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Quarta-feira, 20/6/2001
Digestivo nº 37

Julio Daio Borges

>>> THE BEST IS YET TO COME A Veja desta semana diz que o Brasil foi classificado em primeiro lugar no ranking dos povos mais empreendedores do planeta. É o resultado de um estudo elaborado pela Babson College e pela London Business School. Nos Estados Unidos, uma em cada dez pessoas monta seu próprio negócio; no Brasil, uma em cada oito. Nem tudo são rosas, porém. Segundo a reportagem, esse fenômeno também se dá porque o País tem uma das cargas tributárias mais pesadas do mundo, e uma legislação trabalhista das mais inflexíveis que se conhece. Para se ter um empregado com carteira assinada, e manter todos os benefícios que lhe são conferidos, o empresário paga, na prática, dois salários: um para o governo; outro para o assalariado. Sai mais barato demitir e recontratar. Ainda assim, para a "nova classe média", termo que designa a massa de empreendedores emergentes, vale à pena lançar-se em empreitadas sem vínculo empregatício. Estima-se que a média de renda de quem tem patrão gira em torno de 560 reais mensais, já os autônomos embolsam 42% a mais, no mesmo período. Conselhos, da revista, para quem quer começar: administrar bem; conhecer o setor; perseverar; buscar novos clientes; traçar estratégias e metas. Das 1300 empresas abertas diariamente, 50% vão fechar em menos de um ano. Mesmo Deus sendo brasileiro.
>>> Veja
 
>>> COMIDA É ÁGUA, BEBIDA É PASTO Marcelo Fromer morreu e deixou um vácuo para os entusiastas da gastronomia. Além de músico, compositor e guitarrista importante para os Titãs, Fromer foi um dos que abriu a clareira dos comes & bebes tupiniquins. Mantinha uma simpática coluna semanal no Estado de S. Paulo e havia publicado "Você têm fome de quê?", livro em que relatava suas aventuras pelos restaurantes do Brasil, misturando também receitas e cifras de canções de sua banda. Como cronista, Fromer tinha o estilo leve e jovial de seus companheiros de Iê-Iê-Iê. Viveu a democracia e a liberdade artística Pós-1984, e dedicava a seus hobbies a mesma alegria descompromissada que marcou o espírito e a gênese do chamado Rock Brasileiro. Com a saída de Arnaldo Antunes, em 1991, os Titãs se viram diante de uma encruzilhada: ou o grupo se abria para projetos paralelos, ou então terminava. Paulo Miklos, Branco Mello, Sérgio Britto, Charles Gavin e Nando Reis estruturaram carreiras solo, ou outras iniciativas ligadas à música. Já Tony Bellotto e Marcelo Fromer seguiram pelo caminho das letras: o primeiro, como novelista, contista e alter ego de Bellini; o segundo, como gastrônomo e futebolista (noticiou-se que preparava uma biografia do jogador Casagrande). Os Titãs gravam, agora, um novo disco, em homenagem ao parceiro (haverá, pelo menos, quatro músicas suas). Já no reino das comidas e bebidas, espera-se quem alguém volte a falar também de diversão e balé. Como a vida quer.
>>> Clique Music
 
>>> SAMBA DO CRIOULO DOIDO O iG está distribuindo, para seus usuários, o "iG Finance e-card MasterCard", um cartão de crédito virtual, para uso exclusivo dentro da internet. Na verdade, a idéia partiu do Unibanco, que lançou o e-card em 1999, em parceria com a MasterCard e com a Visa. O principio é correto e pretende estimular o comércio eletrônico, pois, no Brasil, ainda se teme pelo extravio de informações sigilosas através da Web. (O País foi o primeiro e único a ter boleto bancário virtual, imprimível e pagável em qualquer agência.) O e-card tem toda uma série de recursos que permite um maior controle das transações: o portador recebe um e-mail a cada compra realizada; saldos, extratos e limites podem ser verificados sempre on-line; o Unibanco se responsabiliza e cobre qualquer rombo vinculado a perda ou roubo do cartão. Outros provedores e portais provavelmente investirão tambem com força nessa tecnologia, que parece ser uma saída para a internet brasileira, emperrada no tempo dos banners e das parcerias. O cachorrinho do iG já está cansado de se fantasiar e de fazer pose nas mais prosaicas e estapafúrdias iniciativas de seus dirigentes, desde o iG Pizza até as manifestações da baianidade de Nizan Guanaes. Preces são feitas para que o iG encontre seu caminho, e para que os demais assim também o façam.
>>> E-card
 
