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Sexta-feira, 19/9/2008
Digestivo nº 382

Julio Daio Borges

>>> E OS BLOGS VIRARAM MAINSTREAM... Os blogs e os blogueiros, no Brasil, reclamaram durante muitos anos da falta de reconhecimento. De uns tempos pra cá, têm sido disputados a tapa por grandes grupos de comunicação. Se a notícia soa auspiciosa, a guerra de conquista promovida pelo mainstream (em direção ao underground) preocupa, pela falta de tato, e porque, no limite, pode descaracterizar um dos espaços de maior liberdade dos últimos tempos. A campanha começou desastrada no ano passado, com o Estadão tentando "conquistar" os blogueiros (comparando-os a macacos). Esfriou nos primeiros meses de 2008, mas as discussões voltaram a ficar acaloradas no meio deste ano. Tanto a Abril (velha mídia) quanto o Yahoo (nova mídia ma non troppo) vêm tentando, nos últimos meses, aliciar blogueiros para sua causa. Prometendo credibilidade e audiência — porém exigindo ineditismo nos posts, cessão de direitos autorais e impedido qualquer exploração comercial —, o mainstream chega com sua mão pesada, querendo, mais que ajudar os blogueiros, atender a uma demanda das agências de publicidade (por anúncios em blogs). Os clientes querem "conversar" com audiências blogueiras, mas os publicitários não conseguem trabalhar com a dispersão em milhares de blogs — portanto, os grupos de comunicação aglutinam blogueiros a preço de banana, depois vendem espaços no formato que está mais na moda. Nada contra os blogueiros ganharem com isso — muitos merecem, por terem trabalhado duro durante anos —, mas, se o critério for apenas de audiência ou de remuneração, e se as primeiras gerações se venderem por algumas dezenas de cliques (ou mesmo centenas de reais), joga-se fora a independência, a criatividade e o diferencial em relação à grande mídia. Os blogueiros já estão, há muito, em melhor situação que os jornalistas — deveriam parar de querer ser iguais a eles.
>>> Abril Blogs | Y!Posts
 
>>> DOWNLOAD: THE TRUE STORY OF THE INTERNET Há pouco mais de dez anos foi travada a guerra dos browsers entre Netscape e Microsoft, entre Navigator e Internet Explorer. Quem pegou a ascensão do Firefox e a Netscape apenas como uma marca da AOL, muito provavelmente não se lembra disso — mas consegue ter uma noção da animosidade envolvida se comparar, agora, com a disputa acirrada entre I.E. e Google Chrome. Pois uma chance de voltar no tempo é através do documentário Download: The True Story of the Internet, apresentado por John Heileman, atualmente exibido no Discovery Channel, às quintas-feiras à noite. No primeiro episódio, foi contada a eletrizante história da Netscape, e do seu Navigator, que começou com um investimento de 5 milhões e — como a primeira IPO da internet — deu de retorno, para seu principal investidor, mais de 2 bilhões de dólares. Mais que cifras, o privilégio está em ouvir esses e outros casos da boca de protagonistas como Marc Andreessen, o criador do navegador Mosaic, pai do Netscape, que hoje investe no Ning, a rede social que mais cresce proporcionalmente, e também tem um assento no board do Facebook, a maior rede social do mundo. Andreessen era um recém-formado quando foi procurado por um veterano do Vale do Silício, Jim Clark, para estruturar a futura Netscape. Tinha menos de 30 anos quando provocou mais de 1 milhão de downloads de seu software e proclamou, na Wired, que o Windows havia morrido. Bill Gates deu uma resposta à altura, massacrando progressivamente a Netscape, mas, ao mesmo tempo, sofrendo um processo que quase partiu sua empresa em duas. Um feito nada desprezível para Andreessen, seu investidor Clark, seus colegas programadores e um advogado destemido anti-Microsoft. Download: The True Story of the Internet promete, ainda, novos capítulos sobre as buscas e os vídeos. É a nossa história passada a limpo.
>>> Download: The True Story of the Internet (Em português)
 
>>> MITSUBISHI FM Embora as gravadoras estejam tecnicamente falidas, prevalece, no rádio, o ranço do tempo do jabá e, por mais que o mundo tenha mudado, a programação das FMs permanece ancorada a excrescências como "música de trabalho", "as mais pedidas" e modismos tipo axé, funk e black music. Como na reflexão de Nietzsche sobre o cristianismo, o culto acabou, mas os vícios da velha moral continuam entranhados — pela força do hábito. Curiosamente, porém, são as rádios patrocinadas — que servem a um senhor só —, como a Mitsubishi FM, que têm soado mais interessantes, pela sua liberdade de programação, nos últimos tempos. Se as antigas rádios comerciais ficaram presas a compromissos com anunciantes, assessorias de imprensa e multinacionais do disco, as "patrocinadas" de agora têm compromisso basicamente com a audiência, então se esmeram na programação, e, ainda que façam inserções de sua marca, são muito menos invasivas do que as outras (com seus intervalos intermináveis). As revistas customizadas, em sua maioria, não deram certo, porque o formato sempre esteve comprometido, porque o jornalismo escrito se pasteurizou e porque a moda, felizmente, já passou — mas as rádios do mesmo tipo podem encontrar seu caminho, afinal, embora sua mídia esteja mal das pernas, vai durar mais que o papel; não dependem necessariamente de jornalismo para existir (mas da qualidade de seus DJs); e, até agora, conseguiram se livrar da pecha de modismo, que costuma ser fatal para a sobrevivência. A Mitsubishi, por exemplo, não leva um prêmio por sua originalidade, mas, dentro da proposta, é honesta; mais variada que a grande maioria das FMs de São Paulo, cansa menos; não precisa recorrer, ainda, a grandes grupos, nem ao governo, para "fechar no azul" — o que provoca um alívio nos ouvidos enjoados de spots cada vez menos criativos. A Mitsubishi, como outras estações patrocinadas, pode dar novo fôlego ao rádio.
>>> Mitsubishi FM
 
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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