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Quarta-feira, 23/5/2001
Onda desaba, alva grinalda, bordado a beira-mar

Julio Daio Borges




Digestivo nº 33 >>> Ginga permaneceu como o único compositor popular a flertar, apropriadamente, com o erudito. Como músico, é talvez o derradeiro representante da linhagem que começou com Heitor Villa-lobos e que se encerrou com Antonio Carlos Jobim. Seus discos, de intenções sérias e de construções estudadas, chegam como lembranças de um país perdido, como saudades de um tempo que não volta, como realizações que não cabem nesta época de agora. Seu mais recente CD, Cine Baronesa, conta com as participações de Chico Buarque, Sérgio Cabral, Nei Lopes, Fátima Guedes e Quarterto Maogani, mas nem por isso vai vender milhões de cópias. Guinga não faz concessões, e quer apenas os ouvintes que estejam à altura de seu violão, das letras de Aldir Blanc, dos arranjos de Gilson Peranzzeta. Suas harmonias são densas, seu tom, esperançoso e melancólico, sua voz, rouca e dilacerante. Todavia, como grande artista que se espraia nos domínios mais variados, sabe cultivar a beleza e a alegria: seja em "Vô Alfredo" (uma marcha com ar circense); seja em "No Fundo do Rio" (uma ode à Cidade Maravilhosa de hoje); seja em "Geraldo no Leme" (um baião contagiante); seja em "Fox e Trote" (um jazz de desencontros amorosos). Que Guinga tenha ficado esquecido por dez anos, é mais um crime perpetrado pelos caciques e pela máfia da MPB.
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Editor
 

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