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Quarta-feira, 29/8/2007
Levante, do Trio Carapiá

Julio Daio Borges




Digestivo nº 342 >>> A cultura caipira passa por uma espécie de sofisticada revitalização. O caipira, em si, antes era motivo de chacota. O sotaque caipira era sinal de provincianismo, de ignorância e de falta, aliás, de cultura. As abordagens do universo caipira, portanto, sempre se concentraram na caricatura, no reconhecimento rápido e na nostalgia que levava ao hermetismo. Quem se interessava pelas derivações da palavra "caipira", preferia ficar cultivando aquele mundinho sem futuro; já quem não gostava, fugia correndo dos maniqueísmos, da simples falta de gosto e da repetição exaustiva de padrões. Pois, na música, as coisas começaram a mudar com a chegada da gravadora Kuarup — que promoveu um resgate a sério, tratando como gênero o fenômeno do Brasil profundo, dando continuidade e não deixando a questão perdida no espaço. Nesse embalo, músicos e pesquisadores como Leandro Carvalho, mostraram como um autor como João Pacífico podia ser caipira e profundo. Seguindo essa linha, mas explorando as possibilidades do instrumental, apareceu, em disco, o Trio Carapiá. Da região de Campinas, João Paulo Amaral, Elias Kopcak e Rodrigo Nali formam, justamente, um trio de violas de dez cordas ou "caipiras". Levante, seu primeiro CD, é um prato cheio para quem quer explorar esses domínios mas, habitualmente, sente calafrios quando ouve as letras carregadas de erres e afins. O Trio não deixa de fora nomes consagrados como Rolando Boldrin ("Faca de Ponta") e Tião Carreiro ("Malandrinho"), mas arrisca com temas como "Mulher Rendeira" (Zé do Norte) e, sobretudo, com composições do próprio João Paulo Amaral (que são maioria). Levante é grande música popular e tem todos os atributos para elevar a outro nível a velha viola caipira.
>>> Trio Carapiá
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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