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Segunda-feira, 5/9/2016
YouTube, lá vou eu
Adriane Pasa

Não é novidade para ninguém que o YouTube é um fenômeno. É o quarto site mais acessado do Brasil. E cada vez mais está se tornando um canal onde as pessoas passam muito tempo. Mesmo não estando no YouTube, vemos os vídeos postados lá por meio de outras redes o tempo todo. Em 2015, pela primeira vez, a revista norte-americana Forbes publicou uma lista onde mostrou quais os "Youtubers" que ganham mais dinheiro produzindo vídeos. Entre os jovens milionários (sim, as pessoas ganham dinheiro com isso) está um rapaz que joga games com os amigos, uma violinista que dança, uma maquiadora, dois ex-engenheiros, comediantes de stand-up, entre outros.

Eu acho que esse termo "YouTuber" (antes era só vlogger) é um pouco limitador, mas ok, vai, se os jovens criaram, deve fazer sentido. Afinal, eles entendem melhor disso que eu, que já estou na casa dos quarenta. Para mim, o YouTube é um canal. Tem o cara que é especialista em culinária, o psicólogo, o comediante, o fofoqueiro, a "fashionista" e muitos outros que usam esse canal para comunicar seu conteúdo. Mas hoje, se alguém tem um canal no Youtube, é um "YouTuber". Tá bem. Não vamos discutir. A célebre expressão do canadense Marshall McLuhan - grande estudioso e teórico da comunicação, que previu a internet mesmo antes de ela existir - "o meio é a mensagem", parece fazer mais sentido ainda.

No Brasil, a profissão de "YouTuber" teve uma explosão há uns três anos e hoje tem muitos canais populares que fazem sucesso entre todas as idades, como o Porta dos Fundos, por exemplo, canal de comédia que além de conquistar o Brasil, agora está conquistando o mundo. O Porta dos Fundos é o primeiro no ranking dos canais brasileiros. Com 12 milhões de inscritos (até o dia de hoje), é um fenômeno. Em segundo lugar, vem o comediante Whindersson Nunes, que cresceu extremamente rápido e hoje é o segundo maior canal do Brasil com 11.580.070 inscritos. E é considerado o segundo canal mais influente do mundo. O “Lampião do YouTube” é sucesso na rede e também nos palcos de teatro com suas paródias pelo Brasil todo. Menino de origem pobre nascido no Piauí, conquistou seu público com seu jeito simples e engraçado, com uma fórmula certeira e inteligente. Em terceiro vem a famosa Kéfera (de Curitiba, minha cidade natal) que é sucesso no YouTube, nas livrarias e a agora também nos cinemas. O seu canal, o 5 Minutos tem a terceira posição da lista, com mais de 9,2 milhões de inscritos.

Há alguns canais que eu gosto bastante, como o da Júlia Tolenzano, conhecida como Jout Jout, que começou postando vídeos em seu canal de uma maneira muito simples e despretensiosa. Com o vídeo "Não tira o batom vermelho!" ela ganhou milhares de visualizações. Jout Jout fala sobre vários assuntos e criou um estilo tão próprio que conquistou muita gente.

Um canal que me impressionou muito nos últimos meses foi o Hel Mother, de uma mãe que fala sobre os desafios da maternidade de uma forma muito autêntica e franca e hoje já conta com 19.633 inscritos. Ela é tão criativa e carismática que mesmo eu - que não tenho filhos - assisto só para ver suas sacadas inteligentes e seu humor original. Eu acho que tem Youtuber que acaba ficando maior que o seu tema, com o tempo acaba virando uma figura querida e assistida independente do que diga ou faça.

O YouTube não para de crescer. É a nova televisão dos jovens, que cada vez menos assistem a "televisão normal". É um lugar que podemos escolher tudo o que quisermos ver e quando quisermos. É uma miscelânea cultural que veio para ficar. O tipo de coisa que não tem mais volta. Não sei o que será no futuro, mas com certeza tem um belo futuro. E como é interessante observar o que acontece agora com a TV aberta. Eles "chamam" as celebridades do YouTube para captar audiência em seus programas tradicionais, além de entrevistas e participações, agora tem YouTuber apresentando programa diário, como o famoso Fábio Porchat, por exemplo, que está na Rede Record com seu Programa do Porchat, sendo vice-líder em audiência. O programa dele é "quebrado" em alguns pedaços e postado no YouTube na sequência. E ele continua também com seus trabalhos na internet. É uma loucura.

Eu sempre tive vontade de fazer algo para a TV ou para o cinema. Até me aventurei fazendo uns documentários de forma amadora e foi uma das coisas mais bacanas que já fiz na vida. Gosto de contar histórias. Só que para alcançar o público fazendo cinema ou TV, você precisa de tanta, mas tanta coisa, de tanto dinheiro, que só de pensar já dá mil tipos de cansaço. Admiro muito quem está nesses ramos, porque é para poucos persistentes e talentosos.

