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Quarta-feira, 6/3/2013
Anthrax com Andreas Kisser, do Sepultura, no show dos Big 4

Julio Daio Borges




Digestivo nº 489 >>> Em 1990 e poucos, Andreas Kisser tinha um cachorro que se chamava... Anthrax. A "cena" era quase inexistente no Brasil. Todo mundo se encontrava no Projeto SP, para o show do fim de semana. Podia ser Korzus, podia ser Viper, podia ser a apresentação da banda do balconista da Woodstock Discos ― que reclamava (depois de dedilhar "And Justice for All..."): "Vocês precisam valorizar a música nacional!". E lá estava Max Cavalera, e um cordão de puxa-sacos que não deixava ninguém se aproximar. Max pedia uma bebida no bar e ficava ensaiando meia hora para tomar. Babava, literalmente, na gravata. Os puxa-sacos exultavam. E lá estava a namorada do Andreas, da época. "Estamos brigados", anunciava. E, enquanto a reconciliação não tinha lugar, revelava as intimidades do guitarrista da banda mineira que conquistava o mundo. (Isso tudo antes de Paulo Coelho worldwide.) Hoje o Sepultura... ainda existe? Parece que a Conspiração, dos Cavalera, sim. Pelo menos tem muita coisa deles no YouTube. Mas eis que, perdido num escaninho da memória infinita do Google, surge um show do Anthrax, na turnê dos Big 4... com quem mesmo? Andreas Kisser! O próprio. Não deve ter contado do antigo cachorro... Deve ter ficado com vergonha. "Pô, Andreas, mas um cachorro?" Tudo bem que o Anthrax não é mais a mesma coisa. Anthrax com quem mesmo? Joey, o ressuscitado, Belladonna nos vocais. Andreas no lugar honroso de Scott Ian (junto com Charlie Benante e Frank Bello, os únicos remanescentes de todas as encarnações). E, como guitarrista solo, Rob Caggiano, um metido a besta, que, provavelmente, se sentia ameaçado pela presença do brasileiro. O repertório, graças a Deus, não era de muita invenção. "Caught in a Mosh", abrindo. Seguida por "Madhouse", quando Andreas é apresentado à plateia. Kisser, aliás, mostra que ensaiou direitinho, puxando "Antisocial". Vale recordar que Andreas, além de tocar com uma miríade de músicos no Brasil (desde Sandy & Junior até Ed Motta), teve o seu "momento", ensaiando a substituição de James Hetfield, quando o Metallica estava... no auge da popularidade. Sim, durante a turnê do Black Album. "Nice kid", comentava Lars Ulrich, com uma dose de paternalismo, na MTV. E, no Brasil, Andreas confessava que nem queriam saber se ele conhecia as cifras ou não. Alguém disparava "1, 2, 3, 4" ― e Andreas tinha de imediatamente acompanhar, sem errar. O Metallica tomava como pressuposto que todas as bandas de metal do universo já tinha sido covers do Metallica, e conheciam todas as bases e todos os solos. Isso foi antes da explosão de ego durante a "condenação" do Napster. E o Metallica afundou, como todos têm de afundar... Mas voltando ao Anthrax de 2011: depois de "Indians", Andreas atacou, inclusive, de "música nova" (do Anthrax): a desinteressante "Fight 'Em 'Til You Can't". Surpresa com Belladonna entoando "Only", sucesso, justamente, de seu sucessor, John Bush. (Seria, mais ou menos, como Ozzy entoando "Heaven and Hell".) Interessante, anyway. Talvez porque seja, tout simplement, uma grande canção. E Rob Caggiano não deixou Andreas Kisser solar uma vez sequer. Andreas, contudo, teve a sua vingança. Acompanhado de Benante e Bello ― a "cozinha" do Anthrax ―, arriscaram uma versão de "Refuse/Resist" (só a introdução). Benante prestando um belo tributo a Iggor Cavalera (agora com dois "g"?). Andreas, pelo seu lado, desafinando. O único que não poderia errar... Preferimos acreditar que foi "emoção". Gran finale com "I Am The Law"... Os irmãos Cavalera, na última reunião, deram para falar mal de Andreas. Max (desdentado): "Andreas Kisser não é o Sepultura". Ao mesmo tempo, no meio da entrevista, falavam na ideia de reunir todos os membros da banda num show único. A exemplo do Scorpions... (Com ou sem Paulo Coelho nos vocais?)
>>> Anthrax com Andreas Kisser
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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