensar o corpo, ao se pensar em uma revista, é também pensar o corpo do leitor, em suas ações, nas mãos que folheiam as páginas, no seu toque, nos olhos que percorrem o texto, na performatividade da leitura, na voz que dá vida à matéria impressa. Pensar o corpo, ao se pensar em uma revista, é também pensar no corpo da linguagem, em seus corpos invisíveis, em sua matéria mais crua, em seus silêncios, em seus buracos e seus vazios, suas potências e suas meias palavras, seus pontos finais e espaços, sua matéria gravada em preto e branco."


Na edição de número 6 (2015), a revista traz um dossiê sobre o poeta Armando Freitas Filho, que é o que nos interessa aqui. Seguindo a ordem das páginas, a revista apresenta um artigo de Antonio Cícero, denominado "A poesia de Armando Freitas Filho e a apreensão trágica do mundo"; de Mariana Quadros, um artigo denominado "De corpo presente"; em seguida, a revista apresenta uma biografia sucinta de Armando Freitas Filho, dos idos anos de 1940 até 2015; também aparece uma entrevista que o poeta concedeu a Flavia Tebaldi e Frederico Girauta; após a entrevista, as páginas da revista publicam o longo poema "Suíte para o Rio", de Armando Freitas Filho; na seção "Depoimento" há textos sobre Armando Freitas Filho escritos por Laura Liuzzi, Eduardo Coelho, Eucanaã Ferraz e Mário Alex Rosa.


Como presente para seus leitores a revista ainda publica um encarte com o poema "A flor da pele" (do qual reproduziremos trechos no final do nosso texto), com fotos de Roberto Maia.

No texto de Antonio Cícero, o ensaísta aposta na ideia de que a poesia de Armando tende a uma profunda "apreensão trágica do mundo", consequência de uma poética em que é importante a relação entre vida e poesia. Assim, o ensaísta procura o embate entre Armando Freitas e João Cabral, tema que desenvolverá ao longo do seu texto.

Nesses termos, diz Antonio Cicero, para Armando "o inaceitável é o beletrismo, l´art pour l´art, o poema que não passa de repetição dos antigos artifícios, a negação da sujeira vital e da liberdade da poesia. Paradoxalmente, para salvar a vida do poema, vale até "abrir os pulsos/ as gavetas/ e cortar as veias": figurativamente abrir os pulsos e as veias, isto é, ir até o limite da vida, para que o sangue jorre e corra no próprio poema; abrir as gavetas para o que não passa de rascunho, de experimentação, de risco, passe para o poema."

No ensaio de Mariana Quadros, é a importância do corpo na poesia de Armando Feitas que é o problema a ser discutido. Desde os títulos de suas obras, a nomes de poemas, o corpo sempre foi uma temática clara na obra do poeta. Segundo a ensaísta, na poesia de Armando Freitas "o corpo individual nasce complexo, espécie de inimigo cúmplice a quem o eu é submetido". Para dar continuidade à sua análise, aprofunda a leitura de alguns poemas e os contextos nos quais foram criados. Como na leitura interessante que empreende do poema "A flor da pele", escrito durante a ditadura militar: "o evento que se noticia e, portanto, também o da linguagem em busca de tornar-se permeável para o momento histórico".

No ensaio de Mário Alex Rosa, "A máquina do poema", é a questão da palavra e sua importância ao ser transformada em concretude por Armando Freitas que é o tópico de sua análise. Buscando colar palavra e corpo, corpo da linguagem e corpo da vida, Rosa fala que "palavra e corpo são batalhas enfrentadas" por esse poeta.


Na pequena biografia de Armando Freitas, publicada entre as páginas 48 e 56, há o relato de seu encontro com Manuel Bandeira, que o aconselhou a procurar jovens poetas para comentarem seu primeiro livro "Palavra", conselho que o levou a José Guilherme Merquior que o incentiva a publicar o livro (1963), com capa do artista plástico Rubens Gerchman. Sob impacto do golpe militar, Armando participa junto com Mario Chamie da "Instauração Práxis" até 1975, movimento que estimula o poema engajado, com forte participação política sem abrir mão da dicção renovadora." Após estes anos, busca uma linguagem pessoal, publicando livros como "De corpo presente", "À mão livre", "Longa vida", "3X4", "De cor", "Duplo cego" e outros. Edita ainda, em 1985, o primeiro livro póstumo de sua antiga namorada, a poeta Ana Cristina Cesar, "Inéditos e dispersos". Recebe o prêmio Fundação Biblioteca Nacional por seu livro "Dever", em 2014.

A poesia de Armando Freitas torna-se tema de várias dissertações de mestrado e teses de doutorado, defendidos nas mais importantes universidades do Rio de Janeiro e São Paulo, por pesquisadores como Cristiane Lemos Rodrigues, Marcelo Diniz, Mariana Quadros Pinheiro, Mario Alex Rosa, José Felipe Mendonça da Conceição, André Barbugiani Goldfeder.

Na entrevista que "Palavra" publica, Armando fala da influência que poetas como Drummond e Bandeira tiveram na sua vida. Também fala da sua situação de poeta espremido entre a geração de 45 e os concretos. Sobre a poeta Ana Cristina Cesar e sua obra diz: "cuido da minha morta-viva há mais de 30 anos. Cuido porque ela quis assim. Cuido com raiva por ela ter feito o que fez. Cuido com o amor possível. No contexto brasileiro ela é um dos poetas mais vivos. Ela não parou de viver um minuto sequer".


Sobre seu processo de criação diz: "Sou um escritor trifásico e rápido e um reescritor lento: não é por acaso que gosto da fábula da lebre e da tartaruga". Sobre seus "eixos temáticos", ou temas, como o fazer poético, o tempo, a memória e o corpo, ele os considera "problemas e não temas, questões sempre presentes para quem escreve".

Os outros textos mereceriam um resumo aqui, mas o espaço é pequeno. No entanto, acho imperdível a oportunidade que a revista Palavra nos dá de entrar em contato com um dos mais importantes poetas brasileiros, autor de no mínimo 15 excelentes livros de poesia, o poeta Armando Freitas Filho.

Resumo do poema "Pele", de Armando Freitas Filho.

PELE. [Do lat. Pelle.] 1. Membrana mais ou menos espessa que veste exteriormente o corpo humano na hora da tortura do amor (e de outras torturas), bem como a dos animais vertebrados e de muitos outros seres sem nome ou feitio. 2. Fam. A camada mais externa da pele foi alcançada pela mão do carrasco. 3. Cútis em carne viva, tez: não é bonita, mas tem uma linda pele que eu, aos poucos arranco com carinhos, unhas e fúrias. 4. Pelanca que como e cuspo. 5. Couro que estendo no chão, debaixo dos passos das botas. (...) cair na pele de, com o cassetete em punho e espancar até a morte. Bras. Pop. Zombar ou escarnecer de você algemado no pau-de-arara; gozar! Cortar a pele de. Fazer mal (a alguém); torturar até morrer; tosar a pele de um suposto inimigo. (...).


Jardel Dias Cavalcanti
Londrina, 3/11/2015

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