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Segunda-feira, 5/5/2008
Dez anos depois, de Renato Anesi

Julio Daio Borges




Digestivo nº 366 >>> Misturando clássicos da música nordestina — como o baião, o forró e até o xaxado — com a sofisticação de arranjos e execução do jazz, Renato Anesi juntou uma banda de amigos e gravou Dez anos depois. A riqueza de ritmos do Nordeste e Norte do Brasil às vezes passa despercebida porque comumente associada a uma embalagem regionalista, que assusta melômanos sofisticados. Apesar das acusações de americanismo do crítico José Ramos Tinhorão, não há como negar que, por exemplo, o samba ganhou interesse mundial depois que a bossa nova, sua herdeira mais sofisticada, fez a cabeça de ouvintes de jazz e até música erudita em todo o planeta. À sua maneira, e usando suas próprias composições, o violonista Renato Anesi retrabalha, além do forró ("Forró da Madrugada"), o xaxado ("Xaxado Solar") e o baião ("Baião do Poré"), gêneros híbridos, com algumas pitadas de samba, de chorinho e mesmo de frevo ("A Ginga do Mané", "Dez anos depois" e "Chorei na Cozinha em Juquehy", entre outras). Virtuose nas seis e nas demais cordas, Anesi foi exigente no acompanhamento e dividiu sua seção com Marquinho Mendonça, enquanto contou com o apoio do baixista Zeli e do baterista Adriano Busko (cuja percussão criativa remodelou as gravações). Thomas Howard, outro craque, apareceu para evocar Raphael Rabello — e ainda participaram Pedro Macedo (também no baixo) e Eduardo Contrera (também percussão). Dez anos depois, o disco, é agradável de se ouvir desde o início e acaba rápido, sem exageros e sem sobras. Embora Renato Anesi seja um hábil compositor, e seus colegas, músicos exímios, a densidade e a técnica não cansam. Trazendo um alívio para a época das novas cantoras em série, a música instrumental brasileira avança.
>>> Dez anos depois
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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