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Sexta-feira, 14/3/2008
Digestivo nº 358

Julio Daio Borges

>>> JORGE AMADO PELA COMPANHIA DAS LETRAS Num tempo em que a autopromoção, quase sempre, sobrepuja a literatura, soa implausível que tenha havido, algum dia, um escritor sério e popular, no Brasil. Pois houve: Jorge Amado. Ainda que não se concordasse com sua orientação política, ou ainda que não se visse tanta profundidade em sua literatura, ninguém nunca negou, a Jorge Amado, o título de escritor. Numa época em que o escritor se confunde com o palestrante (e dá-lhe MLU), com o professor ou até com o jornalista (cronista?), parece impossível que tenha havido um escritor profissional, no Brasil. Mas houve: Jorge Amado. A partir deste mês, a Companhia das Letras relança a obra de Amado, distribuindo os volumes também por 2009, 2010 e 2011 (não havia blog na época), de modo a culminar com o centenário do escritor, em 2012. Os primeiros cinco são Dona Flor (1996; com prefácio de Roberto DaMatta), Capitães da Areia (1937; com Milton Hatoum), Mar Morto (1936; com Ana Maria Machado), Quincas Berro Dágua (1959; com Romano de Sant'Anna) e Tocaia Grande (1984; Mia Couto). O projeto gráfico parece mais sóbrio do que os clássicos motivos de Carybé — mas cada edição deve trazer um encarte com as capas mais famosas. E, espera-se, as fotos de Zélia Gattai — que o retratou em plena composição, de cada livro, à máquina, desde que passaram a viver juntos. A Companhia das Letras ainda promete eventos literários dignos da Flip e o lançamento, dia 25 no Sesc Pinheiros (SP), anuncia as presenças de Alberto Costa e Silva (coordenador da reedição com Lilia Moritz Schwarcz), Milton Hatoum, Mia Couto, até Chico Buarque e Caetano Veloso. Como disse o último, Amado fundou uma espécie de mitologia do Brasil (além da Bahia) e, em 2008, parece, como o seu Vadinho, ainda mais vivo.
>>> Jorge Amado
 
>>> AGENDA VIVAMÚSICA!, DE HELOISA FISCHER John Neschling e sua Osesp estão para as orquestras brasileiras assim como Heloisa Fischer e seu VivaMúsica! estão para as publicações sobre música clássica no Brasil — ambos provocaram uma revolução no mercado em menos de dez anos. Heloisa caiu na tentação da revista (mensal), virou conceituado guia (anual) e agora se consagra, novamente, com sua Agenda VivaMúsica! (mensal; uma mistura da primeira com o segundo), que completa sete anos. Se Neschling nos deu uma sala de padrão internacional e uma orquestra que pode excursionar pela Europa, Heloisa tirou o aspecto centenário das publicações de música erudita, aposentando a carranca, espanando o mofo dos concertos e rejuvenescendo as platéias, numa linguagem atual, com projeto gráfico arejado, mostrando que existe vida além da música popular. Sua Agenda promove o milagre de preencher quarenta páginas mensais com programação de música clássica só no Rio de Janeiro (imagine-se do que Heloisa seria capaz se viesse para São Paulo ou se, mais ainda, sua Agenda abarcasse todo o Brasil, como o seu guia, só que num ritmo mensal...). E as iniciativas da marca VivaMúsica! não ficam só no papel. A partir de 2008, por iniciativa do grupo de Heloisa Fischer, fica instituído, em 5 de março, o dia da música clássica, coincidindo com o aniversário de Villa-Lobos. Apesar da recorrente nostalgia dos anos 60 de Júlio Medaglia na Cultura FM, temos temporadas como nunca tivemos e até um programa de calouros (comandado pelo mesmo Medaglia) que permitiu ao crítico Irineu Franco Perpétuo ser reconhecido na rua! Se a música clássica, no Brasil, vive um dos seus melhores momentos é porque tem, como bastião, Heloisa Fischer, que, além do VivaMúsica!, milita, de segunda a sexta, nas rádios MEC FM, CBN e na própria Cultura FM.
>>> Agenda VivaMúsica!
 
>>> NERDTV BY ROBERT X. CRINGELY Hoje é senso comum afirmar que a internet avançou sobre as notícias e que avança a passos largos sobre o domínio do conhecimento. Entre o presente e o futuro, porém, esquecemos do seu passado imbricado com a história da computação. Talvez pensando nisso, e em revisitar esse passado num formato novo, Robert X. Cringely, em plena ascensão da Web 2.0, inaugurou a NerdTV, um podcast de entrevistas com os papas da internet, e da computação. Além dos óbvios Max Levchin (do PayPal, que não dorme), Dave Winer (que inventou o RSS) e Tim O'Reilly (que cunhou o termo Web 2.0), Cringely entrevista dinossauros como Dan Bricklin (o pai da planilha Visicalc), Andy Hetzfeld (o primeiro programador do Macintosh) e Bill Joy (co-fundador da Sun, hoje venture capitalist), entre outros. Cringely é até chato nos detalhes e seus bate-papos chegam a durar duas horas, mas, em matéria de pré-história da World Wide Web, não há nada parecido em podcast (mesmo considerando-se que a "segunda temporada" se encerrou em 2006 e, em seu blog, Cringely vive prometendo uma continuação). A produção, apesar do apoio da PBS, não é lá grande coisa, o microfone é às vezes ruim e o pause não funciona 100%. Contudo, vale repetir, as revelações só têm paralelo com livros de memórias. Será que existe uma história da computação tão rica assim no Brasil? E quem seria o nosso Robert Cringely? Ouvir o original bem que poderia provocar alguma escavação arqueológica no nosso solo...
>>> NerdTV
 
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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