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Quarta-feira, 4/7/2001
E Deus por todos

Julio Daio Borges




Digestivo nº 39 >>> A Carta Capital, de 4 de julho, estampa, em suas páginas, a recente tese européia de que não adianta mais proibir o consumo de drogas. Ao que parece, ninguém segura um négocio de 400 bilhões de dólares, quase 10% do comércio global, perdendo apenas para a venda de armas e para o petróleo. Autoridades e estudiosos afirmam que essa guerra já foi perdida há muito tempo. Mas, considerando-se as cifras envolvidas: será que, algum dia, houve real interesse em erradicar os vícios, e em reabilitar os viciados? O individualismo, cada dia mais em voga, no Velho Continente, vem sempre com aquela teoria de que cada um é responsável por seus atos e palavras. Em geral, lava-se as mãos, como Pôncio Pilatos. As cidades, no planeta inteiro, vivem um clima de "salve-se quem puder", de modo que o termo "solidariedade" não passa de um verbete, há décadas, aposentado do vocabulário. Acontece que o drama dos dependentes (químicos ou psíquicos) é um drama que simplesmente não se encerra numa pessoa só, pelo contrário, ele se espalha em forma de teia, vitimando emocionalmente todos os que estão à volta (e que minimamente se importam). Quem conviveu com isso sabe. Conseqüentemente, é preciso ser bastante leviano para supor que, quando o tema é drogas, "cada um sabe se virar", "cada um sabe do seu nariz", "cada um sabe até onde pode chegar". Sabe nada. Sabe uma ova. Enquanto não houver o comprometimento (e o propósito), da maioria, em extirpar esse flagelo social, não se pode transferir, o fardo da responsabilidade, justamente para as costas daqueles que sofrem do mal. Eles, mais do que ninguém, não o sabem o que fazem.
>>> Carta Capital
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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