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Sexta-feira, 10/11/2006
Digestivo nº 303

Julio Daio Borges

>>> TODO MÊS SERÁ ASSIM? Não era bravata, a Rolling Stone brasileira chegou. Mais de trinta anos separada de sua antecessora, que tratava sobretudo de MPB, sob a chuva ácida da ditadura. A RSB de agora chega meio contaminada pelas pautas comportamentais que a MTV Brasil introduziu no jornalismo musical brasileiro, desde os anos 90, quando ascendeu enquanto a Bizz antiga declinou. Então, é sintomático que a capa da Rolling Stone atual seja dedicada a Gisele Bündchen – segundo a chamada, a “nossa maior popstar” – e, não, a um músico, seja de MPB, seja de rock ou do que sobrou. Em tempos menos “monolíticos”, conforme colocou Philip Gourevitch na Flip, fica cada vez mais difícil eleger um “ídolo” que mereça uma capa de revista. Melhor apostar na capa de todas, ou quase todas, as publicações estreantes: Gisele (quando dá pra pagar o cachê) Bündchen. No aspecto musical propriamente dito, uma boa mistura entre o consagrado (“Bob Dylan”, “Jack Nicholson”...) e o “novo” (“Mariana Ximenes”, “Cansei de Ser Sexy”...). E o pessoal da Bizz reloaded deveria se preocupar, porque a sensação é de que há muito mais matéria pra ler – mesmo considerando-se que 50% da RSB vem de fora, de tradução. Dentro da nova moda das reportagens, e de “contar boas histórias” (alguém aí falou em jornalismo literário?), Claudio Tognolli foi escalado para “cobrir” Brasília e Marcelo Rubens Paiva, para perfilar a eterna musa de O Invasor. Fora isso, resenhas de discos meio em cima do muro (resquício do tempo das majors?), o mesmo “formatão” (e o mesmo papel) que consagrou a publicação, e alguns “heróis” musicais da cena brasuca de décadas atrás, como New Order e Slayer (!). O desafio de emplacar é o mesmo da versão recauchutada da Bizz: ultrapassar os 5 mil pagantes que a última vem angariando mensalmente. Pouco para um país musical como o Brasil. E nenhuma das duas está pensando em internet a sério ainda...
>>> Rolling Stone Brasil
 
>>> CONSTRUÇÃO DE UM SONHO O apogeu das temporadas de concertos em 2006 tem, pelo menos, um antecedente: as temporadas de concertos da Sociedade de Cultura Artística. A SCA, na abreviatura, começou suas atividades em 1912. Já em 1916, os 650 sócios estouravam a cota de convites e acenavam com a necessidade de uma sede. Do terreno, em 1919, até os concertos de estréia com Villa-Lobos e Camargo Guarnieri, em 1950, a Sociedade de Cultura Artística atravessou uma grande guerra, uma crise do café (outra de 29) e uma revolução (a de 32), para chegar ao teatro que todos, em São Paulo, conhecemos, na rua Nestor Pestana. Quem conta essa história é Gioconda Bordon, que, além de comandar o Estação Cultura (na rádio Cultura FM), é diretora artística da SCA. No livreto de encerramento da temporada 2006, o melômano ainda contava com os comentários de J. Jota de Moraes – isso se não trombasse, na platéia, com Arthur Nestrovski (e sua Inês), e com Hélio Goldsztejn (do literariamente badalado Entrelinhas, na TV Cultura). Por ser a mais tradicional, a temporada da Sociedade de Cultura Artística é a única considerada imperdível pelo who’s who da música (e da crítica de música) na capital paulista. Em 2006, fechou-se com chave de ouro graças a Les Musiciens du Louvre (de Grenoble), sob a direção de Marc Minkowski, tocando Mozart. Muito brilho na execução do balé final da ópera Idomeneo e muito fôlego (e músculo) na execução das Sinfonias 40 e 41 (Júpiter). Para quem sempre associou o Teatro Cultura Artística ao teatro propriamente dito, e a campeões de bilheteria como Marco Nanini, Marieta Severo e Paulo Autran, o som de uma sinfônica a todo vapor poderia, de início, estranhar um pouco. Na verdade, era apenas um “choque de realidade”, pois Minkowski e Les Musiciens du Louvre estavam devolvendo o teatro da SCA à sua vocação original. Que as próximas temporadas continuem servindo assim de referência para as demais.
>>> Sociedade de Cultura Artística
 
