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Quinta-feira, 30/1/2003
A Música Pirata Online
Héber Sales
+ de 7200 Acessos

A "cyber-tribo" de trocas de MP3 vai muito bem no Brasil, obrigado, e não importa o quanto a ataquem ou a menosprezem. Como no resto do mundo, sua expansão acontece ao longo das redes da Rede, a internet, numa interminável brincadeira de gato e rato com a indústria fonográfica e as instituições anti-pirataria. Se encerram um programa para compartilhamento de arquivos (file-sharing, peer-to-peer ou simplesmente P2P), surge logo uma caterva de símiles melhorados; se fecham sites de download de MP3, sua audiência reúne-se nas listas ou grupos de discussão; se nada disso funciona, os piratas de áudio online voltam ao bom e velho bate-papo do IRC. E tem mais: usam instant messengers (leia-se ICQ, entre outros) e e-mail para encaminhar suas músicas favoritas para os colegas.

A inércia das grandes gravadoras brasileiras
Azucrinada pela máfia do CD pirata, que, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), abocanhou 53% do mercado em 2001, a indústria nacional pouco discute essa ameaça - para as grandes gravadoras é como se ela fosse virtual mesmo!

Razões para tal inércia não faltam. Primeiro, a pirataria online no Brasil é um fenômeno relativamente pequeno devido a baixa penetração da internet no país. Segundo dados do Ibope, o número de pessoas com acesso residencial à internet atinge um patamar de apenas 14,3 milhões de indivíduos, dos quais 7,4 milhões estiveram ativos em dezembro de 2002. Adicione-se a isso o fato de que o acesso de baixa velocidade predomina (quase 91% dos computadores), o que torna o download dos arquivos MP3 lentos e, conseqüentemente, caros, e chegamos a uma justificativa alentadora para não dar bolas para a música online ilegal. Além disso, os grandes selos brasileiros, praticamente todos multinacionais, andam a reboque da ação anti-pirataria de suas sedes através da RIAA (Recording Industry Asociation of America) e da IFPI (The International Federation of the Phonographic Industry). Quando fecham um fenômeno do P2P como o Napster, ou negociam o fim do download gratuito com o Audiogalaxy, ou processam o Kazaa, o líder mundial entre os programas para file-sharing, atingem duramente a pirataria online tupiniquim.

O sucesso dos programas de file-sharing no Brasil
De fato, o Kazaa é um sucesso no Brasil. Em 18/01/2003, o Superdownloads, um dos maiores sites brasileiros de download, informava que o Kazaa foi o software mais baixado na semana anterior. Detalhe: o mais baixado dentre todas as categorias! Abaixo dele naquele ranking, vieram programas bem conhecidos do público em geral - o ICQ, o Download Acellerator, o Adobe Acrobat Reader e o WinZip. Aliás, programas P2P são um sucesso no site. Consultando-se o TOP Geral do Superdownloads verifica-se que três dos dez softwares mais baixados são especializados em file-sharing - os outros dois são o Morpheus e o iMesh.

Mas o Kazaa parece estar com seus dias contados. Em 10/01/2002, um juiz norte-americano permitiu à RIAA e à MPAA (Motion Picture Association of America) processarem a empresa australiana proprietária desse programa, a Sharman Networks, de acordo com as leis dos EUA. Esse caso avulta-se em importância na medida em que pode envolver todos os programas que usam a rede FastTrack, a tecnologia por trás do Kazaa - entre eles o Grokster e o iMesh.

A persistência da pirataria de áudio online
A vitória contra o Kazaa e seus congêneres, se vier, não deve ser muito comemorada porém. A ameaça da pirataria online concorre em tantas frentes e com tanta força que o próprio presidente da RIAA, Cary Sherman, declarou recentemente à BBC que o download ilegal de música pode mesmo nunca chegar a ser erradicado.

A rendição em alguns casos adquire um tom de louvor a pirataria. O cantor britânico Robin Williams, detentor de um contrato de US$ 120 milhões com a EMI, tem dito que a pirataria de música online é uma grande coisa. Outro aliado de última hora é Craig Barrett, presidente da Intel, a maior produtora de microprocessadores do mundo. Ele simplesmente afirmou que o público deveria ter o direito de trocar arquivos na web gratuitamente.

