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Sexta-feira, 26/3/2010
Como os jornais vão sobreviver na era da internet?, por Hal Varian

Julio Daio Borges




Digestivo nº 459 >>> Enquanto os jornais estão contando com o iPad para "reinventar" a Web (tentando "cobrar" pelo mesmo conteúdo que hoje todo mundo tem de graça), Hal Varian, economista-chefe do Google, trouxe notícias não muito auspiciosas para a mídia impressa... A circulação dos jornais dos EUA, que vinha caindo desde 1990, desabou nos últimos 5 anos. Se o número de exemplares por domicílio era "maior que 1,2" nos anos 50, na última década foi "menor que 0,6". Embora a circulação em números absolutos não tenha caído, a população norte-americana cresceu e as receitas com anúncios estão, atualmente, no nível de... 1982. O número de jornais comprados por pessoa, nos EUA, é metade do que era na década de... 60. Hal Varian considera que a circulação seja um problema de médio/longo prazo, enquanto que a queda nas receitas é um problema de curtíssimo prazo. Muitos jornais praticamente não chegaram na era da internet, pois menos de 10% de suas receitas vêm do chamado "on-line". Já pelo lado das despesas, Varian acredita que "se os jornais abdicassem da impressão e da distribuição, cortariam seus custos, no mínimo, pela metade". Dentro do "bolo publicitário", a participação dos jornais, nos EUA, caiu de "mais de 36%" (em 1949) para "menos de 15%" (em 2009). Ainda que o PIB suba, e também a renda per capita, as receitas dos jornais, ultimamente, só decrescem... Para completar, a internet (42%) ultrapassou os jornais (33%) como "fonte de informação", nos EUA, desde 2008. E um dos problemas econômicos, daqui para frente, é que o modelo de "subsídios cruzados" (cross subsidization) não funciona mais... Os jornais, na realidade, nunca ganharam dinheiro com "notícias brutas" (hardnews), mas através de editorias especializadas. Ocorre que, na internet, as pessoas preferem acessar os sites especializados nessas áreas, e Varian dá o exemplo do Yahoo! Finance, da Amazon, do Orbitz (para Viagens) e do Zillow (para Imóveis). Mesmo o Google, o pai do AdSense, acha difícil "monetizar" notícias brutas (as únicas que sobraram para os jornais) — porque elas são, por princípio, uma commodity (sem valor agregado). O desespero da mídia impressa, portanto, é justificado: o que lhes dava dinheiro antes... não poderá mais ser monetizado... E no Brasil não é diferente (embora os jornalistas disfarcem)... No mês passado, o IVC divulgava as seguintes quedas, nos nossos periódicos (só no ano de 2009): O Dia (-31,7%), Diário de S. Paulo (-18,6%), Jornal da Tarde (-17,6%), Extra (-13,7%), O Estado de S. Paulo (-13,5%), Diário Gaúcho (-12%), O Globo (-8,6%), Folha de S. Paulo (-5%), Super Notícia (-4,5) e Estado de Minas (-2%)... Sobrou até para o Google fazer a "lição de casa" dos jornais (e para Hal Varian, a dos jornalistas)...
>>> Newspaper economics: online and offline (áudio | slides)
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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