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Quarta-feira, 25/2/2004
Comentários
Jean Scharlau

As Invasões Bárbaras
Um tipo inédito de panfleto capitalista. Já os vi muitos, mas este é o primeiro que noto usar a linguagem, os personagens típicos e a temática de filmes do pessoal canhoto, aplicando-lhes lógica inversa. Nos filmes canhotos os capitalistas é que costumam ser caricaturizados, dissecados cruamente ou expostos de maneira alegórica. Neste destro libelo coube aos socialistas servir de ridículo mostruário do terminal sistema que uma vez teriam defendido e até ajudado a implantar, do qual o protagonista é agonizante alegoria e caricatura. Caricatura que, à troca de quarto provida pelo filho capitalista neo liberal, diz que não, que ficará ali empilhado às outras vítimas, afinal ele havia lutado para que o sistema de saúde fosse estatizado, mas logo se muda. Há um rótulo de deterioração em cada um dos personagens amigos do moribundo socialista: a dupla homosexual que vive na Itália às expensas de desfalque legal ao Estado, a ativista que não soube criar a filha e reconhece-se culpada por ela ser drogadita, a ninfômana que mantém um garanhão para suas cavalgadas sexuais e chateia-se com seus aspectos humanos, o outro que arruma-se com um protótipo de loura burra, bonita e parideira (num estereótipo machista). Os funcionários do Estado são todos subornáveis, o policial é ridicularizado por sua formação humanista. Tudo demonstra desilusões, tristezas, erros e arrependimentos no socialismo. Muitos serão salvos pelo Leptóptero Cavaleiro das Bolsa$ Cheia$, inclusive seu pai que, após uma vida medíocre e desperdiçada, exceto por gerar tal protótipo super-heróico do pós idealismo, enfim ganhará para ela um final grandioso, culminante em triunfal eutanásia com toques gótico celestiais. A drogadita será salva ao ser incluída como lúgubre serviçal neste espetáculo pelo Cavaleiro da Nobre Carteira, pelo qual apaixona-se, claro. Em pagamento recebe a casa do morrido matado para morar. Os outros serão todos redimidos durante a despedida pois rirão de suas longas listas de ismos abandonados. Bom, à parte a propaganda, vida e morte são temas que nos tocam e dos quais fazemos nossa íntima leitura. Assim é que alguns momentos do filme me propiciaram, em caminhos paralelos ou transversais, chegar às lágrimas por amplas emoções. Mas mesmo nestes momentos fui assolado pelas invasões do meu bárbaro coração que lembrava-me com saudades dos seis reais pagos pelo ingresso.

[Sobre "Invasões bárbaras"]

por Jean Scharlau
25/2/2004 às
03h12 192.168.133.51
 
Os pensamentos terminam em pé
Julio, pegaste o carpim do poeta. E todos torcemos: - vai, poeta, vai sem carpinejar! Usa as asas, enfim livres! Que teus pés escrevam no ar os caminhos de inventar.

[Sobre "Digestivo nº 163"]

por Jean Scharlau
23/2/2004 às
20h44 200.163.140.98
 
Bravo, Brava !
Bravo, Baggio! É indispensável que se aponte a cada meneio indecoroso: - a Loura Platinada está nua! É natural que atraia assim tantos olhares. É previsível que muitos assim a prefiram. É premente que alertemo-nos sobre seus sedutores encantos, mental e sexualmente doentes.

[Sobre "O jornalismo que dá nojo"]

por Jean Scharlau
30/8/2003 às
20h13 200.203.38.83
 
Acaso Não Somos Nós?
Acaso não somos todos faladores de besteiras? Ou alguém aí crê que são muito importantes as coisas que diz? Claro que a história individual da maioria de nós, leva-nos pela mão à longa escadaria da articulação e conseqüência intelectiva, mas ninguém chegou, estamos todos a caminho. É de esperar que haja quem, por incapacidade, preguiça, ou desinteresse, passe a vida a percorrer longitudinalmente os primeiros degraus, quando não senta ou deita-se ali. Mesmo assim, quando nos falam, têm a oferecer peculiares conhecimentos sobre os detalhes do baixo alçar-se, dos primeiros andares, da sua perspectiva das alturas. No mínimo dos mínimos, sua voz servirá para alertar-nos, ao iniciar a subida, de que não tropecemos neles, nem no que os deteve. Fosse diferente desta a sábia lógica natural, grande parte de nós não teria voz ou pernas. Sabemos, entretanto, que é regra tê-las e são exceções por falha , os casos de quem não as têm. Então, quando nos foram dadas, bom se o tivessem sido à universalidade e plenamente. Que se pense, leia e escreva, livre e abundantemente, e que seja possível a todos, usando-se para isto o lápis ou o computador.

