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Quinta-feira, 20/7/2006
O Caminho de Los Angeles

Julio Daio Borges




Digestivo nº 288 >>> Tudo bem, John Fante é idolatrado por alguns dos piores escritores da Geração 90 no Brasil mas, mesmo assim, não merecia o que fizeram com ele agora no cinema. Salma Hayek, que só se salva em Frida, e Tom Cruise, produtor duvidoso depois da Cientologia, levaram a cabo uma adaptação de Pergunte ao Pó, que inclui elementos de Espere a Primavera, Bandini, livros de Fante. Não é preciso ler as obras do escritor que influenciou a literatura beat para saber que houve diluição. O Bandini, em tela grande, não passa de um joguete nas mãos de uma garçonete celerada (Hayek), que não sabe se se entrega a um gigolô tuberculoso ou se se afoga nua no mar. Parece que houve uma tentativa de emular a atmosfera sufocante, e alucinatória, de um quarto de hotel, como em Barton Fink, mas Hayek e Cruise não são os Irmãos Cohen. No longa todo, o personagem mais crível é um quadro (ou poster) que fala. Na realidade, uma foto de H.L. Mencken, então editor da mais prestigiosa publicação literária, que servia de inspiração ao protagonista, um escritor – precisa dizer? – falido. Depois de ler uma carta em que o escrevinhador narrava suas desventuras na Califórnia, Mencken, talvez por dó, decide publicar aqueles garranchos como se fossem um conto e envia o que será o único pagamento ao pretenso autor. “Bandini”, no filme o homem da máquina de escrever, ainda encontra uma bêbada suicida e termina a história, aparentemente, com alguma reputação (é o que dão a entender uma roupa mais nova e um livro de capa dura). É uma pena que esse Pergunte ao Pó tenha sido tão mal sucedido, pois Salma Hayek confirma que não devia ter saído dos faroestes latinos e Tom Cruise, que não devia se aventurar fora da rede de proteção de Hollywood.
>>> Pergunte ao Pó
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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