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Terça-feira, 15/6/2010
Lost Season Finale

Julio Daio Borges




Digestivo nº 465 >>> E Lost acabou. Talvez já tivesse acabado em alguma temporada anterior, quando a sobreposição de camadas de "realidade" tornou o final simplesmente impraticável. Primeira metade do avião; outra metade do avião (2ª); outra metade da ilha (3ª); saída da ilha (a ilha dentro de nós) (4ª); a ilha no tempo, retorno à ilha (5ª); morte da ilha, morte do elenco, morte do seriado. "Se a morte é o fim, então, para acabar, temos de matar", devem ter pensado, e "mataram". A solução deus ex machina foi simplista, para uma série em que se havia investido tanto... Segundo Nietzsche, o sonho é o grande culpado pela nossa irracionalidade. Se no sonho foi "possível", inconscientemente passamos a acreditar que é possível também em vigília. Freud assimilou a mensagem, e criou a psicanálise (ainda que finja não ter lido Nietzsche direito). Ao matar todos os personagens, ou simplesmente revelar que estavam todos mortos, os criadores de Lost apelaram para o vale-tudo do sonho. Daí o final alternativo, em que tudo não passava de... um sonho de cachorro... De certo modo, Lost sempre se alimentou das reticências. E, nesse fator "wiki", residiu, desde o começo, boa parte de seu sucesso. Onde fãs, no sonho que é a internet, podiam construir hipóteses, teorias, soluções para Lost. Talvez por isso J.J. Abrams, um dos criadores da série, quando foi editar a Wired, só tenha falado em mistério, mistério, mistério... Eram as mesmas reticências. Quando teve de preenchê-las, J.J. Abrams mostrou que não estava preparado. Afinal, nas temporadas anteriores, nunca fora necessário... Sempre havia mais uma temporada, para preencher as lacunas. E mais uma. E mais uma... Até que acabou. Como tudo acaba. E J.J. Abrams acabou junto... ;-)
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Editor
 

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