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Sexta-feira, 2/12/2005
Digestivo nº 255

Julio Daio Borges

>>> DON’T BE EVIL Alguém ainda tem dúvida de que o Google vai dominar o mundo? Pois se tem, deveria instalar o Google Desktop, ainda em versão beta. Como, aliás, uma porção de outros aplicativos Google-alguma-coisa, que estão tomando de assalto os PCs do planeta, sendo quase sempre uma alternativa gratuita a algum outro produto pelo qual antes se pagava... O Google Desktop, por exemplo, é, em princípio, uma busca interna, mil vezes mais rápida que a busca do próprio Windows Explorer, destinada a quem quer encontrar alguma informação perdida dentro do próprio computador. Varre toda espécie de documentos, passando por e-mails e terminando por aparecer na internet, junto com os outros resultados – para a Web –, se alguém não tomar cuidado... O Google vai, nitidamente, invadindo o espaço antes ocupado pela Microsoft de Bill Gates e seus softwares, que, por sua vez, invadiram o espaço da IBM, que, por sua vez, usurpou o reino dos computadores pessoais, antes da Apple, até porque – tirando Larry Page e Sergey Brin – o último visionário desta história é Steve Jobs (sim, o mesmo do iPod, que ultimamente conferiu alguma sobrevida à claudicante indústria da música...). E a imprensa brasileira descobriu o Google, com uma capa de revista pelo menos cinco anos atrasada. O Google Desktop ainda oferece noticiário (adeus browser), feeds (adeus agregadores), imagens (adeus fotologs) e “bloco de rascunho” (adeus Bloco de Notas). O recado do Google, se alguém ainda não percebeu, é claro: adeus Windows, adeus Office. Em parceria com a Sun, fabricante das clássicas estações de trabalho, o Google vai lançar um Office aberto na internet – começando por uma planilha e por um editor de textos, gratuitos. Bill Gates ainda acha que vai continuar dominando o mundo. Mas isso já achavam os jornais... Afinal de contas, como disse alguém: os jornais são dinossauros; mas temos de lembrar que os dinossauros caminharam sobre a Terra por milhões de anos... Quando é que chega mesmo o asteróide?
>>> Google Desktop
 
>>> SEM LERO-LERO Numa das finais do e-Festival IBM de algum tempo atrás, a grande atração, a princípio, era Vanessa da Matta, que despontava. Na sua fase pós-Nelson Motta (já reparou que toda cantora brasileira de mainstream tem uma “fase” Nelson Motta?), Vanessa aterrissou no palco do ex-Directv Hall mais produzida que um bolo de noiva. Era tanta produção que ela quase não conseguia se movimentar. E se as suas composições, à época, tinham sido uma revelação, sua performance, naquela noite, deixava bastante a desejar. Mas o espetáculo não estaria totalmente perdido porque o espaço não ocupado por Vanessa foi surpreendentemente preenchido por uma intérprete que vinha de Belém, aparentemente defender os compositores de lá. Milton Hatoum, o grande escritor do Amazonas, ainda não havia sido eleito como um dos mais importantes das últimas décadas, de modo que a cultura do Norte do País, principalmente para quem estava no Sudeste, era um nada repleto de índios, rios e florestas. Karina Ninni, a antagonista ocasional de Vanessa da Matta no e-Festival da IBM, de repente, revertia a situação e, para o bem da MPB, chamava a atenção para Leandro Dias e Felipe Cordeiro, os autores que bravamente interpretava. As pessoas ainda com algum ouvido saíram do “pocket show” de Karina com a orelha em pé. Pois não é que, em 2005, Karina Ninni – na realidade, uma paulista que mudou há sete anos para Belém – finalmente mostrou todo seu potencial no CD Pelo retrovisor, um trabalho independente, com patrocínio do Banco da Amazônia? A promessa da voz poderosa, cheia de ritmo, 100% segura do seu repertório, enfim, se cumpre em estúdio. Entre um Paulinho Moura e Floriano, que assina a direção, Karina não deixa nada a dever às cantoras alçadas ao eixo Rio-São Paulo. Pelo retrovisor, aliás, pleiteava uma distribuição nacional. A torcida é para que tenha conseguido, afinal Nelson Motta deve estar cansado de catapultar sozinho tantas beldades cantantes.
>>> Karina Ninni
 
