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Quarta-feira, 27/10/2010
A venda do TechCrunch para a AOL

Julio Daio Borges




Digestivo nº 472 >>> O TechCrunch, blog de tecnologia de Michael Arrington, um ex-advogado californiano, surgiu praticamente junto com a Web 2.0, e foi símbolo dela durante algum tempo. Arrington ganhou fama "resenhando" startups de maneira isenta, a ponto de influenciar nas decisões de grandes investidores (houve até o caso de uma brasileira, a boo-box, que, depois de sair no TechCrunch, recebeu aporte financeiro). Além de ser estratégico para a indústria que "cobria", o TechCrunch conferiu novo status ao formato "blog", ao se tornar "fonte de informação" e ser citado, na mídia mainstream, como se fosse uma verdadeira agência de notícias. (No auge de sua campanha contra blogueiros brasileiros, o Estadão reproduzia notícias do TechCrunch — como se ele fosse a Reuters ou a Associated Press...) Michael Arrington, portanto, foi um dos formadores de opinião mais admirados da internet — pois, originalmente, não era da área, mas, pela qualidade de seu julgamento, foi chamado até por Bill Gates, para aconselhar sobre os rumos da Microsoft. A ascensão meteórica, contudo, cobrou seu preço. Arrington teve crises de esgotamento logo nos primeiros anos do TechCrunch e começou a terceirizar o trabalho, explorando comercialmente as possibilidades da marca, até em eventos (inicialmente com a ajuda de Jason Calacanis, que via nele um sucessor de seu Silicon Alley Reporter). O TechCrunch perdeu em exatidão, diluindo-se em muitos colaboradores e seções e formatos — no ímpeto de crescer como as startups de suas resenhas... E o caso mais emblemático, para o Brasil, foi o de Sarah Lacy, que ofendeu o País, com sua ignorância (nas páginas do TechCrunch) — levando Arrington a defendê-la, atabalhoadamente, via Twitter. A essa altura, Arrington já tinha recebido ameaças de morte — donos de startups podem ser tão ressentidos quanto burocratas da Petrobrás — e corria, à boca pequena, que o TechCrunch estava à venda. Mesmo assim, a TechCrunch Disrupt (ex-TechCrunch50) teve um de seus melhores anos — a ponto de Arrington oficializar a separação de Jason Calacanis. A venda para a AOL poderia ser adivinhada pelos elogios, subliminares, aos 25 anos da empresa, e pela entrevista, consagradora, de Steve Case (sobrevivente da fusão mais desastrada da época da bolha, com a Time Warner). A venda do TechCrunch segue, enfim, uma tendência: a de grandes blogs serem incorporados a portais de antigos veículos de comunicação. E a chamada blogosfera recebeu a notícia com um misto de preocupação e admiração. "Preocupação" porque o TechCrunch, dentro da AOL, perde parte da independência que tanto o consagrou. E "admiração" porque poucas pessoas trabalharam, como Michael Arrington, pela consolidação dos blogs — merecendo toda a recompensa que obtém agora.
>>> Tim Armstrong: We Got TechCrunch!
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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