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Sexta-feira, 5/8/2005
Digestivo nº 238

Julio Daio Borges

>>> LISTEN AGAIN Enquanto as rádios brasileiras engatinham em termos de internet (como quase todo o resto da mídia, aliás), a BBC, líder mundial desde os tempos da estática, revelou-se também uma gigante no setor WWW. Foi no primeiro semestre de 2005. Via Beethoven Experience, uma homenagem aos 235 anos do nascimento do compositor alemão. Durante uma semana inteira, a BBC 3 só tocou Beethoven e – mais importante – disponibilizou os mais de 40 programas que foram ao ar na internet e – mais importante ainda – despejou todas as nove sinfonias do compositor para download. Enquanto aqui no Brasil a mídia está sempre a reboque das inovações (e com as rádios é igual), a BBC entrou de sola na briga dos direitos autorais (de reprodução etc.) e registrou, no mês da Beethoven Experience, mais de um milhão de downloads. Alguma rádio sonha com uma audiência assim? Apesar desse sucesso estrondoso, repercutido amplamente nas mídias de fora (menos, é claro, no Brasil), a luta continua. Os detentores dos “direitos” sobre as gravações, é óbvio, chiaram. O mundo está respondendo se a atitude da BBC é legal ou não. Julgamentos morais in abstrato (como sempre acontece nessas horas) são, portanto, dispensáveis. E se as rádios brasileiras querem seguir, da BBC, os exemplos menos controversos, deveriam começar disponibilizando sua programação na Web. Toda a sua programação. Não todo o seu arquivo, porque isso implicaria em digitalização (e investimento & custos), mas, pelo menos, as últimas edições de seus programas. Qualquer técnico de rádio hoje gera, em tempo real, arquivos MP3, WMA, WAV... E qualquer pessoa – qualquer pessoa mesmo – monta uma página de graça, faz upload, e disponibiliza suas incursões radiofônicas on-line (estão aí os podcasts para provar). Por que não ouvir a voz (da experiência) da BBC e tentar?
>>> Beethoven Experience
 
>>> A ÚLTIMA VOLTA DO PARAFUSO Quem viu Caco Belmonte zanzando, em 2004, pela Flip, acreditou que, no mínimo, ele deveria ser um autor revelação (d’algum ano...). Caco era todo simpatia e distribuía – com o perdão da palavra – seus Contos para ler cagando. O pior (no bom sentido) é que Caco lançou esses contos na Flip. (Ninguém esqueceu do título, pelo menos.) Promoveu também o Woodstock Literário, junto aos autores da Livros do Mal, e travou contato com Augusto Sales da revista literária Paralelos (a cargo da oficina de autores novos na Flip 2005). Caco era todo agitação e daria – a exemplo de outros autores da Geração 90 e da atual – um belo agitador cultural. Prometeu, à dona da pousada em que se hospedava, e aos outros que estivessem ao lado na hora do café-da-manhã, um romance! “Para a Flip 2005”, solenemente anunciou. O romance ainda não veio ou está no forno, mas Caco fez, em 2005, coisa melhor: fundou com outros autores do Sul uma editora, a Casa Verde. No primeiro livro da sua casa editorial, Fatais, encontramos um Caco mais maduro (do que aquele dos Contos... cagando) junto a outros contistas vários (oito no total). Alguns já célebres, como Luiz Paulo Faccioli, companheiro de Cíntia Moscovich, que lançou, em 2004, o elogiado romance Estudo das Teclas Pretas, pela Record. E alguns com nomes sugestivos, como Marcelo Spalding. A antologia Fatais tem introdução, claro, de Fabrício Carpinejar, e a pergunta (que não quer calar) é: “Ela sobreviveria a uma sabatina de, digamos, Wilson Martins?”. É provável que não. Mas será que isso, hoje, realmente importa? É a pergunta que atualmente mais se faz. Será que não serão esses os “autores médios” – que Daniel Piza uma vez nomeou, defendendo Carlos Heitor Cony – que engrossarão justamente o caldo da nossa literatura, mal balizada por um gênio a cada 50 anos? Caco e seus amigos, ao menos, estão tentando.
>>> Fatais - Vários - 126 págs. - Casa Verde
 
