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Quinta-feira, 26/8/2010
WikiLeaks, uma arma contra o abuso de poder

Julio Daio Borges




Digestivo nº 469 >>> Uma tradução para "leak" (inglês) é vazamento, aqui no sentido de "vazamento de informação". E "wiki" vem da Wikipedia, a enciclopédia livre, on-line — gostem dela ou não, a maior do mundo. O WikiLeaks começou em 2007, mas tem ganhado o noticiário neste ano. Seu objetivo é garantir a livre circulação de informação. Mas a internet já não faz isso? O WikiLeaks quer ser, justamente, um território neutro, não-censurado, mesmo para governos como o chinês, que tem poder até sobre o Google. Um outro objetivo do WikiLeaks é divulgar informação sensível, que, normalmente, não circularia e que, supostamente, protegeria interesses de governos e até de corporações. A grande inspiração, nesse caso, talvez seja o escândalo de Watergate — que derrubou um presidente dos Estados Unidos e que aconteceu sem o WikiLeaks, obviamente, mas que pode acontecer, agora, menos trabalhosamente, contando com um espaço não-governamental e não-comercial, para armazenamento de informações. Logo, mais um objetivo do WikiLeaks é proteger a "fonte", garantindo seu anonimato e sua segurança. O principal alvo do WikiLeaks são as ditaduras e tiranias que persistem no mundo. No seu "About", há o exemplo de uma ação do WikiLeaks no Quênia, que reverteu o resultado de uma eleição, descontinuando um governo corrupto. Um segundo alvo do WikiLeaks são as grandes corporações, que, financeiramente, podem ser maiores que governos como os da Bélgica, da Dinamarca ou da Nova Zelândia, mas que nem sempre garantem princípios básicos de cidadania. Em grandes empresas, muitas vezes não há liberdade de expressão (alguém se lembra do "abriliano" que criticou a Veja?), falta transparência e grandes decisões não são discutidas, são impostas (entre outras coisas). O WikiLeaks acredita que pode contar com as "consciências" das pessoas que trabalham nesses lugares — e que, notando algum comportamento desviante ou nocivo, podem servir de "fontes", a fim de que todos os interessados sejam informados, através do WikiLeaks, e que a justiça seja feita, afinal. Conforme resume seu "About": "A 'governança aberta' é a maneira mais eficiente de garantir a boa governança". Com tanta injustiça sendo cometida no mundo, com tanto abuso de poder, em governos e empresas, como o WikiLeaks vai checar seu enorme fluxo de informação? Sua resposta: o WikiLeaks tem editores responsáveis, pode recorrer a especialistas externos, mas, sobretudo, confia que a própria comunidade, em torno do site, ajudará a avaliar a qualidade do material postado. O Wikileaks assume, inclusive, que soa um pouco ingênuo querer "combater o mal" dessa forma, mas observa que as grandes realizações humanas, antes impossíveis, só aconteceram com uma boa dose de ingenuidade ;-)
>>> Apresentação do WikiLeaks em português
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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