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Terça-feira, 17/10/2000
Digestivo nº 5

Julio Daio Borges

>>> TOUT LE RESTE EST LITTÉRATURE Notas Musicais, Do Barroco ao Jazz, é nome do livro de resenhas de Arthur Nestrovski, o único crítico brasileiro a falar de grande música na grande imprensa. Arthur passa ao largo do arroz-com-feijão de Bach, Mozart e Beethoven, para discutir desde as fantasias de Purcell e o tratado de harmonia de Rameau até as óperas de Thomas Adès e os sistemas eletrônicos de Pierre Boulez. Como professor de literatura que efetivamente é recheia seus comentários com citações de autores como Oscar Wilde, Henry James e Marcel Proust. Íntimo dos maiores instrumentistas e intérpretes do século XX, oferece uma útil introdução aos termos básicos da música clássica, para quem não estiver familiarizado.
>>> "Notas Musicais" - Arthur Nestrovski - 239 págs. - Ed. Publifolha
 
>>> O FILME É UMA MERDA, MAS O DIRETOR É GENIAL Banhos, Xizhao, é um apelo à nossa sensibilidade ocidental, abrutalhada pelo blockbuster nosso de cada dia. É luminosa a capacidade que os orientais têm de ir direto ao ponto, abordando as questões mais fundamentais da vida, sem subterfúgios ou desvios no caminho. Para contar uma bela história, Zhang Yang prova que não é preciso apelar para sexo, violência ou futurismos. O filme tem como alegoria o ritual do banho, hoje tão presente e tão automático que quase passa, por nós, despercebido. Não deveria.
>>> Shower
 
>>> SEM MÚSICA, A EXISTÊNCIA SERIA UM ERRO A vida é doce, CD de Lobão, chega à sua segunda tiragem de 50.000 exemplares nas bancas. Tá a fim de arrebentar no universo paralelo? Independentemente de se gostar ou não de Lobão, independentemente de se concordar ou não com o que ele diz, sua coragem e sua ousadia devem ser admiradas. Afinal o homem rompeu com as gravadoras, com a majors, rompeu com o marketing, rompeu com o mercado, abrindo frestas, abrindo possibilidades, abrindo nichos nunca dantes explorados. A instrumentação é simples, as composições se sustentam por si. As letras, como o encarte diz, tratam de um manifesto. Palavra que igualmente define o espírito de todo o projeto.
>>> http://www.uol.com.br/lobao/
 
>>> VIVER NÃO É PRECISO A The Economist, de 7 de outubro, publica um(a) survey sobre e-entretainment. Ela, que sempre se mostrou tão segura quanto às suas opiniões e quanto aos seus posicionamentos, sucumbe igualmente à atual onda de desilusão frente as tormentas no mar da internet. Se antes havia excessivo otimismo com relação aos negócios na grande rede, hoje há excessivo pessimismo, ao ponto de lermos linhas editoriais que, depois de muito contorcionismo, apontam exatamente na direção oposta de há pouco tempo atrás. Tamanha hesitação faz lembrar O Alienista, de Machado de Assis. Quem leu sabe bem como essa história acaba.
>>> http://www.economist.co.uk/
 
>>> O CONSELHEIRO TAMBÉM COME (E BEBE) O Rosmarino fica na escondida rua Henrique Monteiro, paralela à Rebouças, travessa da Faria Lima. O sobrado, bem decorado, é freqüentado por executivos que discutem carreira, motivação, valor agregado, e por jornalistas feministas de sapatos extra-vagantes. Os garçons são educados como poucos e as donas, as proprietárias, muito atenciosas, passando de mesa em mesa para perguntar como é que está. Como entrada, o brie quente com mel e amêndoas tostadas; como prato principal, o portafoglio de filé com queijo de cabra, castanhas do Pará e risoto radicchio; como sobremesa, a maçã assada com canela e sorvete de creme, que vai bem com vinho do porto. Rosmarino vem de rosa do mar, rosmarinus, o alecrim cujo ramo os gregos botavam atrás da orelha para curar memória fraca.
>>> Rosmarino - Rua Henrique Monteiro, nš 44 - Tel.: 3819-3897
 