>>> FORÇA DA IMAGINAÇÃO Arranco de Varsóvia. O nome – à primeira vista – não inspira muita confiança. Arranco? Varsóvia? Polônia? Nada disso, trata-se de um grupo vocal (e instrumental) de samba do Brasil. Mais precisamente, do Rio. Confirma o título de seu terceiro CD, Na Cadência do Samba, lançamento de agora da Dubas. É, de certa forma, um alívio ouvir um grupo que se dedica basicamente à interpretação. Se as tais “composições próprias” geravam caretas nos adolescentes que, até pouco tempo, iam assistir, no colégio, a bandinhas de rock, hoje o tal “CD de autor” assombra os ouvintes mais adultos de MPB (ou de música brasileira em geral). O repertório escolhido pelo Arranco de Varsóvia, nesse trabalho, leva a assinatura de gente como Caetano Veloso, Zeca Pagodinho, Dorival Caymmi, Jorge Aragão e Naná Vasconcelos. Parece uma mistura suspeita, mas não é, pois a assinatura que prevalece, graças aos exímios arranjos (e à exímia execução), é a do próprio Arranco de Varsóvia. Sua abordagem é tão autêntica e impactante que se o ouvinte desavisado não prestar atenção nos autores, vai achar que as faixas ficam todas a cargo de Paulo Malaguti e sua trupe (e, de certa forma, ficam, afinal). E dos convidados: Dorival Caymmi (em algum lugar, meio escondido); A Parede (sem Pedro Luís, que flertou com Ney Matogrosso); entre outros. A foto do conjunto denuncia sua presença, provavelmente, pelo bairro de Santa Teresa (eles foram acusados de terem sido vistos lá...). Depois desse CD, seria possivelmente “um luxo” se lançar turisticamente na Vila Madalena Carioca (como alguém quis chamar) e topar com, além de Malaguti, Andréa Dutra, Cacala Carvalho, Elisa Queirós e Muri Costa. O samba, assim estilizado, pode ser uma saída para a crise de violão & voz (ao vivo e em estúdio).
>>> Na Cadência do Samba - Arranco de Varsóvia - Dubas
 
>>> 1000 NOTAS

Com este Digestivo nº 238, o Digestivo comemora a publicação da milésima Nota. Confira aqui a entrevista sobre, com Julio Daio Borges.

>>> EVENTOS QUE O DIGESTIVO RECOMENDA



>>> Palestras
* Jornalismo político
Franklin Martins
(Seg., 8/8, 19h30, VL)
* Figuras de Pai
Tininha Calazans
(Qui., 11/8, 19h30, VL)

>>> Noites de Autógrafos
* Sob os olhos de Perón:
O Brasil de Vargas e as relações com a Argentina

Hamilton Almeida
(Seg., 8/8, 18h30, CN)
* Clarice Lispector com a ponta dos dedos
Vilma Arêas
(Ter., 9/8, 19hs., CN)
* Rumo ao infinito
Salvador Nogueira
(Qua., 10/8, 19hs., CN)
* Socorro, estou ficando careca!
Ademir Carvalho Leite Junior
(Qui., 11/8, 18h30, VL)

>>> Shows
* Blues II - Traditional Jazz Band
(Sex., 12/8, 20hs., VL)
* Beatlemania - Banda Liverpool
(Sáb., 13/8, 18hs., VL)

* Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (VL): Av. Nações Unidas, nº 4777
** Livraria Cultura Conjunto Nacional (CN): Av. Paulista, nº 2073
*** a Livraria Cultura é parceira do Digestivo Cultural
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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