A verdade é que os programas P2P adquirem configurações que os tornam cada vez mais inatingíveis pelo longo braço da justiça norte-americana. A RIAA e a MPAA podem matar o Kazaa, mas não conseguirão parar redes ainda mais descentralizadas como o Gnutella sem a ajuda de provedores de acesso à internet, operadores de cabo e companhias telefônicas. Ora, exigir a colaboração dessas indústrias produzirá um grande conflito institucional, uma vez que a saúde do negócio delas depende do respeito à privacidade e à liberdade de expressão de seus clientes. A propósito, matéria é assunto constitucional seriíssimo nos EUA, envolvendo princípios fundadores da própria sociedade norte-americana. A batalha será duríssima para as gravadoras e para Hollywood...

A desanimar ainda mais a indústria fonográfica nesse embate está a multiplicação de serviços de file-sharing mundo afora. Fechar uma ou duas redes, como foi feito ao Napster e ao Audiogalaxy, não extingue a energia dos programadores de aplicações P2P, que logo aparecem com uma pletora de alternativas - WinMX, eDonkey, Blubster, FileNavigator, etc.

As comunidades brasileiras de troca de MP3
No Brasil, além de todos esses recursos, há muitas outras opções para quem quer participar da mania de troca de MP3. Para os que mal lêem o inglês, há as versões em português do Kazaa Lite e do WinMX, além de produtos genuinamente nacionais como o M1A1 (conecta a rede Gnutella), o Troca de Arquivos e o GLT Poliane.

Fora do universo P2P, há um outro tanto de alternativas. Dentre elas, uma é de especial interesse para quem quer se aprofundar na cultura do MP3: as listas de discussão sobre o assunto na web. Elas podem ser encontradas facilmente em alguns dos grandes servidores nacionais - Meu Grupo, Grupos, Nosso Grupo, etc.

Para se ter uma idéia da dimensão do fenômeno, tome-se como exemplo o Yahoo!Grupos. Só neste serviço havia em 09/01/2003 nada mais nada menos do que 225 listas dedicadas ao assunto 'MP3' - a maior delas com 2.436 membros! Qual o tema principal das mensagens?! Troca de música. Um desses grupos usa um recurso particularmente curioso para disponibilizar faixas para seus usuários: o serviço de porta arquivos (ou back up) do Yahoo. A operação é simples. Seus membros gravam os arquivos MP3 no servidor do Yahoo!, comunicam aos colegas o endereço em que se encontram, e autorizam seu acesso. Tudo isso via web, o recurso mais amigável da internet - e mais usado também, depois do e-mail.

No IRC, um recurso mais difícil para o usuário médio da internet (exige o domínio de comandos específicos), há outra porção de brasileiros trocando MP3. Na manhã do dia 17/01/2003, havia, na Brasnet, a maior rede IRC do país, pelo menos duas dezenas de canais onde internautas trocavam músicas gratuitamente.

Um nicho promissor
A esta altura parece estar claro: a troca de MP3 na internet brasileira é um fenômeno. Um fenômeno relativamente pequeno, diriam alguns pesquisadores e muitos executivos da indústria fonográfica. Seu argumento seria aquele mesmo: a internet tem baixa penetração no país, e a conexão de banda larga (alta velocidade), um estímulo crucial para o download de músicas, então, nem se fala. Atendo-se a essa lógica, tais senhores parecem ignorar por completo o conceito de segmentação, tão caro ao marketing contemporâneo.

O que aqui chamamos de comunidade, uma categoria sociológica, pode muito bem ser visto como um segmento de mercado, ou, pelo menos, um nicho. E dos bons! A última versão do Kazaa disponibilizada no site Superdownloads em 08/11/2002 foi baixada 652.124 vezes desde então, e o novo modelo do Morpheus, agora um cliente Gnutella, 847.437 vezes entre 30/08/2002 e 24/01/2003. Considerando que esses dois programas usam redes diferentes, e que há dezenas de outros programas, pode se especular que o tal nicho reuniria de 847 mil a 1.5 milhão de pessoas para começar. Nada mal se lembrarmos que esses consumidores estão entre os cidadãos mais afluentes do país, aqueles privilegiados com acesso à internet, e são em sua maioria adolescentes e jovens que consumiram música por muitas dezenas de anos...

É,... pelo jeito há um mercado considerável para música online. Um mercado pirata!


Héber Sales
Salvador, 30/1/2003

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01. Jornalismo em tempos instáveis de Luiz Rebinski Junior
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