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Quarta-feira, 27/6/2001
Atuar como guias e engenheiros conceituais

Julio Daio Borges




Digestivo nº 38 >>> O Carlton Arts aterrissou e abriu suas portas em São Paulo, mais precisamente no Moinho da Mooca. Com a pretensão de explorar e sacudir as faculdades sensoriais dos visitantes, a mostra foi anunciada com estardalhaço, mas repercutiu timidamente (só entre antenados), num início de semana junino. Em tempos com estes, em que projetos e iniciativas culturais minguam pela falta de audiência e, mormente, pela falta de capital, espanta que um complexo de tal porte tenha sido erguido, povoado por artistas e por curadores badalados, tendo como único e exclusivo patrocinador uma marca de cigarros. Especulações à parte, a intenção do Carlton Arts é sinalizar para o que o folheto chama de "uma intensa troca de paradigmas". Tirando as salas dos realizadores premiados pelo evento (as mais discutíveis), deve-se citar a controvertida exposição de David Cronenberg e a inusitada vitrine-viva da marca Imitation of Christ. Cronenberg continua causando engulhos, entre principiantes e aficcionados: enquanto telas transparentes reproduzem cenas de seus filmes, os espectadores podem apreciar seus instrumentos de tortura ou seus monstros em miniatura. Já a Imitation of Christ aposta na androginia e na anorexia de seus modelos (ambos os conceitos hoje em alta). Um tom de vermelho, permanente, e uma fauna de homens e mulheres-evento compõe o que resta do quadro. O Carlton Arts, certamente, quer ter um pé no futuro, mas se esqueceu de perguntar se as platéias tupiniquins têm olhos para ele.
>>> http://www.carltonarts.com.br
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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