busca | avançada
105 mil/dia
2,0 milhão/mês
Quarta-feira, 4/4/2001
Digestivo nº 26

Julio Daio Borges

>>> ENTREVISTA COM O VAMPIRO Foi traduzido para o português, o livro Emotional Vampires, de Albert J. Bernstein. Embora recaia na auto-ajuda e nos chavões do chamado "mundo corporativo", o volume elucida algumas questões interessantes sobre as criaturas que se alimentam da energia alheia, a ponto de, como mortais parasitas, vitimar seus hospedeiros. O autor divide os "vampiros emocionais" em cinco categorias, de acordo aos disturbios de personalidade que cada um desenvolve: o anti-social, aquele que se propõe a destruir quaisquer relações humanas ou grupos coesos; o histriônico, aquele que almeja chamar a atenção 24 horas por dia, 365 dias por ano; o narcisista, aquele que tão somente desconsidera a existência de outras pessoas sobre a face da Terra; o obsessivo-compulsivo, aquele que suga o sangue mais por vício e hábito do que por algum traço de personalidade; e o paranóico, aquele que se sente perseguido até quando se olha no espelho, reinterpretando tudo sempre à sua maneira. O livro sugere algumas técnicas de prevenção e imunidade contra esses seres. O problema é que sempre, à primeira vista, são todos muito finos e bem educados.
>>> "Vampiros Emocionais" - Albert J. Bernstein - 254 págs. - Ed. Campus
 
>>> YOU CAN'T JUST WAGE A WAR AT YOUR OWN FAMILY Traffic, de Steven Sodenbergh, merece todo o barulho e estardalhaço que se vem fazendo por conta dele. Ainda dentro da safra de Magnólia, Clube da Luta e Beleza Americana, Traffic visa a desconstrução do "american dream", ao virar uma sociedade pelo avesso, e expelir suas vísceras na cara do espectador. Paulo Emílio Salles Gomes costumava dizer que se vai ao cinema atrás de alguma ilusão. No longer. Dentre os méritos de Traffic, está o de, justamente, retratar o universo das drogas sem eufemismos ou atenuantes. O filme vai até as últimas conseqüências da miséria e da baixeza humanas, subvertendo completamente as noções de certo ou errado, bem ou mal. Os cortes, de cena a cena, são planejados de modo a suspender a ação nos momentos mais tensos. Traffic não termina com uma conclusão final, pois, como se assiste durante as quase três horas de projeção, a questão das drogas é muito mais intrincada, complexa e delicada do que se pensa, longe de ser resolvida por meio de medidas arbitrárias, leis simplistas ou declarações de guerra. A solução simplesmente não passa por receituários ou fórmulas científicas.
>>> http://www.trafficthemovie.com/
 
>>> EXTENSÃO DA DOUTRINA MONROE Emília Viotti da Costa, a historiadora, esteve no centro do Roda-Viva da TV Cultura. Autora de livros como "Coroas de Glória, Lagrimas de Sangue" e "Da Senzala à Colônia", professora há mais de 25 anos em Yale, veio discutir o Brasil, com posições bastante sólidas, originais e bem fundamentadas. Ela pensa, por exemplo, que o País é hoje regido por três grandes mitos: o da democracia; o do voto direto; e o da imprensa livre. O da democracia porque a nação não acompanha e não fiscaliza as movimentações de seus representantes. O do voto direto porque, mesmo num "mundo ideal" (como o americano), não há participação e consciência política suficientes para se eleger parlamentares e governantes. E o da imprensa livre porque, por trás de toda uma fachada libertária, reina o conservadorismo e o colonialismo dos grupos que a comandam. Emília faz ainda a defesa apaixonada do Supremo Tribunal Federal, em sua última obra, e afirma que nem sempre o que é bom para os Estados Unidos é igualmente bom para o Brasil.
>>> http://www.tvcultura.com.br/
 
>>> EU NÃO SOU EU NEM SOU O OUTRO "Auto Retrato: Espelho do Artista" é o nome da exposição que está em cartaz na Galeria de Arte do Sesi, desde 20 de março. Segundo as palavras da curadora, Katia Canton, procura-se destacar os autores (e as obras em que eles mesmos se retratam), tendo como referencial o pioneiro e o recordista no gênero, respectivamente, Albert Dürer e Rembrandt. Seguindo-se um viés cronológico, são abordados os registros do princípio do século XX, de Lasar Segall, Anita Malfatti e Marc Chagal, atravessando, mais adiante, Iberê Camargo, José Antonio da Silva e Yolanda Mohalyi, escorregando, por fim, nas fotos, colagens e instalações dos realizadores contemporâneos (do século XXI). Dentre as vanguardas, salvam-se algumas boas idéias de Lourdes Colombo, sobre a mulher e o manto, e de Rita Barros, que bolou seis composições com um sofá verde, uma parede vermelha, uma cortina amarela, e um gato preto. Os versos de Paulo Leminski, Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar adornam cada passagem.
>>> Galeria de Arte do Sesi - Avenida Paulista, 1313
 
>>> FEAR NOT A revista Time, de 2 de abril de 2001, dedicou sua matéria de capa às "fobias" que, segundo estatísticas, assombram 50 milhões de norte-americanos. Como não poderia deixar de ser, a reportagem lista uma coleção de doenças aliadas a esse sulfixo, indicando inclusive um site, em que o leitor pode encontrar seu suplício devidamente catalogado (www.phobialist.com). De acordo com o que se vem averiguando, já é possível dividir as fobias em três categorias básicas: as fobias sociais, ligadas a encontros e interações com pessoas; as síndromes do pânico, em que o sujeito é aterrorizado sem nenhuma razão aparente; e as fobias "específicas", como medo de cobras, espaços fechados, altura, etc. Segundo os estudiosos, as fobias são produzidas numa região do cérebro que remonta ao homem-das-cavernas, que todos carregamos (por isso, a sua relação com a ambientes naturais, a flora, a fauna, e as situações ameaçadoras). O remédio: medicamentos à base de química fina, e terapias temperadas com realidade virtual.
>>> Time
 
>>> MINHA PÁTRIA É MINHA LÍNGUA
"É exatamente isso que eu quero vir buscar."
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

busca | avançada
105 mil/dia
2,0 milhão/mês