[Sobre "A blague do blog"]

por Jean Scharlau
24/8/2003 às
19h23 200.180.176.162
 
O medo e a fera que o fareja
A sacralização da morte nos faz olhar com respeito medroso aqueles que transpõem seus umbrais. Ao passarem para lá já se nos afiguram vestidos com sua toga negra e ameaçadora de juíza implacável. Também por isto só se fala bem dos mortos. São nossos medos infantis que, por tabu e desleixo, nunca foram corrigidos e ainda nos assustam e gelam com suas sombras enormes. Os medos sagrados.Permanecemos crianças diante deles, casonunca os tenhamos encarado, tocado, avaliado, derubado alguns, jogado outros fora, separado deles o aproveitável. Criancinhas assustadas, os olhamos preocupados pelo canto dos olhos, enquanto disfarçadamente brincamos. Não os tendo encarado a valer, acrescentamos-lhes terror ao longo dos anos até que, enfim, sua amplitude nos inclua totalmente e não consigamos dar um passo sem pedir-lhes licença e perdão. Este é um dos dois ou três fundamentos dessas religiões evangélicas e impérios de comunicação que proliferam aqui. Fornecem às mentes infantis da platéia adulta uma maneira falsa, porém muito lucrativa, de lidar com as imensas,geladas e apavorantes sombras onde transcorrem suas existências. Aquele, desses, que agora foi-se, nos proporcionou constatar tristes realidades. Que esta sirva-lhe de epitáfio, entre outros: você pode esculhambar, vituperar, agredir e assaltar uma nação inteira, desde que mantenha guarda-costas suficientes e satisfeitos.

[Sobre "E Essa Violência Que Enternece?"]

por Jean Scharlau
8/8/2003 às
14h48 192.168.133.51
 
SÓ ISTO ?
No capitalismo é certo que estamos porque, querendo ou não, antes o quiseram para nós. Na democracia estamos porque queremos mesmo, apesar de não a quererem para nós. Por mais arrastada que consiga mover-se nesta selva capitalista, ela sobrevive e cresce. Devemos sim, gastar um pouco mais em telefone, reclamando da conta de energia, um pouco de energia chiando com as tarifas e o serviço de telefone, chamar na camaradagem o gerente do boteco onde comemos e mostrar a ele o que está errado. São hábitos recomendáveis, e hábitos desenvolve-se com a mão da prática. Não bastam, porém. A dicotomia 'democracia controla capitalismo - capitalismo efetiva democracia', por si só não funciona. É indispensável um terceiro pilar a sustentar esta construção. Este pilar, sem o qual a construção cai, ou sequer se ergue, é um Estado bem estruturado, sólido e democrático, que não permitirá a queda para a injustiça, nem o esboroamento na ausência de iniciativa. Um Estado assim é instrumento que barra a voracidade do capital sobre o humano e também organiza o provimento adequado, pelo capital, de meios efetivos de sustentação material e cognitiva da sociedade toda e não apenas de parte dela. Este Estado não o será pretendendo atingir um único pináculo, o de que todos são iguais perante a lei e ponto. Este Estado só o teremos partindo em direção a um conjunto de outros pináculos, tão inatingíveis quanto o Everest. Alguns destes pináculos entre aquelas nuvens lá: 'todos devem ser iguais perante o supermercado; todos devem ser iguais perante a farmácia e o hospital; todos devem ser iguais perante a escola, perante os meios de transporte e moradia; todos devem ser iguais perante as companhias de água, energia elétrica, telefone, gás, informação e informatização, inclusive internet. Acalmem-se. Falo dos serviços e produtos básicos, com qualidade. Todos eles. Modelitos mais sofisticados ficam preservados à lei de oferta e procura. As revendas de automóveis, as joalherias, as butiques, shoppings, gourmandissies, Ristorantes e sei lá que mais plus-ultras-tops, continuam com seus adorados direitos privativos aos abonados adoradores. Quem se importa?

