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Quarta-feira, 8/7/2009
Na Cabeça, de Marcos Sacramento

Julio Daio Borges




Digestivo nº 423 >>> Quando afirmou que 90% da música brasileira produzida hoje "é uma porcaria", Nelson Motta deve ter se esquecido de Marcos Sacramento. Ou, então, incluiu Marcos, estrategicamente, nos redentores 10%. Afinal, ninguém precisa ser nenhum Nelson Motta para saber que Marcos Sacramento é o maior intérprete de música brasileira no momento, e isso há muitos anos. Na contramão de acústicos, "ao vivos" e coletâneas do tipo "caça-níquel", não segue modas, não trabalha para o falido hit parade e manda periodicamente uma banana para as práticas de uma indústria fonográfica agonizante. Seus álbuns têm conceito, têm pesquisa e requerem inúmeras audições — o que gera, igualmente, um trabalho "extra" para o jornalismo (e para a "crítica") musical, quase na mesma medida, agonizante. Na Cabeça, por exemplo, surgiu de uma iniciativa de Marcos de, nas palavras de Julio Moura, "reunir três dos principais representantes da recente safra do violão brasileiro". A faixa-título conta com música de Luiz Flavio Alcofra, o primeiro nas 6 cordas, e letra do próprio Sacramento. Alcofra brilha, ainda, como compositor, em "Pavio", uma homenagem fluvial ao Rio. "Um samba", originalmente de Fossa Nova, ganha uma nova roupagem, graças às 6 cordas de Zé Paulo Becker (o segundo). O mesmo que assina o arranjo da irreverente "Dia santo também". Becker, ainda, recria "Morena", do primeiro álbum de Sacramento. Rogério Caetano, last but not least, fica com a responsabilidade de atualizar as clássicas "Último desejo" (Noel Rosa), "Sim" (Cartola) e "A Rosa" (Chico Buarque) — arrasando, com a ajuda do vozeirão de Marcos, nas 7 cordas. Na Cabeça, parafraseando Glauber Rocha, é mais que uma ideia, é uma realização. Ao ouvi-lo talvez até Nelson Motta mude de opinião (sobre a música brasileira que se produz hoje)...
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Editor
 

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