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Quarta-feira, 27/6/2001
Estou te mostrando a porta, pra você sair, sem eu te bater

Julio Daio Borges




Digestivo nº 38 >>> Rodrigo Santoro está se consagrando com Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodansky. De fato, ele fez por merecer: interpreta um adolescente problema que, julgado e condenado energicamente pelo pai, acaba internado e enlouquecido num hospício. Tudo por causa de um "baseado" e de um comportamento esquivo, típico da idade. Othon Bastos também não deixa por menos: está impiedosamente intolerante e autoritário, no papel de chefe de família. O longa é quase um manifesto contra os maus tratos dentro de um hospital psiquiátrico. Cumpre a sua função e, para uma produção brasileira, consegue ser ineditamente nu e cru, sem cair no samba e sem acabar em pizza. Uma certa vocação mambembe, do cinema nacional, nunca permitiu que se tratasse de temas sérios com a devida seriedade, sem descambar para a malícia ou para a farra. Bicho de Sete Cabeças é tão convincente nesse aspecto que, transtornado, o espectador sai cambaleante, ouvindo vozes e inventando paranóias, enquanto os sentidos vão se reorganizando lentamente. Não é, portanto, recomendado para aqueles que vivem distúrbios ou, simplesmente, não têm estômago para uma seção de eletrochoque. Arnaldo Antunes revela uma tremenda capacidade de cantar para os loucos, ou como eles. E André Abujamra completa a trilha com toques de vanguarda eletrônica, bem ao gosto das produções violentas e incisivas do atual cinema. Não chega a ser Hollywood, e nem é para ser. Mas pode, e deve, rodar o mundo.
>>> http://www.bichodesetecabecas.com.br/
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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