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Segunda-feira, 19/3/2001
Oscar
Juliano Maesano

Não vou falar dos filmes que concorrem, mas sim um pouco do prêmio.

Os mais "alienados" adoram. Os "engajados", odeiam. Uns acham lindo e importante. Outros acham uma babaquice. Na verdade, até os que não encontram mérito algum no prêmio ou premiados acabam assistindo mesmo assim, como alguém que não gosta de novela mas assiste não-se-sabe-por-quê.

É um dos eventos televisivos mais acompanhados no mundo todo. Traz astros, estrelas, emoções, gafes. Quase ninguém consegue ficar completamente alheio à sua existência.

É uma escolha injusta? Claro. Um conhecido meu, Chris Newman, já ganhou três Oscars por Melhor Som (O Paciente Inglês, Amadeus e O Exorcista). Fez Poderoso Chefão, Hair, Fame, Wall Street, Silêncio dos Inocentes, Larry Flint, Mensagem pra Você, etc... Sabe o que me diz?

Você acha que eu fiz o som de O Paciente Inglês melhor que o do Larry Flint? Foi com o mesmo equipamento, as mesmas pessoas e o mesmo orçamento. Os dois filmes concorreram.

Segundo ele, os meses que antecipam a festa são um festival de telefonemas por parte dos produtores. Ligam aos membros da Academia com pedidos, ofertas, chantagens, cobranças e tudo o mais. Os votos que resultam nos 5 indicados para a votação final em cada categoria é feito por membros específicos da área. Na final, todos os membros (cerca de 5.700) podem votar em todas as categorias.

Exemplo: Newman, técnico de som, vota somente na categoria de Melhor Som entre todos os filmes do ano. Depois, pode votar em todas as categorias para a escolha final, votando em Filme, Ator, Atriz, Coadjuvantes, Música, etc...

O mesmo com todos os membros, Sônia Braga por exemplo vota em melhor Atriz e melhor Atriz Coadjuvante, mas na final pode votar em Melhor Som ou qualquer outra categoria. Os que gostaram mais de O Paciente Inglês votam nele como Melhor Som, não no outro, que não gostaram tanto assim. Não importa se prestaram ou não atenção no som, especificamente.

Para diretores e atores existem sempre as situações de ter que se fazer justiça a alguém que tem certa carreira mas nunca havia sido premiado. Principalmente no Melhor Coadjuvante.

Acho que, por menos que pareça interessante, deviam incluir na festa principal os prêmios de avanços técnicos. Prêmios que poderiam ser ilustrados por um rápido e instrutivo clip de como se fazia antes da invenção e como será depois. Vencedores do passado foram os avanços de som (Dolby), negativo (Kodak), edição (Avid), qualidade de cor (Technicolor), mecânica (Steadicam, Flycam) e muitos outros, que revolucionam a técnica ano a ano.

Esses prêmios não concorrem uns com os outros, como os que vemos na festa. São dados a todas as pessoas e empresas que propiciaram um avanço técnico ou científico no cinema. Num mesmo ano são dados vários desses prêmios, até na mesma categoria.

Só nesse ano foram dados 17 prêmios desses, 4 deles para empresas e indivíduos por avanços no ramo da pós produção de som, como mixagem e dublagem. Outro prêmio foi dado ao técnico do Fan Descender, uma espécie de super ventilador que ameniza a queda de dublês em cenas com grandes alturas, podendo calcular velocidade e força na desaceleração até a completa parada.

Como podem ver, se bem explorados, esses prêmios poderiam criar um rápido clip na festa que aguçaria a curiosidade dos espectadores. Afinal de contas, quase todos gostam de um pouco de bastidores, não é mesmo?

Juliano Maesano
São Paulo, 19/3/2001

 
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