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Segunda-feira, 14/8/2006
Soundscapes

Julio Daio Borges




Digestivo nº 292 >>> Roberto D’Ugo Jr. era, até há pouco, um dos nomes por trás da qualidade da programação da rádio Cultura FM em São Paulo. Agora, para surpresa geral, fez uma aposta radical em outra direção: inaugurou um podcast. Música Discreta mal começou e já é um dos melhores no gênero – dada a qualidade técnica e o rigor que, às vezes, só tem paralelo no profissionalismo do rádio mesmo. Algo que não vale, por exemplo, para os blogs, onde os melhores, e maiores, nem sempre são de jornalistas estabelecidos (no papel). No caso de D’Ugo Jr., a bagagem pesou, e – porque não dizer? – o talento. Levando às últimas conseqüências, digamos assim, as experimentações de Guilherme Werneck, e de seu Discofonia, na fronteira entre a música e a não-música, Roberto D’Ugo Jr. e seu Música Discreta inovaram e casaram perfeitamente com o espírito vanguardista presente hoje na internet. Como o Miscelânea Vanguardiosa, de Ricardo Sá Reston, toca igualmente Hermeto Paschoal, em seus 70 anos – mas escolhe, para o estranhamento proposital do público, seu Som da Aura. Pega o Tom Waits mas não toma sua face mais palatável, a cinematográfica (em forma de canção) – prefere sua citação em loop, e a insistência quase “mântrica” de alguns compositores contemporâneos... Os programas de D’Ugo Jr. são breves, de modo que a experiência pode não ser comprometedora – apesar de ser sempre marcante. Com locução explicativa no começo, raramente no meio e, em alguns momentos, até sem nenhuma locução, o Música Discreta é a verdadeira educação do ouvido – no mesmo sentido em que se fala, volta e meia, da educação do olhar. Que Roberto D’Ugo Jr. permaneça nesse ritmo – seu risco é louvável, e a Grande Rede, na sua inteligência peculiar, saberá valorizá-lo.
>>> Música Discreta
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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