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Quarta-feira, 5/4/2006
Cristal

Julio Daio Borges




Digestivo nº 273 >>> Até pela própria natureza da música do Brasil, é muito difícil combinar erudito com popular sem soar repetitivo ou mesmo esquisito. Geralmente, os instrumentistas querem desenvolver as possibilidades da música erudita brasileira, mas precisam, ao mesmo tempo, do apelo da popular, para atingir determinado público. (Já que o público de música de qualidade, no Brasil, parece que vem diminuindo — enquanto parece que vem aumentando o público de "popularíssima".) Pois Andrea Ernest Dias, à flauta, e Tomás Improta, ao piano, conseguiram esse feito quase inigualável: incluir, num mesmo disco, desde Chico Buarque até Villa-Lobos; desde Pixinguinha até Jacob do Bandolim; desde Garoto até Tom Jobim. O álbum, pela Biscoito Fino, é muito bem concebido, no sentido de mostrar que esses compositores todos estão muito próximos, se você souber fazer a gradação — como fizeram Andrea e Tomás. E se as escolhas dos nomes são aparentemente óbvias, quando ouvimos, percebemos que as do repertório não são. Há, por exemplo, Moacir Santos — que andava esquecido até a sua redescoberta, via Ouro Negro (2001) —, com "Coisa nš 9". Há até dois pesos pesados "de fora": um erudito, Gabriel Fauré; e outro popular, Cole Porter. Como Andrea e Tomás conseguiram amarrar o todo é um segredo que só eles sabem, como bem observou Edu Lobo no encarte. A flauta de Andrea é envolvente e lembra aquele sentimento de se ouvir um Paulo Sérgio Santos, que conseguia tocar com Guinga e, concomitantemente, soar etéreo executando as nossas "Bachianas Brasileiras". E o piano de Tomás não compete, faz as "camas" e sola na hora exata. Numa época em que se pensa tanto para adquirir um CD, é uma obra para não causar arrependimento.
>>> Flauta e Piano - Andrea Ernest Dias e Tomás Improta - Biscoito Fino
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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