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Quarta-feira, 14/3/2001
Digestivo nº 23

Julio Daio Borges

>>> ACM & PT VERSUS FHC & PSDB Possivelmente inspirado pelas exacerbadas loas à dignidade e à retidão em Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso resolveu intensificar seus ataques ao Imperador da Bahia, Antonio Carlos Magalhães. Em vez de aproveitar a ocasião inédita para sepultar um dos maiores atrasos da História Política Nacional, o PT e a Impressa se uniram contra o Presidente. ACM não aceita, obviamente, a derrota no Senado, nem a influência declinante do PFL, e nem as limitações que não lhe permitem mais comandar, indiretamente, os destinos do País. A corrupção, embora condenável e endêmica, serve mais uma vez de pretexto para desviar a atenção da canalha, enquanto manobras e arreglos são tramados, visando perpetuar a dominação dos mesmos déspotas de sempre. Enquanto se pesca um ou outro lambarí, pouca ou nenhuma importância se dá ao cardume de tubarões brancos que cruza, incólume, as águas poluídas da política brasileira.
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>>> VIVER É PRECISO; NAVEGAR, NEM TANTO Depois de uma das, agora, rotineiras quedas do índice da Nasdaq, a revista Dinheiro publicou uma reportagem afirmando que ainda havia por volta de 2 bilhões de reais, na mão dos investidores, à espera de projetos promissores na internet. Segundo Dinheiro, existe mais cautela hoje em dia do que antes, quando se apostava num negócio sem prazo de retorno, sem metas pré-determinadas, sem qualquer base sólida no "mundo real". Hoje, os patrocinadores exigem que a nova empresa "agregue valor" à chamada Velha Economia; exigem, também, que a tecnologia utilizada, ou seja, que a inovação proposta, não se torne logo obsoleta; e, por último, exigem que as pessoas talentosas envolvidas no projeto sejam mantidas nele a qualquer custo. É interessante, pois alguns investidores não aceitam que os comandantes abandonem o timão quando sentem que o barco está afundando; os donos do dinheiro decidem até que ponto os empreendedores devem se afogar. Parece lógico, e inevitável, que se busque maior cautela depois que fortes emoções agitaram o mercado das pontocom. O que surpreende, todavia, é que essas "medidas de segurança" tenham sido adotadas somente agora.
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>>> TELEDRAMATURGIA AO VIVO Patrícia Melo, a escritora superstar, estreou, em São Paulo, sua peça. Duas Mulheres e Um Cadáver, com Déborah Bloch e Fernanda Torres, pretende explorar o buraco-negro de admiração, competição e inveja, que pode existir entre duas mulheres. As questões centrais terminam, porém, sugeridas, visto que o espectador-médio atem-se apenas ao humorismo-pastelão e ao surrealismo de quem mata e morre sem remorso. Há que se perdoar as protagonistas, acostumadas à berraria e aos espasmos interpretativos da televisão. Hoje em dia, como qualquer um pode ver, predomina aquele teatro que é filho da tevê. Entretenimento, diversão e passatempo estão acima de qualquer reflexão ou crítica. A platéia não deve ser incomodada com temas fundamentais como vida, morte, amor, ódio, verdade, mentira. A platéia dever ser adulada e distraída durante algumas horas. E a platéia deve esquecer tudo o que viu e ouviu até a semana seguinte. Afinal de contas, para que serve o teatro? Não é pra gente ver os artistas e as artistas das novelas da TV?
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>>> DEUS ACHO QUE QUIS ME CONQUISTAR Eduardo Gudin resgata seu cancioneiro com Luzes da Mesma Luz, em que escreve arranjos para orquestra, tendo como intérprete principal Fátima Guedes. Para um violonista que se lançou aos 16 anos, no Fino da Bossa, e para alguém que sempre manteve, para com a música, uma dedicação de instrumentista e virtuose, a tarefa de converter MPB em cordas e sopros chega a ser um passo natural. A beleza e o bom gosto dos registros sugere a flora e a fauna de Antonio Carlos Jobim. Fátima Guedes mostra-se muito precisa e exata, e, talvez por isso, muito técnica, roubando certa espontaneidade e certo despojamento, marcas registradas do compositor e da pessoa de Eduardo Gudin. O encontro de ambos, porém, é feliz. Afinal, falta aos nossos músicos de ocasião a mesma atitude elevada e respeitosa que Guedes e Gudin parecem cultivar para com a mais sublime das artes.
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>>> O CONSELHEIRO TAMBÉM COME (E BEBE) Inaugurado há menos de um mês, o Chef du Jour fica na alameda Raja Gabaglia, paralela à rua Funchal. Nascido da união de dois mestres de cozinha experimentados, o restaurante reúne o melhor das cozinhas italiana e francesa, primando sempre pela sofisticação e pelo gosto refinado. Os maitres são dos mais atenciosos e atentos de São Paulo, e os garçons, prestativos e eficientes, sabem seu lugar. A carta de vinhos oferece uma seleção de várias nacionalidades, a preços convidativos. O cardápio concentra-se apenas nas especialidades, provando que, em gastronomia, é mais sábio dominar uma certa gama de pratos do que se aventurar a preparar todo o tipo de iguaria. Você pode começar pelo couvert que, de início, te brinda com compotas de cebola roxa, saborosíssimas e temperadas adequadamente. Em seguida, aconselha-se os carpaccios de salmão e robalo, ou o de cordeiro; ou, então, ainda, a salada de verduras com framboesa. Como prato principal, você pode optar pelo risotto de legumes com rúcula e tomate seco, ou pela cocha de pato com purê de feijão branco e molho de mel. Para fechar, como sobremesa, a tartufata, que acompanha sorvete de creme. Saiba, contudo, que um banquete desses não pode, nem deve, te sair barato.
>>> Chef du Jour - Al. Raja Gabaglia, 133 - Tel.: 3845-6843
 
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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