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Segunda-feira, 18/12/2006
Quinta Geração de Colunistas
Julio Daio Borges

Depois da Quarta Geração de Colunistas — sobre a qual eu escrevi no ano passado —, juro que achei que, tão cedo, nós não teríamos uma "nova geração". Em alguns meses não só tivemos como o Digestivo passou por tantas transformações que eu preferiria, aqui, falar um pouco mais do que só das pessoas.

Para começar que, com o crescimento do site e das Colaborações, eu tive de obrigatoriamente me afastar da edição diária. Lendo agora sobre a Quarta Geração — para supostamente retomar de onde parei —, me constrange a intimidade que eu tinha com os Colunistas e que eu expunha sem dó.

Tenho saudade das amizades cultivadas a cada e-mail, mas se eu não me afastasse um pouco jamais teríamos hoje quinze Colunistas e mais os Colaboradores dos Especiais mensais. Não sei mais o que se passa na vida de cada um — são por volta de 25 pessoas —, mas eu me orgulho de o Digestivo ter expandido seus limites para crescer, que ele possa dar hoje chance a mais "novos autores" e que ele possa agradar cada vez mais Leitores.

Outro dia, o Guga Schultze me perguntou da seleção das pessoas e eu poderia responder-lhe que, atualmente, a seleção é mais técnica e menos emocional. Li — ainda na Quarta Geração... — que eu ficava amigo de alguém e já chamava para ser Colaborador. Porque gostava do texto também, é óbvio, mas havia um componente prévio de subjetividade que hoje praticamente não existe mais.

Pelo simples fato de que eu não consigo mais ficar amigo das pessoas antes. E pelo simples fato de que eu vou ficar, infelizmente, cada vez menos amigo das pessoas (atenção: não necessariamente significa que eu vou ficar inimigo das pessoas). Acontece que não dá mais tempo. São dezenas de e-mails todos os dias (para o endereço pessoal e para o "institucional"). O Digestivo passou dos dez Parceiros aos quais eu devo mensalmente satisfação... E eu continuo escrevendo; e continuo tendo idéias para novos businesses.

Saindo um pouco da sessão de mea-culpa, detecto, no Digestivo da Quinta Geração, um forte viés jornalístico, que me agrada. Continuam os Colunistas quase 100% autorais, mas até esses agora se lançam em matérias jornalísticas, coberturas, sem eu nem pedir — para a minha maior surpresa. O Digestivo, portanto, é menos "nós", está mais voltado para o mundo exterior e, mais importante, tem uma "cara" cada vez mais uniforme, sem perder a identidade e o vigor.

Não vou seguir a ordem cronológica; vou falando do que me ocorre. Detecto, também, uma leva de jovens jornalistas, puxados pelo Guilherme Conte, que eu conheci na Casa do Saber, no meu primeiro curso, ministrado pelo Otavio Frias Filho. Talvez eu devesse retroceder até o Fabio Silvestre Cardoso — que, antes de ser Editor-assistente, já dava aulas de jornalismo na universidade. O Guilherme, porém, chamou a atenção do Digestivo para os jovens jornalistas (e vice-versa).

Na esteira do Guilherme, chegaram a Marília Almeida, que eu conheci de idas e vindas no Orkut, a Tais Laporta, amiga dela que já havia me apresentado seu blog (o blog delas), depois a Verônica Mambrini, que eu acho que conheci de um release (ou de outro blog). Todos, a partir do Guilherme, da Cásper Líbero. Todos recém-formados ou por se formar.

A vantagem para o Digestivo é que todos escrevem muito, muito bem. Em segundo lugar, entenderam o funcionamento, a estrutura e o propósito do site. E em terceiro — muito importante para mim —, se lançam sobre os releases (e as pautas) com uma voracidade nunca antes vista. Eles são meus Colaboradores dos sonhos, porque têm a mesma curiosidade que eu tinha no início, só que têm mais energia (porque têm menos idade) e são quatro ou cinco — enquanto que eu sou um só.

Seria injusto não incluir o Marcelo Miranda dentro desse parágrafo de elogios, porque ele é jornalista incansável também, mas, para ser correto, devo dizer que ele é anterior a isso. O Miranda me descobriu não sei como, ouviu minha primeira entrevista na Cultura FM, se identificou, e começou a me escrever e a me enviar matérias suas que saíam num jornal de Juiz de Fora (sua cidade). Com a saída do Lucas Rodrigues Pires, ele assumiu, naturalmente, a cátedra de cinema do Digestivo — e eu considero que ele produz algumas das melhores matérias sobre o assunto na internet.

A Elisa Andrade Buzzo também é jornalista, só que da ECA-USP. Muito presente, sempre me mandando seus periódicos e seus livros, atenciosíssima, conseguiu alguns minutos de mim e eu logo me convenci de que ela precisava ser Colunista. Desde o começo me pareceu mais poeta do que jornalista e tem uns insights líricos que vão expandindo a estrada já pavimentada pela Ana Elisa Ribeiro com seus poemas e contos.

