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Sexta-feira, 30/10/2009
Digestivo nº 438

Julio Daio Borges

>>> REVISTA DA ESPM SOBRE E-COMMERCE Enquanto os jornalistas ainda insistem na primazia do papel, têm dúvidas se a internet é o futuro e teimam em falar mal dos blogueiros, os publicitários não perdem tempo e já usam a Grande Rede a seu favor vigorosamente. A prova é a nova edição da Revista da ESPM, da Escola Superior de Propaganda e Marketing, inteira dedicada ao E-commerce. Afinal, serão R$ 10 bilhões em vendas neste ano, o velho varejo não é mais o que era antes e ainda há espaço para crescer duas ou três vezes mais nos próximos anos. A Revista traz uma boa entrevista com Pedro Cabral, criador da AgênciaClick, a maior da internet brasileira, e uma verdadeira aula com Flavio Dias, diretor geral de e-commerce do Walmart. Cabral fala da mentalidade antiga dos nossos homens de mídia, que sempre insistiram na hegemonia da televisão, embora a própria TV Globo, hoje, tenha medo da internet. Já Flavio revela que os velhos profissionais do antigo varejo não servem para trabalhar com e-commerce, obrigando até o Walmart a recrutar executivos de empresas jovens como a Submarino. Outros destaques são Adriano Amui, numa boa recapitulação da economia da época da bolha; Anna Gabriela Araujo, abordando cases de e-commerce fora do mainstream; e Rodrigo E. Tafner decifrando o chamado "S-commerce", o Social Commerce — enquanto reproduz achados de Jeremiah Owyang em "The Future of Social Web" (relatório do onipresente Forrester Research). Owyang prevê que, em 2011, grupos on-line de consumidores suplantarão as marcas, direcionando a comunicação (e, não, o contrário), enquanto empresas de relações públicas servirão às comunidades on-line e não só às empresas. O gran finale fica por conta da tradicional mesa-redonda da Revista, dirigida pelos editores Francisco Gracioso e J. Roberto Whitaker Penteado, com as participações de Pedro Guasti, da e-bit, Fábia Georgetti Juliasz, do Ibope Nielsen Online, Marcelo Tripoli, da iThink, Pedro Waengertner, do Grupo Connectt, e Marcelo Lobianco, do iG. Conforme a venda recente do Buscapé e a explosão, no Brasil, do Twitter indicam, posicionar-se bem na internet não é mais urgente, é "pra ontem" — coisa que os publicitários já entenderam, mas os jornalistas...
>>> Revista da ESPM sobre E-commerce
 
>>> DIÁLOGO ENTRE MAQUIAVEL E MONTESQUIEU, POR MAURICE JOLY Maurice Joly foi um advogado francês do século XIX que, sob o impacto da ditadura de Napoleão III, resolveu denunciar seus abusos de poder em livro. Compôs, para isso, um hábil diálogo no qual Montesquieu enfrenta Maquiavel — com vantagem para este, como se o autor de O Príncipe justificasse os desmandos do mesmo Napoleão III. O panfleto foi editado em 1864, anonimamente, mas fez tanto sucesso que seu autor acabou preso, claro, pelo governo de Napoleão III. A posteridade contudo lhe faria justiça, pois foi a respeito do sobrinho de Napoleão Bonaparte que Marx escreveu: "Todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes: [...]a primeira como tragédia, a segunda como farsa". A editora Unesp acaba de incluir Diálogo entre Maquiavel e Montesquieu na sua coleção Pequenos Frascos, para grandes obras em formato de bolso. Leitores brasileiros não versados em Direito podem encontrar alguma dificuldade a partir da segunda parte, em que Maquiavel passa a detalhar seu governo ditatorial ("inspirado" em Napoleão III). Mas, certamente, todos poderão se deliciar com o ressurgimento do autor do Príncipe, desde o primeiro capítulo, quando dispara: "O homem é mais atraído pelo mal do que pelo bem; o medo e a força têm sobre ele mais domínio que a razão". Reafirmando, entre outras coisas, seu desprezo pelo chamado povo: "É possível conduzir pela razão pura massas violentas que só se mobilizam por sentimentos, paixões e preconceitos?". Montesquieu, sabiamente, contestaria: "Compreendo que você é, antes de tudo, um homem político, e que os fatos o tocam mais perto que as ideias. Entretanto haverá de convir que, quando se trata de governo, é necessário chegar a princípios". Para concluir: "Creio que, para serem felizes, os povos necessitam mais de homens íntegros do que de homens geniais". Só as discussões iniciais entre o injustiçado criador do "maquiavelismo" e o autor de O Espírito das Leis já valem a reedição. Pena que os nossos governantes leiam tão mal quanto (ou ainda pior que) Napoleão III...
>>> Diálogo entre Maquiavel e Montesquieu
 
>>> EM CONCERTO, DO GRUPO CONTADORES DE ESTÓRIAS Quem esteve em Paraty, durante uma Flip, já deve ter cruzado com o teatro de bonecos da cidade. No fim da rua de um restaurante, perto de um evento literário, em que Paulo Henriques Britto cita versos de verdade, enquanto outros tantos citam versos de mentira... Enfim, quem não teve oportunidade de conhecer in loco o belo trabalho com bonecos do Grupo Contadores de Estórias, cujos fundadores têm 30 anos de teatro, pode conferir Em Concerto, sua primeira turnê em mais de dez anos, em São Paulo. Usando a técnica de manipulação direta (diferente das cordas dos marionetes), Rachel Joffily Ribas e Branca Borba emprestam vida a seus personagens, tratando de temas adultos como o suicídio e o despertar da sexualidade. Apenas com uma música de fundo, toques leves e uma magia que, de repente, surge, a plateia se emociona com o namoro entre dois idosos, com as provocações entre um menino e uma menina e, mais uma vez, com uma eterna partita de Bach, minimamente executada. Numa pequena sala, de algumas dezenas de pessoas, em plena escuridão, manifesta-se o respeito pelo fazer teatral, a admiração por artífices tão detalhistas e a redescoberta da arte, que ainda confere, à vida humana, alguma transcendência. Lá fora, a agitação da avenida Paulista, o ir-e-vir de pedestres, o entra-e-sai de carros nos estacionamentos. No palco, duas mulheres de preto, que andam sem que possamos perceber, que trocam, com graça, desde o título de cada cena, e que cobrem seus rostos, emprestando até seus sons, mais íntimos, aos bonecos de madeira. Depois de dar os primeiros passos em Nova York, conquistar o Rio de Janeiro no fim dos anos 70 e estabelecer-se em Paraty (na década de 90), para conquistar, de lá, o mundo, o Grupo Contadores de Estórias perpetua, mais uma vez, sua tradição em São Paulo. (Para ser mais perfeito, o final do espetáculo só precisaria desembocar nas famosas ruas sem calçamento, naquela atmosfera anualmente literária, onde paulistanos reaprendem a se relacionar com a cidade...)
>>> O Grupo Contadores de Estórias traz ao SESC Paulista espetáculo de bonecos para adultos
 
>>> O CONSELHEIRO TAMBÉM PARTICIPA DO OXIGÊNIO


Na próxima terça-feira, 3/11, Julio Daio Borges, Editor do Digestivo Cultural, participa do evento Oxigênio, onde conversa sobre jornalismo cultural, com Ana Paula Sousa, da "Ilustrada" da Folha, e Márcia Marques, da Canal Aberto. O evento acontece na Associação Desaba e tem início às 19 horas (clique aqui para saber mais).
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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