[Sobre "Da dificuldade de se comandar uma picanha"]

por Jean Scharlau
27/7/2003 às
09h59 200.203.80.6
 
O Homem que Copiou
Uma pena este filme do Jorge, que são dois. Um, do início até o assalto ao carro forte, bom filme, outro daí em diante.O que Jorge nos entrega no segundo filme é aquele presente que vem dentro de uma caixa, que contém caixas menores, até a última, mínima. Quem presenteia desta forma pode divertir-se muito, mas para o presenteado cada caixa é uma chateação e uma convocação a desempenhar o papel coadjuvante do palhaço que leva as bordoadas, os tombos, as esguichadas d’água.Fosse há vinte anos, em vez da Piovani poderia ser a Xuxa, a quem ela copia, em vez do Cardoso poderia ser o Didi. Claro, lá os heróis não matavam os amigos por chamá-los de cagões e por dinheiro, não matavam o padrasto por espiar na fechadura e por dinheiro. Mas as artes têm que evoluir conforme os costumes, não é mesmo? Passados vinte anos ficamos mais sofisticados, em vez de trapalhões, somos normais.Jorge desta vez não foi inovador, copiou dos norte- americanos suas marcas registradas: roube um banco, mate um amigo e o sogro e vá ser feliz no Rio de Janeiro. Atualmente filme ianque / bul, quando consegue ter alguma coisa que preste, e nove entre dez não conseguem, é no primeiro tempo. É na apresentação do conflito, na circunstancialização, na construção da trama que eles conseguem ser bons. Os desenlaces, as soluções apresentadas, são de uma mesmice estúpida e intragável para quem não é viciado em dinheiro e violência, sexo e violência, sordidez e violência e violência e violência. Esqueci alguma coisa? Deixo a receita: olhe filmes ianque / buls e este Hq C até a metade e vá embora imaginando os desdobramentos das situações propostas antes que comece o tiroteio, os roubos e, ainda que por puro besteirol, os assassinatos e traições, ah, e as explicações. Em suma, saia antes da imbecilização de todos os personagens e do enredo, ao que, por ficar até o final, reajo em legítima defesa. Felizmente houve aquele primeiro tempo em que o Hq C jogou bem. Vi personificadas ali boas sínteses, ora leves e frugais, ora densas e emotivas, de jovens que conheço e as características de uma boa comédia de costumes. A primeira parte do Hq C vale o ingresso e compensa o que passamos depois. Mas para que arriscar? Vá assistir ! E saia na metade. É lucro 100% garantido.

[Sobre "Discurso de Amor em Fragmentos"]

por Jean Scharlau
22/7/2003 às
19h22 200.203.80.76
 
Pré-Hefner, pré-Gugu, pré-Rufo
Olha Julio, esta é uma charada barata: fácil de matar. Em 1946 não existia a Playboy, a Capricho, a Ele e Ela, a Contigo. Não existia a tv. No cinema passavam filmes para a família; Carlitos era ousado. As rádios tocavam marchinhas e sambas-canção, novelas moralistas (se é que já as havia) e noticiários sóbrios. Por um lado, lia-se mais livros. Por outro, havia carência extrema de qualquer informação bem definida e expressiva que tratasse da temática sexual e amorosa, ou a explorasse de um modo não sofisticado. Esta lacuna foi preenchida por Nelson Rodrigues, e seu texto conseguia, se não satisfazer, instigar e corresponder-se com as expectativas de homens e mulheres. Depois o tema sexual-amoroso-popular tornou-se um imenso e segmentado mercado. Que tal este tema para um ensaio?