Da velha guarda, além da Ana E (que está produzindo como nunca), tem também a Adriana Baggio (a Adri, que é um dos pilares do Digestivo), o Luis Eduardo Matta (o LEM, que aniversariou com sua LPB, cujo début foi aqui no site), e, de certo modo, ainda, o Ram Rajagopal e o Lisandro Gaertner. São os três do grupo do Rafael Lima, um dos Colunistas-fundadores — como ele mesmo gosta de dizer — do Digestivo Cultural. Todos os três do Rio.

Por incrível que pareça, publiquei o Lisandro pela primeira vez junto com o Lima. No meu antigo site pessoal. (Note que vem, desde lá, minha obsessão em lançar "autores novos"...). O Lima, depois, tentou puxar o Lisandro para ser Colunista do Digestivo. Eu também cansei de convidar ele, pois considero que seus diálogos são os melhores da nossa geração — mas o Lisandro só aceitou, por iniciativa própria, agora, anos depois.

O Ram começou a Comentar no Digestivo (não lembro bem...); ou eu comecei a visitar seu blog. Incentivei ele a escrever uma história dos blogs, do ponto de vista da engenharia de computação (ele é doutor nisso) e ele me entregou um calhamaço virtual tempos depois. Sugeri que quebrasse em partes e que fosse publicando periodicamente. Ainda não concluiu a saga mas virou Colunista. De novo, o Digestivo saiu ganhando.

E eu falei dos líricos — Ana Elisa Ribeiro, Elisa Andrade Buzzo — e acabei pulando o Marcelo Maroldi. O Maroldi veio no impulso da Andréa Trompczynski — outra da Quarta Geração — que o incentivou desde o começo. No primeiro texto que eu publiquei dele, já o achei pouco objetivo e meio confuso. Mal sabia eu que era seu destino: se expandir em sutilezas, arrancar Comentários emocionados dos Leitores e emplacar uma porção de hits.

O Marcelo Spalding eu não incluo em nenhuma dessas categorias porque ele tem sólida formação acadêmica, mas é também escritor e um dos resenhistas de maior fôlego do Digestivo. Acho que o conheci através de um lançamento da editora Casa Verde, quando elogiei um conto seu. Mantivemos contato, eu acho, recebi um texto, publicamos e "demos a largada".

O Rafael Fernandes, nosso atual Colunista de música, é outro fora das categorias. Ele veio através de uma indicação do Eduardo Carvalho, via FGV. No início deu confusão porque ele também é Rafael Azevedo (nome de outro Colunista-fundador), mas o Fernandes (sobrenome do meio) escrevia tão bem que eu segurei ele. Estou feliz que esteja preenchendo essa lacuna na música.

Last but no least, o Rafael Rodrigues, que teve uma ascensão meteórica aqui no Digestivo. Começou mal: mandou um texto pra cá e para o Paralelos ao mesmo tempo. O Augusto Sales, editor de lá, comigo comentou: "Não entendo esses caras que querem sair, ao mesmo tempo, em todo lugar". O texto era bom; passei por cima — até porque foram vindo outros textos igualmente bons. Como o Rafael era um poço de iniciativas, fui atribuindo responsabilidades a ele e, além de Colunista, ele passou de Revisor a Assistente de Edição. O Rafael continua querendo dominar o mundo (mas vou canalizando a energia dele para a gente fazer isso em sociedade...)

E eu não poderia deixar de citar os Colaboradores (criei uma seção, no Expediente, só pra eles), porque estão quase todos os meses aqui, devido aos Especiais. O Jonas Lopes, que é uma dessas precocidades inexplicáveis da internet; o Vitor Nuzzi, que é veterano de redação e que, por isso mesmo, só agrega; a Ana Eliza Nardi, que acompanha o Digestivo desde os primórdios (fico contente que esteja, aqui, escrevendo); a Tatiana Cavalcanti , roqueira e visceral, independente do tema; o Yuri Vieira, multimídia, que some e aparece feito cometa; A Ana Júlia Muniz, que eu fico insistindo para que escreva (escreva, Xará!); o Edward Bloom, com sua contundência e sua aura de mistério; o Guga Schultze, arqueólogo do Digestivo nas horas vagas; a Adriana Carvalho, que vai assumir as pautas gastronômicas; o Daniel Bushatsky, que tem comigo laços profissionais e pessoais; a Simone Oliveira que, devagar, está se lançando; e a Fernanda da Silva — Assistente de Produção — que ajuda organizar todo esse povo...

Pensando bem, embora não saiba tintim por tintim do estão vivendo neste instante, me sinto próximo de todas essas pessoas... Para quem achava que da Quarta Geração não passaria, vou ter de providenciar mais umas 2000 Colunas — outra efeméride de agora —, para abrigar os textos da Sexta Geração... Os corações dos Colaboradores batem e dão corda no relógio do Digestivo Cultural. Que o site continue sensível ao apelo das próximas gerações de autores (E de Leitores.)

Para ir além
Primeira, Segunda, Terceira e Quarta Geração de Colunistas

Julio Daio Borges
Segunda-feira, 18/12/2006

 

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