>>> UM PEQUENO RETÂNGULO AZUL Blue Bus. A primeira coisa que vem à cabeça, quando se fala em “blue bus” é aquele verso de Jim Morrison, do The Doors: “The blue bus is calling us...”, da canção “The End”, de 1966. Pois é... Julio Hungria e Elisa Araujo estão há 10 anos tentando mostrar que a Blue Bus é muito mais que isso. Blue Bus é a agência de notícias do futuro. A preferida por 10 entre 10 agências de publicidade que acompanham o noticiário pela internet. Uma referência tão forte, até para a imprensa-impressa, que Julio Hungria, o fundador, reclama quando dão uma notícia, um furo seu, e, em vez de colocar que a fonte é a Blue Bus ou o site Blue Bus, colocam que a fonte é “a internet”. A história e as histórias da Blue Bus estão no livro homônimo cujo subtítulo é: “Guia para acompanhar nossos primeiros 10 anos na estrada”, em edição independente, onde nomes como Caio Tulio Costa, Marcelo Tas e Pedro Doria discorrem sobre a importância do Ônibus Azul para a internet do Brasil. Os depoimentos de Ana Maria Bahiana, Ricardo Freire e Tutty Vasques são igualmente enriquecedores, mas nada supera os desabafos de Julio Hungria e Elisa Araujo (cúmplice e praticamente co-fundadora). Como outros Julios por aí, Hungria não se conforma com o “gap” entre o que acontece na World Wide Web e o que sai impresso sobre ela nos periódicos do Brasil. Como um dos Pais Fundadores da WWW em Terra Brasilis, Hungria brigou com Deus e o mundo por causa da sua idéia, sobreviveu à Bolha, às propostas milionárias (para vender a alma) e hoje se sustenta – muito bem, obrigado – com publicidade. Para além da coloquialidade e do tom agradável que consagrou a Blue Bus desde 1995, a coletânea deveria ser lida como o registro de um projeto bem-sucedido, em meio à falta de documentação – e ao silêncio impresso – que caracterizam este decênio de internet no Brasil.
>>> Blue Bus | Guia para acompanhar nossos primeiros 10 anos na estrada
 
>>> EVENTOS QUE O DIGESTIVO RECOMENDA



>>> Palestras
* O Povo Brasileiro - Lançamento do DVD - Isa Grinspum Ferraz
(Qui., 8/12, 19h30, VL)

>>> Noites de Autógrafos
* Gestão da Qualidade - Roberto G. Rotondaro, Paulo Augusto Cauchick Miguel, José Joaquim do Amaral Ferreira, Marly Monteiro Carvalho e Gregório Bouer
(Seg., 05/12, 19h00, VL)
* Se a moda pega - Mario Lorenzi
(Ter., 06/12, 18h30, CN)
* O Imaginário e o Poético nas Ciências Sociais - José de Souza Martins, Sylvia Caiuby Novaes e Cornélia Eckert
(Qua., 07/12, 18h30., CN)
* Sobre o Silêncio - Andrea Bomfim Perdigão
(Qua., 07/12, 19h30, VL)
* A formação do indivíduo no Capitalismo tardio - Jaquelina Maria Imbrizi
(Sab., 10/12, 11h00, CN)

>>> Shows
* Paul Whiteman, Bix - O Jazz Branco - Traditional Jazz Band
(Sex., 09/12, 20h00., VL)
* Espaço Aberto - Dan Nakagawa
(Dom., 11/12, 18h00, VL)

* Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (VL): Av. Nações Unidas, nº 4777
** Livraria Cultura Conjunto Nacional (CN): Av. Paulista, nº 2073
*** a Livraria Cultura é parceira do Digestivo Cultural
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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