[Sobre "Digestivo nº 139"]

por Jean Scharlau
11/7/2003 às
21h20 200.203.38.51
 
Que recém-chegado sabe sair?
Metade da população mundial viver na pobreza-miséria é horrível. Já metade da população mundial viver acima da linha de pobreza-miséria é ótimo. Isto quer dizer que está um por um. Se um do lado de cá alcançar a mão e içar um do lado de lá, a balança pende menos de um bilionésimo, agora se cada um do lado de cá estender a sua mão e içar apenas um do lado de lá, nós trazemos todo mundo, colocamos o barco no prumo. Não sou um conhecedor de história, mas parece-me que já estivemos várias vezes em situações bem mais desproporcionadas e para pior. Como aumentamos muito em número, ficaram mais evidentes a pobreza e a riqueza, salta mais aos olhos a disparidade e os problemas advindos daí. Não recomendo o conformismo, nem o pessimismo, sequer o realismo, ou o otimismo, todos causas de imobilismo, mas um pragmatismo positivo, para consigo e para com os outros, e que dentre esses outros esteja um dos outros aqueles, que afogam-se sob a linha da pobreza, a linha que demarca nosso medo, o medo de que ao estender a mão seremos puxados para baixo. Este medo não tem razão, porque quem se debate sob a linha d'água quer é ser guindado e não afundar outro. Quanto à pobreza e ao empobrecimento/embrutecimento cultural especificamente, sim é um fato, porém em grande medida por conta da imensa quantidade de informações disponíveis, o que tende a levar a uma impressão generalizada de banalização. Quando há super oferta o preço fica vil, joga-se a mercadoria fora, deixa-mo-la apodrecer, e quando tudo nos parece valer pouco ou nada, as próprias referências ficam prejudicadas, já não se fazendo muita distinção entre grama, litro, ou metro. O caos, ao perdurar, leva ao vazio, que leva à necessidade, que leva à busca, que volta a por preço no que é buscado. Uma vez, não há muito tempo, só tínhamos rádios AM e dois ou três canais de tv, não muito diferentes do que há hoje, e sobrevivemos. Depois vieram as FM, mais canais de tv e os vídeo-cassetes. Até hoje, com a tv por assinatura, o cd e o dvd, parece-me continuarmos quase na mesma. O que faz diferença é a internet, ainda pouco usada. O resto continua sendo, na quase totalidade, entretenimento e colonização. O i-reality show perfeito é o ser ibopapável olhando na tv seu brother, que em frente à sua big tv olha outro brother, que em frente à sua tv olha outro brother e assim por diante.

[Sobre "A pobreza cultural nossa de cada dia"]

por Jean Scharlau
7/7/2003 às
05h36 200.180.176.167
 
Faça um filme
Não há problema algum em formatar o cinema ao gosto do público. Há público e público, que escolhe, desloca-se e paga. É diferente da tv. Citar sucessos como exemplo é perfeitamente adequado. Enumeremos exemplos bem-sucedidos para todos os públicos. Problemática para o cinema brasileiro é a mentalidade jecaprovinciana, que vê em todo sujeito que consegue meter-se atrás de uma câmara, um iluminado, a quem deve-se render o sacrifício de engolir a sua panacéia, tenha que gosto tiver. Há muito superamos isto na literatura. No cinema grassa esta excrescência estupidificante. Para que as câmaras produzam arte são necessários sim incentivos públicos e iniciativas privadas, principalmente à (utópica?) democratização do acesso à operação desta máquina surrealista e também ao seu produto.

[Sobre "Cinema brasileiro agora é notícia. Por quê?"]

por Jean Scharlau
1/7/2003 às
02h23 200.203.82.31
 
Ele piorou, ou nós mudamos?
Não seria simplesmente o efeito de nosso amadurecimento, que faz o nosso 'sentir que se pensa' tornar-se mais lúcido e diminui nossa embriaguês com a própria intumescência?

[Sobre "Rubem Fonseca e a inocência literária perdida"]

por Jean Scharlau
29/6/2003 à
01h59 200.180.190.92
 
É Tudo Verdade.
Tudo isto é verdade, Sérgio, ou uma de suas instigantes perspectivas. Para prevenir-me de carências futuras, sou dos que recortam textos para a caixinha de guardados, os dignos de notas. Muitos jornalistas colhem em suas caixinhas os seus diletos e os republicam em livros. Agora um tanto de verdade em outra perspectiva: não gosto de shows musicais, nem de refrão, não assisto jogos, noticiário esportivo, Jô ou Faustão e, embora tenha alguns discos que escute inúmeras vezes, acho que grande parte das formas de replay que citaste é que deveria ser banida dos nossos hábitos culturais.

[Sobre "As deficiências do jornalismo não são só aquelas que vocês conhecem"]

por Jean Scharlau
19/6/2003 às
17h29 200.180.177.161
 
Julio Daio Borges
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