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Quarta-feira, 11/4/2001
Digestivo nº 27

Julio Daio Borges

>>> MI CASA, SU CASA A revista www.com.br publica, este mês, uma útil matéria sobre a dita "Internet Fora-da-Lei". Segundo Luis Matos, o autor da reportagem, é possível dividir a Grande Rede entre a World Wide Web (convencional), que se vê por aí, e o denominado Submundo, onde se pode adquirir desde senhas para Windows (e softwares Microsoft) até produções não-lançadas de Hollywood, passando por "logins" de provedores de acesso (como o UOL), e por músicas em MP3 (independentemente da proibição do Napster). Os hackers, piratas que navegam por esse mar, trabalham incansavelmente – e, tão logo se tenha inventado um portal impenetrável, eles irão invadí-lo; tão logo se tenha inventado um "formato" à prova de cópias não-autorizadas, eles irão distribuí-lo (em menor tamanho e com maior rapidez). Os hackers são os pixadores dos muros da internet, os anarquistas do mundo digital, levando o seu projeto caótico adiante, como nem Henry David Throreau poderia imaginar.
>>> Revista www.com.br
 
>>> TU GOSTA DE EU? Chega a São Paulo a remontagem de "Eles não usam Black Tie", clássico do teatro engajado de Gianfrancesco Guarnieri, sob direção de Marcus Vinícius Faustini. Embora tenha causado furor na época em que foi lançada (durante a "Ditadura Militar"), a peça hoje perde muito do seu efeito, pois, afinal de contas, as greves e o sindicalismo não estão mais na ordem do dia. Fora que arrasta consigo muito da ingenuidade de quem acreditava que um "Brasil livre" seria inevitavelmente próspero e igualitário. Lá se vão, daqui a pouco, 20 anos da chamada "Abertura", e a democracia ainda não salvou muita gente da pobreza e da desigualdade social. Vale, talvez, pelo embate entre pai e filho (Sebastião Vasconcelos e Eduardo Moscovis), que sempre rende muito pano pra manga. E, certamente, por Ana Lúcia Torre, no papel de Romana, uma mãe responsável e serena, tentando mediar e remediar as trapalhadas de um bando de homens inflamados.
>>> Teatro Ruth Escobar - R. dos Ingleses, 209 - Tel.: 289-2358
 
>>> AQUELE GAROTO QUE QUERIA MUDAR O MUNDO Lucinha Araujo, mãe zelosa, fã ardorosa, incansável divulgadora da obra de seu filho Cazuza, volta à carga com Regina Echeverria em "Preciso dizer que te amo - Todas as letras do poeta", pela Editora Globo. Num feito inédito, consegue que seu marido (e também pai do Exagerado), escreva um prefácio que começa com a seguinte frase: "Fui talvez o último a saber do talento de Cazuza." Apesar de seu notório interesse por "mentiras sinceras", o ex-líder do Barão Vermelho só recebe, no livro, devotadas homenagens. As composições são organizadas cronologicamente, de acordo com as compilações do grupo e de sua carreira solo. Depoimentos coletados dos parceiros, e dele próprio, completam o quadro da produção desse Andróide Sem Par. Para terminar, escritos inéditos de um armário que permaneceu fechado por mais de 10 anos.
>>> Cazuza
 
>>> O CONSELHEIRO TAMBÉM COME (E BEBE) Luciano Boseggia abandonou as panelas do Fasano para abrir seu próprio restaurante, no local do antigo Cardinale, ao lado do Shopping Higienópolis. Em que pese a fama do chef, o ambiente prima pela decoração estrambótica, onde guarda-sóis competem com lustres suntuosos, e paredes vermelhas, com mármores da antiga estatuária. Os garçons oscilam entre a gentileza, de quem não deixa o seu copo esvaziar, e a sutileza, de quem mata um inseto com um suporte de bebidas ou pratos. O preço faz jus ao nome, e a grã-finagem marca presença, atentando sempre para uma planejada invasão de fotógrafos. Apesar da pompa e do excesso de protocolo, a comida é, de fato, especial, combinando, essencialmente, a cozinha italiana e os ornamentais frutos do mar. Como entrada, a tortinha de bacalhau ou a salada de figo caramelado com queijo brie; como prato principal, o espaguete com lagosta (inclui carcaça, patas e antenas); e como sobremesa, sem muita variação, profiteroles com recheio de gianduia.
>>> Luciano Boseggia - Av. Higienópolis, 674 - Tel.: 3664-8799
 
>>> CIVILISAÇÃO, SCIENCIA, ARTES, E MODAS EUROPÉAS Foi reeditado, em grosso volume fac-similar, pela Unesp, um dos semanários humouristicos mais importantes do século XIX, e da imprensa paulista: o "Cabrião". Inspirado na personagem do romance-folhetim de Joseph Marie Sue ("Os Mistérios de Paris"), o "Cabrion", em sua acepção, encarnava o hebdomadário "malvado e inoportuno, que veio para fazer pirraça e aperrear". Não deixou impunes os grandes nomes da "política conservadora" de seu tempo, os defensores do clericarismo (mais notadamente os jesuítas), sem mencionar às críticas aos horrores e às arbitrariedades cometidos durante a Guerra do Paraguai. Escrito num estilo de beleza irreprensível, finamente ilustrado (como poucos periódicos o foram depois), e distintamente agudo (no retrato dos costumes e das idéias paulistas), o Cabrião já mereceria reconhecimento e republicação apenas pelo seu valor intrínseco. Como se isso tudo não bastasse, tem entre seus fundadores: Ângelo Agostini, o mesmo artista da "Revista Ilustrada" e da "Semana Ilustrada" (uma espécie Daumier dos Trópicos); Américo de Campos que, junto a Rangel Pestana, trouxe ao mundo o jornal "A Província de São Paulo" (que, com o fim da monarquia, viria a ser "O Estado de S. Paulo"); e Antônio Manoel dos Reis que, agitador da Academia do Largo de São Francisco, mereceu, ainda estudante, ataques furiosos de Fagundes Varela.
>>> "Cabrião" - Agostini, Campos e Reis - 408 págs. - Ed. Unesp
 
>>> DIGA O SEU NOME E A CIDADE DE ONDE ESTÁ FALANDO
Cadu Adan, empresário da Axé Music, de Salvador: "O Tchan sempre se preocupou muito em explorar a inteligência, sem escancarar a sexualidade."
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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