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Sexta-feira, 1/2/2008
Digestivo nº 352

Julio Daio Borges

>>> RIO BRAVO PODCAST Subprime pra lá, subprime pra cá, a verdade é que muito pouca gente entende, mesmo, de economia. Para ajudar aqueles que têm horror aos números (e que vão perder dinheiro a vida inteira se continuarem assim), a Rio Bravo Investimentos lançou seu podcast. Para quem não sabe, trata-se da empresa do ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, que brilhou no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso. Mas que ninguém se assuste: o podcast não se compõe do blablablá político — aquela inutilidade que diariamente preenche um caderno inteiro do jornal —, mas sim de interessantes discussões econômicas, sem jargão (de novo, dos jornalistas), num esforço de tornar o assunto mais palatável e, obviamente, o trabalho da Rio Bravo mais conhecido. Gustavo Franco, o próprio, raramente dá o ar da graça, e quando o faz é para falar de Machado de Assis (objeto de análise do seu último livro). A Rio Bravo administra fundos e — aproveitando a alta da bolsa em 2007, o potencial "investment grade" do Brasil e a visão de que a mídia se encaminha para a internet — resolveu colocar a boca no mundo. Fausto Vieira, o mestre de cerimônias, põe-se didaticamente no lugar do ouvinte e, a cada episódio, vai explorando as áreas da Rio Bravo, enquanto deixa entendido, nas entrelinhas, como o próprio mercado funciona. É um prato cheio para quem fica boiando quando o tema é subprime (ou algo do tipo), ainda acha que bolsa de valores é sinônimo de cassino e não percebe que economia é simplesmente controlar a conta do banco e a fatura do cartão de crédito. Tudo bem, para quem foge do "economês" como o diabo da cruz, a Rio Bravo oferece música. Que outros podcasts assim surjam, no mercado e do mercado.
>>> Rio Bravo Podcast
 
>>> FRAGMENTOS PARA A HISTÓRIA DA FILOSOFIA, DE SCHOPENHAUER Arthur Schopenhauer achava que ler uma História da Filosofia, em vez de ler direto os filósofos, era como deixar que alguém mastigasse a nossa própria comida — mas também escreveu a sua, ou quase. São os Fragmentos para a História da Filosofia, que a Martins Fontes publicou em 2007, na sua coleção dedicada a Schopenhauer. O Mestre de Nietzsche começa sério, falando dos pré-Socráticos, em seguida de Sócrates e Platão, mas, quando chega em Aristóteles, não nega o impulso do ad hominem e classifica O Filósofo da Idade Média de falastrão, acusa-o de dar palpites demais sem se aprofundar em nada. No fim, sua História da Filosofia acaba mais interessante pelas críticas que elabora do que pelos elogios raros. Schopenhauer desmascara, por exemplo, Espinosa, dizendo que a base de seu pensamento é bem anterior a ele. Também desbarata os exércitos de seus contemporâneos, a começar por Hegel, que, volutaria ou involuntariamente, desviou a atenção do mundo de Schopenhauer. Kant, de quem o autor se considera continuador, merece um capítulo inteiro só para si. Schopenhauer, na verdade, termina redirecionando toda a História da Filosofia para encaixar a sua própria, como o desfecho (ou ápice?) de toda tradição ocidental. Perto do fim da vida, amargurado e relativamente desconhecido, pode-se dizer que o Mestre de Nietzsche escreveu também o seu Ecce Homo. Mas, ao contrário do delírio irreversível do autor de Zaratustra, desfrutou ainda de alguma consagração.
>>> Fragmentos para a História da Filosofia
 
>>> EGITO: CONSTRUINDO UM IMPÉRIO Parece que o Egito sempre fascinou por seus mistérios mais do que por suas grandes obras. O DVD Construindo um Império, do History Channel (pela Log On Editora Multimídia), tenta reverter essa situação. Em vez de colocar, por exemplo, que as pirâmides foram quase uma obra divina (sem explicação), o título procura discutir hipóteses científicas para a sua construção. É um dos seus pontos altos. Outro é o fato de não entrar nas minúcias da vida privada dos faraós, passando por Cleópatra quase de raspão e pelo drama da morte precoce de Tutankamon como se fosse um acidente de percurso (e, não, uma predestinação). Ou seja: apesar de reconhecer que os chefes de estado do Egito eram praticamente semideuses para seus súditos, o DVD foca, ineditamente, nos avanços em tecnologia, nos arquitetos (pouco conhecidos) e nas primeiras realizações da engenharia. As guerras têm também espaço, mas não em detalhe ― só como resultado para a expansão do império propriamente dito. O espectador acostumado com o glamour do velho Egito ― e à procura disso ― vai se decepcionar. Igualmente aquele interessado no culto ao deus Sol ― que não merece qualquer deferência do narrador (bem de acordo com o esforço atual de manter as religiões em seu devido lugar). Vale a panorâmica, em uma hora e meia (o tempo de um filme), pelos principais imperadores do Egito e obviamente por suas realizações. Morre a metafísica egípcia e a esperança de que nos hieroglifos poderia haver alguma chave para o futuro.
>>> Egito: Construindo um Império
 
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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