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Segunda-feira, 21/9/2015
Regras de civilidade (ou de civilização)
Julio Daio Borges

Regra Nš 1: "Não discuta religião com quem é fundamentalista."

Para o fundamentalista, a religião está acima de todas as coisas. Então, ele não vai discutir com você. No mínimo, vai tentar te converter. No máximo, vai querer te matar. Ganhar a discussão, nesse caso, não compensa. É perda total.

Regra Nš 2: "Não discuta futebol com um torcedor fanático."

Só não é pior que o fanático religioso, porque as religiões mataram mais gente. A discussão vale menos a pena (ainda) se você "não liga" para futebol. Aí, o torcedor pode se enfurecer de verdade. Pois pode achar que você está "fazendo pouco caso" de uma das razões da existência dele. Não discuta, porque, além de não conseguir convencê-lo, você arranjará um inimigo para sempre.

Regra Nš 3: "Não discuta política com quem é 'de esquerda'."

Na teoria, tudo mundo que é de esquerda se diz "aberto ao diálogo". Mas na prática - quando eles assumem o poder - tentam controlar a informação, silenciar as críticas e desmoralizar (perseguir ou até matar) quem pensa o contrário. Você acha que havia alguma discussão com Stalin, Mao ou Fidel no poder? Quantas vezes você já não ouviu falar que "Dilma não ouve"? Você acha que o Lula liga para a opinião alheia (além da sua, própria)? Como, então, discutir com "seguidores" desse pessoal?

Regra Nš 4: "Não discuta 'gosto' com quem tem mau gosto."

Gosto é uma questão de sensibilidade. Não adianta discutir com quem não tem sensibilidade. Não passa pela "razão". A pessoa pode até *desenvolver* sua sensibilidade, mas desde que ela tenha alguma. Quem não tem nenhuma, não vai dar esse "salto" (do zero ao infinito). E, tudo bem: não é para todo mundo... (Só não tente discutir com um ogro.)

Regra Nš 5: "Não discuta educadamente com quem não tem educação."

Encoste na traseira de um cavalo - ou de um burro - e veja se ele discute com você: ele te dá um coice. É isso que dá se aproximar demais de quadrúpedes. Mantenha distância. A discussão, com esses seres, se é que ela existe, é na base da agressão. E quando não têm como agredir fisicamente, o que é que eles fazem? Agridem verbalmente - através de insultos, ofensas e palavrões. Não discuta. A não ser que você seja chegado numa besta, e num coice...

Regra Nš 6: "Se você tem princípios, não discuta com quem não tem."

Você está lá, defendendo uma opinião ou um ponto de vista, mas o seu interlocutor pode não estar nem aí. Ele pode estar discutindo "por esporte". Amanhã ele muda de posição, conforme a conveniência dele (e, não, porque você argumentou). Na verdade, ele nem te escutou. Ele não tem consideração. Você parte do princípio de que ele tem, por você. Mas ele não tem nenhuma. É o famoso sobrevivente político. Ele tem mil caras - e não sabe mais qual é a dele...

Regra Nš 7: "Se você perdeu tempo se informando, não discuta com quem só 'ouviu falar' sobre o assunto."

É inútil. A pessoa vai ficar repetindo manchetes, enquanto você vai tentar "aprofundar" - mas a pessoa não vai aprofundar nada, porque ela não tem como. Então: para cada argumento seu, ela vai te devolver uma manchete - até que você se canse. Na era da informação, as pessoas são muito orgulhosas para confessar sua ignorância. Preferem continuar na discussão - e até passar recibo de desonestidade intelectual...

Regra Nš 8: "Tente discutir com alguém com quem você tem alguma base comum - e, não, com quem tem um outro referencial."

Acho inútil, por exemplo, essas discussões entre um cientista e um religioso. Acredito que a religião e a ciência atuam em campos diferentes. Uma pode fornecer princípios de investigação e a outra, bases de conduta. Mas, até em filosofia, você não tem como comparar "episteme" com ética ou moral. Para sobreviver, você, instintivamente, precisa conhecer as leis da física, OK, mas, para *viver em sociedade*, você precisa aprender a lidar com seres humanos. (Não acredito que tudo seja "equivalente" ou "comparável"...)

Regra Nš 9: "Não discuta com quem relativiza tudo."

Você fala em lei da gravidade, mas a pessoa fala: "Ah, mas, na Lua"... Você fala que "o céu é azul", mas a pessoa evoca o espectro de cores das abelhas, que pode ser outro... Você fala em Mensalão e Petrolão, e a pessoa retruca que "corrupção sempre houve"... Nós não temos como escapar de certos "absolutos". É o mínimo para raciocinar. Quando acreditamos na definição de "ponto", e dizemos que a reta é um "conjunto infinito de pontos", estamos *fixando* algumas coisas, pois, sem isso, não temos como estudar geometria (por exemplo)... Acredito que em *qualquer discussão* vale a mesma regra: se a pessoa só quer relativizar, redefinir as palavras, voltar às origens etc., não existe avanço - e a discussão girará em círculos...

Regra Nš 10: "Discuta com quem acredita na civilização - e, não, com quem acha que devemos voltar para a selva."

Se a pessoa quer voltar para a taba, não discuta com ela - deixe ela voltar, o quanto antes. Civilização é avanço. E quem não quer avançar, não deveria ficar na civilização. Se a pessoa não quer viver "conectada", com eletricidade e rede de esgoto, é problema dela. Agora, não atrapalhe o trabalho de quem está tentando evoluir - ou, pelo menos, tentando elevar a discussão a um novo patamar. Valores como família, democracia, economia de mercado... são valores da civilização. Quem não aceita isso, deveria procurar outra coisa. Só não encha a paciência quem quer viver no Ocidente, acredita na ciência e na livre iniciativa (entre outras coisas)...

Para ir além
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Julio Daio Borges
São Paulo, 21/9/2015

 
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