>>> ASNO QUE ME LEVE, QUERO, E NÃO CAVALO FOLIÃO A Farsa de Inês Pereira, clássico de Gil Vicente, está sendo encenada no Tusp, da Rua Maria Antônia. Numa montagem colorida e musicada, os atores dançam, tocam e cantam o texto adaptado por Décio de Almeida Prado. O português das frases invertidas, do vocabulário poético, dos verbetes de séculos atrás, pode confundir a cabeça de início, mas nada que uma mente mais atenta não consiga acompanhar, à medida que a trama se desenrola. A história continua atual, pois, mesmo no século XXI, as mulheres interesseiras e casamenteiras grassam pelas ruas e cidades. Para quem não conhece, Inês, cansada de viver e de ser explorada pela mãe, procura se libertar pelo matrimônio; deixa-se seduzir por um cavaleiro belo, astucioso e charmoso, mas que, depois das bodas, submete a donzela a suas ordens e caprichos; morre na guerra, porém, permitindo Inês que faça sua escolha novamente; desta vez, ela pula em cima de um manso, acaipirado, que, apesar de não ser um galã de cinema, pode ser domesticado a gosto. Eis a moral da história: mais vale um asno que me carregue do que um cavalo que me derrube. O elenco está bastante afiado e, apesar de jovem, dá gosto assistir e se divertir com as idas e vindas da protagonista. Gil Vicente ainda tem muito o que ensinar.
>>> Tusp - Rua Maria Antônia, 231 - Tels.: 255-7182 e 259-8342
 
>>> IT'S CALLING YOU, YOU DON'T BELIEVE O R.E.M. voltou à sua melhor forma com Reveal, CD gravado em Vancouver, Atenas, Dublin e Miami. Como banda, Michael Stipe, Peter Buck e Mike Mills nunca foram de uma originalidade inovadora, mas souberam manter uma produção constante e significativa ao longo dos anos, desde o final da década de 80. O R.E.M. se lançou através das rádios universitárias norte-americanas, e se consagrou com o álbum Out of Time, de 1991. Dada a explosão da música eletrônica atual, Reveal soa como um disco fora de época, com as mesmas influências do folk e da country music que Stipe, Buck e Mills carregam desde o início, principalmente em All the Way to Reno, She Just Wants to Be e Disappear. Embora soe anacrônico perante a nova geração, o R.E.M. ressurge como um porto-seguro para aqueles que padecem da nostalgia do bom e velho rock'n'roll. Os arroubos niilistas de Michael Stipe reaparecem em I've Been High, Beat a Drum e I'll Take the Rain, ainda que seu apuro vocal diferencie essas incursões de tudo o que já se fez antes, no gênero. As guitarras musculosas de Peter Buck renascem com The Lifting e Imitation of Life, uma surpreendente injeção de ânimo, considerando-se a exaustiva exposição desses músicos aos tentáculos impiedosos do showbizz. Reveal, portanto, pode não ser o ponto-de-inflexão de uma nova era, mas escutá-lo traz ainda grande satisfação. Vida longa ao R.E.M.
>>> R.E.M.
 
>>> MINHA PÁTRIA É MINHA LÍNGUA
"Engordar e criar barriga é a pior porcaria que tem."
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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