>>> O PIOR CEGO É O QUE VÊ TEVÊ Roberto Campos uma vez chamou Paulo Maluf de animal político. Interpretações à parte, Maluf partiu celerado em ataques contra o PT e contra Marta Suplicy, no primeiro debate do segundo turno, pela rede bandeirantes. Marta perdeu a serenidade e num momento de total descontrole bradou: "Cala a boca, Maluf". Bastou para que ficassem se insultando em background, enquanto o mediador fazia cara de tacho para o telespectador, à medida que tentava conter os candidatos com as mãos, como se fossem cães ferozes. Marta foi genérica demais nas respostas, pautando seu discurso em palavras-chave como corrupção, parcerias e mitômano. Maluf se fez de desentendido e não poupou a adversária, psicóloga, acusando-a de defender direitos de criminosos e de minorias. No ano que vem, um dos dois vai governar São Paulo.
>>> Eleições 2000
 
>>> UM NOVO OLHAR SOBRE O COTIDIANO Freud, Conflito e Cultura é o título da mostra mundial, que passa pelo MASP, saudando o homem que elevou os estudos da mente à categoria de ciência. Compacta e bastante acessível ao leigo, deve ser visitada por todos aqueles que se apropriam do nome e da obra de Freud indevidamente. Nela você vai descobrir, por exemplo, que Sigmund foi um mestre assaz autoritário e intransigente, a ponto de cortar relações com seu sucessor Carl Jung, apenas porque este contestava alguns dos dogmas de sua teoria psicanalítica. Lá estão também importantes elucidações acerca de termos como Complexo de Édipo, Pulsão da Morte, Histeria, Repressão, Inconsciente, Transferência e Associação Livre. Como se não bastasse, é possível ouvir gravações de Freud para a BBC de Londres e assistir a filmes domésticos em que ele aparece nos seus últimos dias de vida.
>>> http://lcweb.loc.gov/exhibits/freud/
 
>>> ALÉM DO MAIS A Sony Music acaba de pôr em circulação a segunda fornada de CDs que compõem a sua Jazz Collection. Trata-se da reedição de obras-primas originalmente lançadas pelo selo da Columbia Records. Se a primeira leva trazia Kind of Blue, Mingus Dynasty, Monk Alone e Black, Brown and Beige, a segunda leva traz Bitches Brew, The Count Meets the Duke, Ah Um e The Famous 1938 Carniege Hall Jazz Concert, o mesmo da época em que Benny Goodman abria as portas do templo de Artur Rubinstein para um gênero considerado herético e popularesco, o jazz.
>>> Jazz Collection
 
>>> VÁ AO TEATRO, MAS NÃO ME LEVE Comemora-se os 60 anos do teatro de Nélson Rodrigues, que nasceu com A Mulher sem Pecado, em 1940. Eternamente endeusado e execrado, pela crítica e pelo público, Nélson acostumou-se a viver entre o céu e o inferno, entre a condenação e a glória, entre a apoteose e a censura. Por ser figura muito recente e controversa, ainda não alcançou o panteão de escritores como Eça de Queirós, Luís de Camões e Fernando Pessoa, embora o mereça sem qualquer ressalva, e em qualquer idioma.
>>> Releituras
 
>>> ARMAZÉM DE SECOS E MOLHADOS Apesar da capa chamativa de Dinheiro, de 18 de outubro, Everardo Maciel, secretário da Receita Federal, não tem nenhuma fórmula mágica para reduzir e descomplicar o IR. Tirando uma média entre a alíquota efetiva máxima, de 9,1% (para quem ganha acima de R$ 1.800,00), e a mínima, de 5,9% (para quem ganha abaixo de R$ 1.800,00), chegou a 7,7%, um percentual fixo de Imposto de Renda para as chamadas pessoas físicas. Se ele estiver certo, o nível de arrecadação federal se mantém em R$ 16,6 bilhões ao ano. Se ele conseguir convencer o Governo, acabam-se também as benditas deduções no imposto. Se ele atingir o seu ideal, sobe de 7,7% para 10%, a tal da alíquota. Que ele obtenha sucesso na sua empreitada. Mas não tanto.
>>> Revista Dinheiro
 
>>> MINHA PÁTRIA É MINHA LÍNGUA
"Nesta palestra, ela abordará os seguintes temas: Linguagem do corpo; Reconhecendo o stress; O Eu do agente do stress."
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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