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Segunda-feira, 5/3/2007
Águas de Março

Julio Daio Borges




Digestivo nº 319 >>> Alguém ainda vai decifrar o segredo das corridas de rua, que teve um boom em São Paulo, no início da década dos 2000, mas que continua, em fluxo constante, ano a ano. De repente, quase todo mundo corria, celebrizavam-se os “grupos de corrida”, surgiu até uma revista, não havia mais “esteiras” livres, na academia, e, na USP, no sábado, tinha-se de desviar de gente como Cicarelli e Fernanda Young. E, nos circuitos: gordos, magros (esses sempre na frente), homens, mulheres (essas, muitas vezes, à frente também), velhos (muitos completando a prova), cachorros, cegos, deficientes, atletas, famílias inteiras, grupos (claro) e uma infinidade de marinheiros de primeira viagem. Multidões – com alguns milhares de pessoas cada –, para quem a corrida nunca fora um objetivo, subitamente tomavam de assalto provas de 5, 8, 10, 12... quilômetros. A maratona e a meia-maratona, antes apenas lembradas na virada do ano, com a São Silvestre, se tornavam, portanto, um objetivo palpável para quem, muitas vezes, não tivera o atletismo como hobby desde a escola. Ainda hoje – e aí está o mérito de quem começou esse movimento, literalmente – as corridas de rua reúnem platéias dignas de shows de rock (com direito, naturalmente, a muita animação, música, suor e adrenalina homemade). Descendendo da tão alardeada “geração saúde”, a “geração corrida” se embriaga com água mineral, tem alucinações, com a reta de chegada, “se acaba”, a cada quilômetro, e, no término, “enche a cara” de bananas, sanduíches “light”, barras de cereal e – sem nenhum merchandising aqui – copos de Gatorade. Aconteceu de novo, neste domingo, dia 4 de março, com a abertura do Circuito Corpore 2007 – numa corrida, desta vez, patrocinada pela Hydra, em prol da economia de água, com apoio dos arquitetos (e decoradores) paulistanos, e das válvulas que prometem dar tratamento diferenciado (em matéria de volume d’água) a sólidos e líquidos... A estimativa era de 10 mil pessoas, escolhendo entre 5 e 12 quilômetros, na USP. O sol abrasou os primeiros passos – mais de quatro pontos de distribuição de água, mais de quatro grupos musicais... quase não foram suficientes – para a festa dos fotógrafos... Em vez de discussões técnicas sobre os meios de transporte – e a violência urbana –, a mídia poderia aprender um pouco com a serenidade, e os avanços, dos corredores.
>>> Corrida Hydra pela Economia de Água
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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