>>> NAKED CONVERSATIONS Depois de uma ediçãozinha mixuruca sobre a Web 2.0, a maioria das publicações nacionais abandonou o assunto. Não porque a Web 2.0 – ou o que quer que ela seja – tenha perdido o fôlego, mas porque – como todos sabemos – os jornalistas brasileiros não acompanham o que acontece na internet (mesmo quando, teoricamente, estão nela). Enfim: se Michael Arrington já tinha o melhor blog do mundo para quem queria acompanhar as start-ups que surgem todos os dias, no embalo do novo boom, agora ele se superou. Do TechCrunch, o blog, Arrington derivou o TalkCrunch, um podcast. São mais de seis meses de investidas em áudio, em mais de quinze programas, fazendo o trabalho que nem os jornalistas dos Estados Unidos estão fazendo mais: reportando o que acontece – hoje – na internet. Pelos microfones do TalkCrunch, já passaram o pessoal do Digg (na época, ultrapassando o New York Times na Web), o CEO do novíssimo Wikia (disponibilizando, amplamente, a tecnologia da Wikipedia) e a turma do Google Calendar (mais uma investida, junto com o Gmail, para dar cabo do Outlook, da Microsoft). A diferença das entrevistas de Michael Arrington – para a cobertura burocrática que um jornalista normal faria – é que ele participa do processo ativamente, como blogger. Arrington talvez seja criticado por não ter isenção, e por se colocar radicalmente em algumas discussões, mas jamais pode ser acusado de não cumprir com sua obrigação de entrevistador. Na venda do Reddit, inquiriu incansavelmente sobre o valor da negociação; no bate-papo com os idealizadores do Pageflakes, não sossegou enquanto não obteve números aproximados dos usuários; e na controversa idéia por trás do PayPerPost, levantou considerações éticas com as quais os blogueiros brasileiros ainda nem sonham... Ninguém precisa esperar mais a cobertura sensacionalista das revistas de informática, nem o tom de auto-ajuda dos cadernos de tecnologia dos jornais, Michael Arrington está disponível em nova versão: falada.
>>> TalkCrunch
 
>>> EVENTOS QUE O DIGESTIVO RECOMENDA

O Viandier, Casa de Gastronomia, convida, nesta semana, os Leitores do Digestivo Cultural para o curso "Descobrindo os Sabores do Brasil", com Ricardo Maranhão, professor de história da gastronomia, da USP, que acontece nos dias 7, 9 e 14 de novembro, sempre às 19h30. (O Viandier fica na alameda Lorena, nº 558, nos Jardins e o telefone, para reservas, é: 11 3057-2987 ou 3887-2943 – ou ainda pelo e-mail).



>>> Palestras
* O Grande Jogo: política, cultura e idéias em tempo de barbárie
Heródoto Barbeiro, Demétrio Magnoli, Roberto Romano e Gilson Schwartz
(Sáb., 11/11, 15h00, VL)
* O ano em que meus pais saíram de férias (making-off)
Cao Hamburger
(Ter., 14/11, 19h30, VL)

>>> Autógrafos
* Moderno de Nascença: figurações do Brasil
Benjamin Abdala Jr. e Salete de Almeida Cara (org.)
(Seg., 13/11, 18h30, CN)
* Sushi: sabor milenar - Sergio Neville Holzmann
(Seg., 13/11, 19h00, MP)
* Cultura e Vida Cotidiana no Jornal - Terezinha Tagé
(Qui., 16/11, 18h30, CN)
* Diário de um Cavaleiro Templário - Orlando Paes Filho
(Sáb., 18/11, 15h00, VL)

>>> Shows
* Luz da Lua - Alex Buck
(Qui., 16/10, 19h30, MP)
* Rock - Debate
(Dom., 19/10, 18h00, VL)

* Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (VL): Av. Nações Unidas, nº 4777
** Livraria Cultura Conjunto Nacional (CN): Av. Paulista, nº 2073
*** Livraria Cultura Market Place Shopping Center (MP): Av. Chucri Zaidan, nº 902
**** a Livraria Cultura é parceira do Digestivo Cultural
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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