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Segunda-feira, 8/8/2005
O computador de antigamente
Marcelo Maroldi

Há muitos anos, ganhei meu primeiro computador. Eu era pré-adolescente e lembro que um amigo do meu irmão, mais velho, disse-me que eu iria apenas brincar nos joguinhos do computador, nada mais. Pensei, "cara besta, claro que não. Eu vou usar o computador, ora!" Mas, embora tenha aprendido uma ou duas coisas nesse período, eu não fiz nada além de me "divertir" com games. Naquela época, quando não existia Internet no Brasil, os garotos limitavam-se a jogar e brincar com uns softwares que alguém arrumava, distribuía, e que geralmente traduziam palavras do inglês para o português, ou faziam uma bolinha se mover na tela e mudar de cor, imitavam as notas musicais de um piano, jogo da forca (em inglês). Só isso... Daquele jeito, o computador não ensinava as crianças... e, embora eu tivesse tido um computador na minha época de escola, não posso dizer que fui educado com (ou pelo) computador.

Depois, a Internet comercial surgiu. E, creiam-me, o mundo mudou! Hoje, qualquer menino de 10 anos com acesso a Internet faz mais no computador em 6 meses do que eu o fiz nos meus primeiros 5 anos utilizando um PC. Alguns podem dizer que é porque o computador se popularizou, criaram-se softwares (educacionais, aliás), os pais ensinam os filhos. Concordo parcialmente. Se não fosse a Internet, o computador continuaria a funcionar como um videogame para as crianças, de modo geral. Seria mera diversão.

Mas o que as crianças fazem no computador hoje em dia? Bom, elas se divertem, é verdade, mas aprendendo. O computador passou a ser útil na alfabetização das pessoas (e, portanto, das crianças). E a indústria logo percebeu isso. Algumas das diferenças que destaco entre meu início com o computador e o início de uma criança hoje em dia:

* Social - O computador pode funcionar como elo de união entre pessoas, pais e filhos, por exemplo. O filho pode mostrar um site para o pai. O pai pode comprar um software que ensine francês para o filho dele (e acompanhar as aulas do menino). Juntos, eles podem participar do bolão virtual da copa do mundo, etc. Isso aconteceu porque hoje os pais sabem usar os computadores e os incorporaram à vida social da família. Além disso, ainda que algumas pessoas explorem o lado individualista da Internet e do computador, o que vejo é justamente o contrário. Alguém que gosta de cultivar amizades o fará ainda mais intensamente através da Internet. Ninguém jamais deixará de ter amigos e uma vida social (e de contato entre as pessoas) simplesmente porque "ficam" no computador. Aliás, muitos pais até preferem que os filhos fiquem navegando a ficarem na rua, longe de suas vistas (antes que você diga que na Internet eles também estão longe do controle dos pais, devo lembrá-los de que é possível controlar o acesso das crianças a sites indesejados, etc). O computador, segundo meu entendimento, pode aproximar as pessoas, em especial as que possuem interesses comuns. Penso, até, que ela pode potencializar as relações sociais, afinal, se quiser, posso arrumar nesse instante um amigo virtual que viva em Pequim, algo que seria impossível sem o computador.

* Educacional - É inegável a facilidade que o computador e a Web oferecem para o apoio educacional das crianças (pessoas de modo geral). Qualquer assunto que você queira estudar está na Internet, e são precisos apenas alguns conhecimentos simplórios para alcançar essa quantidade astronômica de informações, livros, mapas, museus virtuais, animações surpreendentes, imagens raras, bibliografias dos grandes (e dos pequenos) homens da História, etc. Pode-se, inclusive, fazer um curso de graduação reconhecido pelo MEC à distância. A Internet deve necessariamente ser usada pelos estudantes e pelos profissionais que querem se aprimorar em seus ofícios.

* Diversão - O computador continua sendo um instrumento de diversão tanto quanto você deseje. Ele pode funcionar como videogame, como cinema, telefone, rádio, jornal, televisão, ponto de encontro, diário, álbum de fotos, etc.

Portanto, acredito que muita coisa mudou com o surgimento da Internet. Conhecer este fundamental recurso que hoje temos disponível e obter o máximo proveito de sua utilização na nossa educação e de nossos filhos é nossa responsabilidade. Deixar de usá-lo por algum motivo (não gostar de computador, não querer usá-lo, por exemplo) pode fazer muita diferença no nosso desenvolvimento intelectual. É um acessório que veio para ficar (e para ajudar).

Torquato Neto

Torquato Neto está na moda. Bom, não sei dizer se ele saiu dela algum dia, mas, nesse momento, o poeta, compositor, jornalista e cineasta parece estar em todo lugar. Até um documentário sobre ele estão fazendo. Muito justo, aliás, porque sua obra é muito interessante e bela.

Torquatália - Do Lado de Dentro (Rocco, 368 páginas) e Torquatália - Geléia Geral (Rocco, 408 páginas), organizados por Paulo Roberto Pires, reúnem toda a obra conhecida desse sensacional personagem que se suicidou em 1972, aos 28 anos de idade, de uma vida agitada e com uma importante obra, sem nenhum livro publicado, porém.

Os livros contêm poemas, canções, roteiros, críticas musicais publicadas em jornais e alguns dos primeiros manifestos tropicalistas, do qual Torquato é sempre lembrado como um dos primeiros nomes a se manifestar.

Simplesmente imperdível!

Para ir além








Marcelo Maroldi
São Carlos, 8/8/2005

 
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