O YouTube é mais simples. É aberto a todos. É democrático e moderno, eficiente porque permite que cada um encontre seu público de forma rápida e fácil. Permite que talentos anônimos possam se expressar e mostrar seu trabalho sem precisar de uma parafernália de coisas e investimentos altos ou intermediadores. A famosa frase de Andy Warhol ― "um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama" ―, que ele usou para descrever o futuro das celebridades instantâneas, nunca foi tão real como agora.

Há um ano me mudei para o Canadá e hoje moro em Vancouver. Nesse meio tempo morando aqui, resolvi recomeçar e fazer algo totalmente diferente na minha vida, aí um dia resolvi tirar umas ideias do baú e criei um canal no YouTube. Chama-se BFF Canadá. Best Friend Forever. O canal tem quatro meses.

Lá eu conto um pouco das minhas experiências como imigrante, falo um pouco da vida, de aspectos da sociedade que eu percebo aqui no Canadá, de coisas que eu gosto, falo umas besteiras, mostro alguns lugares e pessoas, principalmente brasileiros. Coloco em prática um lado que estava meio guardado e escondido atrás de uma mesa de escritório no mundo corporativo.

É fácil? Não, não é fácil. Qualquer um pode ter um canal no YouTube? Verdade. Qualquer um. Agora, ter audiência, aí já são outros quinhentos. Ter um público engajado, também. E não é fácil administrar redes sociais e fazer tudo funcionar ao mesmo tempo, dando atenção às pessoas e interagindo com elas. Porque a internet exige interação, de preferência, em tempo real.

Mesmo não sendo fácil, sigo tentando. Tem sido uma experiência ótima. Acho que um dos maiores desafios de fazer algo no YouTube é seguir em frente, não desistir. Esses dias assisti a um vídeo do Escola para Youtubers (ótimo canal, por sinal) cujo tema era exatamente "como não desistir de ser YouTuber". Pelo jeito muitos desanimam.

Porque a coisa começa despretensiosa e de repente fica séria, você tem um público fiel e tem um conteúdo a produzir, tem prazos para cumprir e parceiros para administrar. Tem dinheiro envolvido também. Uma renda que vem por meio do Google Adsense e também possíveis contratos com anunciantes que vão surgindo.

Mas a grana no começo é pouca, beeeeeem pouca. Então, você não pode largar tudo e fazer só isso da vida. Daí o tempo aperta. Daí você desanima, às vezes. Aí, de "YouTuber" a gente passa a ser empreendedor ou seja lá que nome vocês queiram dar, mas o canal acaba virando uma "marca" a ser administrada. E mesmo quem não gosta dessa área de empreendedorismo, administração, negócios, tem que se virar e entrar nessa porque ninguém vai cuidar disso pra gente. Pelo menos não no começo. É um trabalho de uma pessoa só, sem equipe, sem quase nada.

E o YouTube hoje é um grande negócio, tanto para criadores quanto para anunciantes. Você pode escolher exatamente o público da sua marca e ela pode ser divulgada por quem seu público ama, ou seja, endossada por alguém que as pessoas assistem e adoram. Além do fato do número de views dos vídeos crescerem a cada dia e atingirem cada vez mais pessoas.

Além de ser uma incrível experiência na interação com o público ― engajamento que só se consegue na internet ― é interessante observar o comportamento das pessoas no canal do YouTube e nas redes sociais que o envolvem. Os comentários, os posts, os e-mails, tudo é muito curioso. Acaba sendo até uma boa pesquisa de comportamento nas redes sociais em determinados assuntos.

Outra coisa fantástica são as ferramentas que o YouTube disponibiliza para que o dono ou a dona do canal administre os comentários ― e principalmente gente sem educação. Existe um recurso chamado "ocultar os comentários deste utilizador neste canal", que é simplesmente fantástico! Você clica nele e os comentários daquele ser indesejado e inconveniente simplesmente são ocultados e ninguém pode ver. Só que a pessoa não sabe que foi "ocultada". Ou seja, ela continua achando que está lá, e pode continuar falando mas vai falar sozinha. Ninguém poderá ver nem interagir com ela. Ou seja, uma espécie de "limbo" para qualquer um que o YouTuber considere ofensivo ou até mesmo chato. O mais bacana disso é que é algo silencioso, neutraliza totalmente a pessoa. O bom é que esse tipo de gente desocupada e mal intencionada é só uma minoria de vândalos. Graças a Deus.

Não seria o máximo se pudéssemos ter uma ferramenta dessas na vida real? Tipo, deixar certos políticos lá, falando sozinhos? Ou aquele chato pretensioso ou mal educado que sempre dá uns pitacos idiotas no trabalho? Aquele que ninguém escuta e é conhecido como "café com leite", mas é o filho do dono ou o sobrinho do gerente? Neutralizar esse povo dá um trabalho...É, no "mundo real", não tem esse botão. Infelizmente.

Convido vocês para assistirem ao meu vídeo e ao meu canal. Para quem se interessa pelo Canadá, por histórias de imigrantes, para quem gosta de canais de entretenimento ou para quem simplesmente quiser acompanhar a vida de uma nova YouTuber, que... sabe Deus o que vai dar. Thanks for watching me ;)


Adriane Pasa
Vancouver, 5/9/2016

 
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