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Sexta-feira, 5/9/2008
Digestivo nº 380

Julio Daio Borges

>>> UNIVERSO ELÉTRICO, DE DAVID BODANIS Hoje a discussão sobre tecnologia acontece a partir de um certo ponto, como se prescindisse daquilo que a antecedeu, como, por exemplo, a eletricidade. David Bodanis abre seu livro sobre a história de eletricidade, e seus efeitos sobre a humanidade, mostrando que sem ela — se por acaso o mundo sofresse um blackout — morreríamos todos de fome, em algumas semanas. Apesar do alerta inicial para a catástrofe, o volume é uma das mais belas homenagens aos homens que conseguiram tirar energia, e tantas invenções, dos elétrons que passeavam por materiais condutores (sem que eles, sequer, os vissem). Desde o ímã eletromagnético que redundou no telégrafo até os semicondutores, que permitiram a construção do computador imaginado por Turing, passando pelo telefone, pelo rádio e pelo radar, Universo Elétrico se converte em quase um manual para esta realidade, que construímos há pouco mais de um século, e que continuamos explorando, internet afora. Para além das descobertas e dos saltos tecnológicos, existe, naturalmente, a história de cada homem, que, obsessivamente, perseguiu uma intuição, tropeçou numa necessidade e entregou um artefato revolucionário, tantas vezes por amor à arte. O encontro de Joseph Henry e Samuel Morse, o do código; a paixão de Alec Bell por Mabel, sua amada surda, para quem ele criou o telefone; a solidão de Heinrich Hertz, forjando o rádio-telégrafo e abrindo caminho para o rádio; a trágica vida de Turing e a concepção da máquina que poderia fazer qualquer coisa, o computador. Se as escolas e os cursos superiores trocassem seus laboratórios de física por aulas de história da ciência, teríamos mitigada grande parte da nossa ignorância técnica, enquanto não sofreríamos da atual ojeriza por conceitos abstratos, que nos foram empurrados sem mais nem menos. David Bodanis, percebendo isso, faz de Universo Elétrico uma narrativa, no mínimo, envolvente, sobre uma das maiores aventuras do homem sobre a Terra.
>>> Universo Elétrico (1º Capítulo)
 
>>> SUSHI JAZZ Quem sabe da história entre japoneses e americanos se digladiando durante a Segunda Guerra, jamais poderia imaginar que os dois povos alcançariam uma coexistência minimamente pacífica, como a que existe hoje em dia, quanto mais a convivência num mesmo espaço em harmonia. Mas foi, justamente, o que ocorreu aos proprietários do Sushi Jazz que, como o próprio nome já indica, mistura culinária japonesa com música americana e oferece um resultado bastante interessante. No quadrilátero cercado pelas avenidas Jorge João Saad (a do Estádio do Morumbi), Francisco Morato, Giovanni Gronchi e a do Jockey Club, na fronteira entre Caxingui e Jardim Guedala, o Sushi Jazz abriu suas portas, e recebe para almoços-executivos, jantares e happy hours. Ao meio-dia, os preços são surpreendentes e é possível saborear um prato inteiro, com filés ou iguarias nipônicas, por volta de R$ 10. Tal valor só é encontrado em rodízios de comida japonesa, ou em fast-foods, onde a qualidade não é o forte, o sabor é parco e a desconfiança, com o frescor dos pescados, é de se preocupar. O menu à la carte exibe títulos sugestivos de compositores como Cole Porter, bandleaders como Glenn Miller, intérpretes como Frank Sinatra e lendas como Charlie Parker (nos pratos quentes); ainda mestres brasileiros como João Gilberto, duos inesquecíveis como Tom e Elis, virtuoses como Baden Powell e grupos instrumentais como Zimbo Trio (pratos frios). O aproveitamento do ponto é quase milagroso, porque as dimensões internas são as de um pequeno mercado de bairro, mas as mesas, externamente, em dois níveis (já que há inclinação), ampliam o horizonte, mesmo que aproximando a clientela, numa confraternização de conversas e assuntos, em clima de bar. A alta freqüência, nestes primeiros tempos, indica que, além do preço, a qualidade tem agradado (e a trilha sonora, evidentemente). Que o Sushi Jazz continue, portanto, sua rota ascendente; e que seu bom gosto, não só musical, se consagre na cidade.
>>> Sushi Jazz
 
>>> 5º ENCONTRO DE CORDAS NA MANTIQUEIRA Seguir apostando na música brasileira de qualidade tem sido a profissão de fé do Encontro de Cordas na Mantiqueira, que chega à sua quinta edição, neste mês de setembro de 2008, no palco do Photozofia, em São Francisco Xavier, no interior do estado. Desta vez, entre "violões, violas, contrabaixos, violinos, pianos e berimbaus", como o próprio site anuncia, desfilarão nomes como Badi Assad e Paulo Bellinati, duplas como a do Maranhão, Criolina, trios como Braz da Viola e Curupira, e conjuntos como O Grito. A novidade é o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, através do Programa de Ação Cultural (PAC), que consolida o Encontro, um investimento, durante quatro anos, do próprio Photozofia, que nunca esperou para apresentar os talentos da nossa música. Fora os shows que acontecem nos sábados 6, 13, 20, 27 e na sexta 26, este ano conta com uma oficina de viola, com Zeca Collares, no domingo 14, e uma oficina de prática de conjunto, novamente no sábado 27. Os ingressos, para cada atração, saem por R$ 20, uma pechincha para padrões paulistanos. Fora que São Francisco Xavier — ou SFX, para os íntimos — conta com sua própria cena gastronômica, onde se destacam, entre outros, o Boteco do Rao, a Caboclo Pizzaria e o Dakini Restaurante; sem falar nas pousadas, charmosíssimas, como A Rosa e o Rei, Vila Santa Bárbara e Villa Vitória (entre outras). Refúgio de notáveis como o maestro John Neschling e sua esposa, a escritora Patrícia Melo, São Francisco proporciona beleza, descanso e, graças a iniciativas como o 5º Encontro de Cordas na Mantiqueira, vem se consolidando igualmente como pólo cultural, para quem quer mudar de ares, sem se afastar muito da capital, geografica e intelectualmente. O hotsite é o mais caprichado desde 2004 e as reservas já estão abertas para quem se interessar.
>>> 5º Encontro de Cordas na Mantiqueira
 
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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