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Sexta-feira, 7/11/2008
Digestivo nº 388

Julio Daio Borges

>>> ANNA SCHWARTZ SOBRE A CRISE Se as explicações sobre a crise vêm tropeçando, desde o início, na nomenclatura — subprimes, derivativos, securities —, o que dizer das explicações sobre as causas da crise? Se a mesma teve um profeta, Nouriel Roubini — em termos midiáticos, quase um blogueiro alçado ao mainstream —, não teve, ainda, uma mente brilhante que desse explicações satisfatórias, acalmando os mercados, as economias e, em última instância, o planeta Terra. Anna Schwartz — co-autora de História Monetária dos Estados Unidos (1963), ao lado de Milton Friedman, o livro que melhor explicou as causas da Grande Depressão (até segundo Ben Bernanke) — está se candidatando à função. Desde sua entrevista em meados de outubro, a The Wall Street Journal, não surgiu nada melhor em termos da lógica da crise e de seus desdobramentos. Os bancos não estão mais emprestando uns aos outros por causa da "falta de liquidez", mas porque não sabem simplesmente quem está solvente e quem não está. Quando instituições financeiras — que, segundo Anna Schwartz, deveriam ter quebrado — foram salvas nos Estados Unidos, seus chamados "ativos tóxicos" não foram expelidos do sistema e o mercado entrou em parafuso. Procurando evitar o "risco sistêmico" — de repetir a quebradeira de 1929 —, os EUA não estão punindo quem deveriam punir, estão simplesmente diluindo balanços de instituições (falidas) e prolongando, indefinidamente, a crise. Quando você sinaliza qual comportamento pune e qual premia, o mercado entende e segue adiante; quando você não estabelece um padrão, gera apenas dúvida sobre o que irá acontecer e o mercado se perde irremediavelmente. Segundo Anna Schwartz, as autoridades dos Estados Unidos não estão, ainda, fazendo sua lição de casa.
>>> Anna Schwartz no WSJ
 
>>> TEMPORADA HANNAH ARENDT Sem nenhuma razão especial, estamos vivendo uma "temporada" Hannah Arendt no mercado editorial brasileiro. Primeiro foi a biografia escrita por Laure Adler, e editada em português, pela Record. Depois, mais recentemente, foi o livro A Promessa da Política, reeditado pela Difel. Logo na seqüência — ou, então, por coincidência — o dossiê Hannah Arendt, na revista Cult. E, agora, a Companhia das Letras relança Homens em Tempos Sombrios, em edição de bolso, enquanto lança Compreender: Formação, Exílio e Totalitarismo, um livro de ensaios, neste final de outubro, início de novembro. O primeiro — que na França ganhou o título de Vidas Políticas — aborda contemporâneos célebres da autora, sobreviventes de períodos críticos durante o século XX, como a Primeira e a Segunda Guerras. Entre admirações como Rosa Luxemburgo e personalidades bastante próximas — como seu orientador e amigo da vida inteira, o filósofo Karl Jaspers —, Hannah Arendt passa por Hermann Broch, Bertolt Brecht, tenta ser o mais objetiva possível sobre Martin Heidegger e tem um de seus grandes momentos falando de Walter Benjamin. (Celso Lafer, ex-aluno da pensadora, completa com um posfácio interessantíssimo.) Já Compreender, com introdução do sempre cuidadoso Jerome Kohn, é mais amplo, não trata apenas de figuras humanas, recorre também a temas abstratos, mas escapa um pouco da filosofia, em ensaios mais numerosos e breves. Além de seus preferidos (e dos assuntos de sua preferência), desfilam Kafka, o existencialismo, Voegelin e até Kierkegaard. Hannah Arendt nunca é uma perda de tempo — ainda mais numa época em que o fôlego se perdeu e a brevidade reina absoluta...
>>> Homens em Tempos Sombrios | Compreender: Formação, Exílio e Totalitarismo
 
>>> INVESTIMENTOS INTELIGENTES, DE GUSTAVO CERBASI Algum idiota da objetividade de Nélson Rodrigues poderia objetar que nossos tempos não estão para investimentos, mas alguém deveria lembrá-lo da máxima de Warren Buffett (o maior investidor de todos os tempos) - "be fearful when everybody is greedy and greedy when everybody is fearful" - e fazê-lo notar que, sim, este é um grande momento para investimentos e que vai proporcionar ganhos históricos para quem não se acovardar. Afinal, com diz Max Gunther, em seu Os Axiomas de Zurique, quem não quer ter preocupações na vida, nunca vai enriquecer; e quem não quiser se arriscar, apesar de não perder, nunca ganhar... Continuando a bem-sucedida trajetória que começou com Dinheiro: os Segredos de quem tem, culminou com Casais Inteligentes Enriquecem Juntos e havia chegado até Cartas a um Jovem Investidor, Gustavo Cerbasi deu um passo à frente e lançou, neste ano, Investimentos Inteligentes, pela Thomas Nelson Brasil. Assumindo que seu leitor resolveu muitos de seus problemas financeiros nos primeiros livros, conseguiu entender que enriquecer é uma questão de escolha e está pronto para investir, Cerbasi o pega pela mão e o conduz para o primeiro milhão (e sua posterior multiplicação). Começando pela definição do que é investir (investir, por exemplo, não é poupar), passando pelas qualidades do bom investidor, Gustavo Cerbasi, então, destrincha todas as alternativas de investimento disponíveis, desde a renda fixa até as ações, passando pelos fundos, pela previdência privada e pelos imóveis. Naquele estilo amigável, claro e despretensioso, que conquistou milhares de leitores, Investimentos Inteligentes é um verdadeiro manual para quem queria aprender a investir mas tinha medo de perguntar. Que a crise não arrefeça novas empreitadas editoriais de Gustavo Cerbasi e que ele continue ensinando os caminhos da independência financeira a cada vez mais pessoas.
>>> Investimentos Inteligentes
 
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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